17.04.2013 Views

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

120<br />

R.B.S.H. 9(1):1998<br />

“S<strong>em</strong> documento nenhum, você vai é carregando essa moça” ...<br />

/...estava <strong>de</strong>ntro da mala... /..título <strong>de</strong> eleitor, véu, capela, tudo <strong>de</strong>ntro<br />

da mala. Mas Jo ficou lá..., vi<strong>em</strong>os andando... /... aí ficamos. Eu pensei:<br />

“Agora sim, on<strong>de</strong> é que eu vou dormir hoje? “ Ele disse.- “Só vai<br />

quando chegar os documento“. Quando chegou, mostrei todos os documentos.<br />

Ele pediu <strong>de</strong>sculpas, mas finado A. disse: “Tá <strong>de</strong>sculpado,<br />

mas outra <strong>de</strong>ssa, Deus me livre! “ Fomos <strong>em</strong>bora, dormimos numa<br />

fazenda, já escurecendo, às 7 horas da noite... /... Fomos b<strong>em</strong> recebidos...<br />

/...Eu dormi noutro quarto...<br />

À s<strong>em</strong>elhança da atitu<strong>de</strong> do padre, <strong>de</strong>u-se a do <strong>de</strong>legado. O uso e<br />

abuso do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> repressão do Estado ficou evi<strong>de</strong>nciado na atitu<strong>de</strong> daquele<br />

que estava imbuído <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r que lhe foi outorgado. As exigências<br />

para com a documentação da noiva, antes <strong>de</strong> ser uma questão normativa,<br />

assumiram o caráter repressivo. A mulher foi s<strong>em</strong>pre alvo <strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong>,<br />

como aponta CHAUÍ (1991).<br />

A preocupação com os valores esteve s<strong>em</strong>pre presente. Ao enfatizar<br />

que dormia <strong>em</strong> outro quarto, <strong>de</strong>nota o quanto a informante contribuía com<br />

a permanência <strong>de</strong>sse el<strong>em</strong>ento cultural. Assim, é que esta nos r<strong>em</strong>ete a<br />

<strong>de</strong>screver a outra categoria t<strong>em</strong>ática, <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> iniciação sexual.<br />

• A iniciação sexual<br />

...Quando cheguei no sertão, ainda dormi duas noites na casa <strong>de</strong> meu<br />

sogro. Então, ele com pressa dizia: “Vamos <strong>em</strong>bora para casa!” Mas<br />

eu n<strong>em</strong> estava... Minha sogra foi levar.. Ele foi para Nova Palmeira,<br />

para comprar... /...tudo. Já estava tudo comprado, tudo pronto, só faltava<br />

eu!... /...Nesse t<strong>em</strong>po, as moças não sabiam <strong>de</strong> nada não! Hoje <strong>em</strong><br />

dia, não precisa n<strong>em</strong> casar, já sab<strong>em</strong> <strong>de</strong> tudo! Eu era inocente na<br />

história...<br />

A imposição <strong>de</strong> normas e valores aos m<strong>em</strong>bros <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ocorre <strong>de</strong> maneira explícita. Entre elas se encontram aquelas<br />

vinculadas à sexualida<strong>de</strong>. Há relatos <strong>de</strong> que <strong>em</strong> torno do século XVII,<br />

“com a ascensão das burguesias, ocorreram movimentos <strong>de</strong> valorização da<br />

cultura”, passando a prática do sexo a ser compreendida “como uma ativida<strong>de</strong><br />

pecaminosa e não merecedora da aceitação divina e social”, como<br />

<strong>de</strong>screve VITIELLO (1994). Vislumbrando por essa ótica é que as gerações<br />

seguintes passaram mais fort<strong>em</strong>ente a ser controladas no exercício da<br />

sexualida<strong>de</strong>. Entretanto, surgiram, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> FREUD (s. d.) e mais<br />

tar<strong>de</strong> com os movimentos f<strong>em</strong>inistas, marcos no conhecimento que contribuíram<br />

para a exteriorização da discussão sobre essa t<strong>em</strong>ática, <strong>de</strong><br />

maneira menos carregada da idéia <strong>de</strong> pecado. Ainda assim continuaram as<br />

repressões aos jogos sexuais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância até a terceira ida<strong>de</strong>. No

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!