Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana
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46<br />
Um contexto sociocultural<br />
R.B.S.H. 9(1):1998<br />
A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> da população brasileira t<strong>em</strong> se elevado significativamente<br />
nas duas últimas décadas. O país com população consi<strong>de</strong>rada<br />
jov<strong>em</strong>, anteriormente, iniciou um processo <strong>de</strong> envelhecimento, prevalecendo<br />
hoje cidadãos com ida<strong>de</strong> entre 20 a 59 anos. A paulatina redução da<br />
taxa <strong>de</strong> fecundida<strong>de</strong> e a elevação da esperança <strong>de</strong> vida nos obrigam a atentarmos<br />
para os probl<strong>em</strong>as característicos <strong>de</strong>sse grupo, no que diz respeito<br />
ao comportamento sexual.<br />
Atualmente apenas 10% da população t<strong>em</strong> acesso ao ensino <strong>de</strong><br />
2º grau e 4,4% ao curso superior. Dos 85,6% restantes, muitos não<br />
ultrapassam o 1º ano e a maioria não conclui a 8ª série do 1º Grau<br />
(IBGE, 1994).<br />
Para uma população <strong>de</strong> baixo nível cultural e cada vez mais envelhecida,<br />
resta uma ativida<strong>de</strong> profissional <strong>de</strong> elevado <strong>de</strong>sgaste físico e mental,<br />
constituindo-se a maioria <strong>em</strong> operários. As famílias <strong>de</strong>sses indivíduos<br />
aglomeram-se <strong>em</strong> bairros com precárias condições <strong>de</strong> higiene, num ambiente<br />
<strong>em</strong> que a aprendizag<strong>em</strong> relacional é mal estruturada gerando pessoas<br />
<strong>de</strong>sinformadas.<br />
O precário acesso aos benefícios produzidos pelos avanços<br />
científicos <strong>de</strong>sestimula a busca <strong>de</strong> um saber atualizado, favorecendo a<br />
diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> idéias retrógradas e estereotipadas. O saber que mais se<br />
aproxima <strong>de</strong> seu mundo <strong>de</strong> indagação é o saber religioso. Este <strong>de</strong> alguma<br />
forma “respon<strong>de</strong>” a seus munieros questionamentos e se encontra ao<br />
alcance <strong>de</strong> suas possibilida<strong>de</strong>s. Assim aos cidadãos parece mais viável<br />
seguir obstinadamente os valores e doutrinas difundidas pelas<br />
Instituições Religiosas.<br />
Como maior cliente <strong>em</strong> potencial no Brasil, <strong>em</strong> análise e psicoterapia,<br />
t<strong>em</strong>os indivíduos resultantes <strong>de</strong>: baixa escolarida<strong>de</strong>, reduzido acesso<br />
às informações científicas, carência <strong>de</strong> satisfação das necessida<strong>de</strong>s básicas,<br />
<strong>de</strong>spreparo das famílias na educação <strong>de</strong> seus m<strong>em</strong>bros e forte apego aos<br />
dogmas religiosos. Tudo isso nos leva a concluir que a saída que resta para<br />
os indivíduos é <strong>de</strong>positar as esperanças <strong>de</strong> um futuro melhor no misticismo<br />
religioso. Dessa forma, o indivíduo se submete às repressões sociais, valorizando<br />
o atendimento às normas mais que à satisfação <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>sejos. É<br />
nesse fenômeno que nossa estrutura social se assenta. Freud (1908, p. 192)<br />
ao falar da Moral Sexual Civilizada e Doença Nervosa Mo<strong>de</strong>rna afirma<br />
que “Nossa Civilização repousa... sobre a supressão dos instintos. Cada<br />
indivíduo renuncia a uma parte dos seus atributos.: uma parcela do seu