17.04.2013 Views

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

R.B.S.H. 9(1):1998<br />

companheirismo com a esposa, e o sexo-prazer, vivenciado com prostitutas<br />

refinadas (as heteras) ou com prostitutas <strong>de</strong> bordéis.<br />

Essa dicotomia ainda persiste na cabeça <strong>de</strong> muitos homens, que<br />

ainda se acham presos a um estágio primitivo <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento psicofísico,<br />

alienante e irresponsável, e <strong>em</strong> que a valorização do outro e <strong>de</strong> si<br />

mesmo, como um ser psicossomático, único e indivisível, seja substituído<br />

pela superficialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos fáceis e imediatistas.<br />

E a Grécia, com seu domínio cultural, influenciou Roma e o Cristianismo<br />

nascente, <strong>de</strong>ixando como herança a idéia da existência <strong>de</strong> um<br />

amor-sexual (inferior) e <strong>de</strong> um amor-espiritual (superior), ainda hoje cultuados<br />

por crenças moralistas conservadoras.<br />

Admitir essa dicotomia é olhar o ser humano <strong>de</strong> uma forma fragmentada<br />

e canhestra, na qual funções do corpo são consi<strong>de</strong>radas indignas<br />

e animalescas, enquanto que tudo que é nobre v<strong>em</strong> da alma. E é baseados<br />

nessa dualida<strong>de</strong> cartesiana que consi<strong>de</strong>ram a sexualida<strong>de</strong> como algo sujo e<br />

indigno.<br />

Isso <strong>de</strong> fato nos parece um paradoxo. Como um amor inferior po<strong>de</strong><br />

gerar um amor superior? Porque s<strong>em</strong> sexo não há indivíduo e s<strong>em</strong> indivíduo<br />

não haverá o amor humano espiritual.<br />

Não resta dúvida que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa ótica há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ver<br />

o sexo como sujeira e até como transgressão, evitando-o s<strong>em</strong>pre que for<br />

possível.<br />

No outro extr<strong>em</strong>o, situam-se os cartesianos não-moralistas que<br />

enten<strong>de</strong>m o sexo e a sexualida<strong>de</strong> como fonte única e absoluta <strong>de</strong> prazer,<br />

puramente reflexa, num “aqui e agora”, exigente e fugaz.<br />

Nesse caso, buscam compulsivamente estímulos novos, posições<br />

extravagantes, afrodisíacos e outras parafernálias que garantam o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

fisiológico pleno.<br />

O que po<strong>de</strong>mos dizer é que, <strong>em</strong>bora com enfoques diferentes, os<br />

dois se completam e, aliando-se ao Filos, tornam-se globalizantes e humanizam<br />

o Amor.<br />

É interessante observar que do ponto <strong>de</strong> vista moral essas duas concepções,<br />

aparent<strong>em</strong>ente opostas, prevalec<strong>em</strong> através dos t<strong>em</strong>pos. Ora,<br />

indulgente e tolerante, ora repressiva e tirânica, usando o pecado e vergonha<br />

como forma <strong>de</strong> controle.<br />

Um fato, porém, é verda<strong>de</strong>iro e t<strong>em</strong> atravessado os séculos. A tirania<br />

e a repressão têm vitimado muito mais as mulheres, enquanto a indulgência<br />

e a tolerância acobertam os homens.<br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!