17.04.2013 Views

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

Untitled - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

66<br />

R.B.S.H. 9(1):1998<br />

Outras cantigas estabelec<strong>em</strong> a proprieda<strong>de</strong> ou posse da mulher por<br />

um hom<strong>em</strong> no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua vida: o pai, o irmão e, enfim, aquele que vai<br />

ser o seu senhor na adultida<strong>de</strong>:<br />

“Teresinha <strong>de</strong> Jesus “Menina, <strong>de</strong> saia branca,<br />

<strong>de</strong> uma queda foi ao chão lencinho da mesma cor,<br />

acudiram três cavaleiros, menina, dize a teu pai<br />

todos <strong>de</strong> chapéu na mão. que eu quero o teu amor.<br />

O primeira foi seu pai. Menina, teu pai é Pobre<br />

O segundo, seu irmão. tua mãe não t<strong>em</strong> o que dar;<br />

O terceiro foi aquele menina, casa comigo<br />

Que Teresa <strong>de</strong>u a mão” que te dou teu enxová”.<br />

Há cantigas <strong>de</strong> roda que retratam situações <strong>de</strong> submissão da mulher:<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma briga, a “mulher” n<strong>em</strong> se queixa, e, pelo contrário, se refaz<br />

e perdoa o adversário, chegando até a ir procurá-lo quando sabe que o<br />

mesmo ficou doente. Diante da visita, o amado “<strong>de</strong>smaia” (qu<strong>em</strong> sabe, um<br />

<strong>de</strong>smaio simulado) e a mulher cai <strong>em</strong> prantos, provavelmente por se sentir<br />

culpada diante da situação!<br />

“O cravo brigou com a rosa<br />

<strong>de</strong>baixo da uma sacada,<br />

o cravo saiu ferido<br />

e a rosa <strong>de</strong>spedaçada.<br />

O cravo ficou doente,<br />

a rosa foi visitar,<br />

o cravo <strong>de</strong>u um <strong>de</strong>smaio<br />

e a rosa pôs-se a chorar”.<br />

Os meninos também são bombar<strong>de</strong>ados com mandatos que moldam<br />

a sua masculinida<strong>de</strong>. Além dos que aparec<strong>em</strong> acompanhados dos que se<br />

refer<strong>em</strong> à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> f<strong>em</strong>inina, l<strong>em</strong>bramos da marchinha b<strong>em</strong> conhecida:<br />

“Marcha, soldado,<br />

cabeça <strong>de</strong> Papel,<br />

se não marchar direito<br />

vai preso pro quartel”.<br />

Voltando às brinca<strong>de</strong>iras, Leite e Esteves (1995) l<strong>em</strong>bram algumas<br />

vividas, particularmente pelos meninos, carregadas <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong> e<br />

estimuladoras <strong>de</strong> força, <strong>de</strong> sagacida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> esperteza (qualida<strong>de</strong>s esperadas<br />

da condição masculina):

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!