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STF na Mídia - Para a pasta superior

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ESTADO DE MINAS / MG - POLÍTICA - pág.: 03. Qua, 21 de Novembro de 2012<br />

Conde<strong>na</strong>do e ainda solto<br />

Ex-deputado Tatico, sentenciado há dois anos pelo<br />

<strong>STF</strong>, usa embargos e outras manobras jurídicas para<br />

ficar livre. Será que o mesmo vai acontecer com os<br />

deputados do mensalão?<br />

Leo<strong>na</strong>rdo Augusto<br />

O processo judicial contra um ex-deputado federal<br />

pode deixar animados os três parlamentares réus no<br />

processo do mensalão e desapontado quem espera<br />

ver rapidamente atrás das grades os envolvidos no<br />

esquema de compra de votos. Eleito para dois<br />

mandatos <strong>na</strong> Câmara dos Deputados, em 2003 pelo<br />

Distrito Federal e em 2007 por Goiás, o empresário<br />

José Fuscaldi Cesílio, conhecido como Tatico, mesmo<br />

quase dois anos depois da publicação do acórdão de<br />

sua conde<strong>na</strong>ção de sete anos de cadeia pelo<br />

Supremo Tribu<strong>na</strong>l Federal (<strong>STF</strong>), permanece livre<br />

graças, principalmente, a instrumentos jurídicos e ao<br />

ritmo de funcio<strong>na</strong>mento da Corte, que atrasam a ida<br />

do ex-parlamentar para a cadeia. A maior parte do<br />

processo correu enquanto José Fuscaldi era deputado<br />

federal.<br />

Os três parlamentares envolvidos no mensalão, e<br />

possíveis próximos beneficiados pelo sistema jurídico<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, são os deputados federais Pedro Henry (PP-<br />

MT), Valdemar da Costa Neto (PR-SP) e João Paulo<br />

Cunha (PT-SP). Tatico, ex-parlamentar, eleito para os<br />

dois mandatos pelo PTB, foi conde<strong>na</strong>do por<br />

apropriação indébita e sonegação de impostos que<br />

totalizaram R$ 878 mil. Segundo ação movida pelo<br />

Ministério Público Federal (MPF), o ex-deputado não<br />

repassou ao governo federal contribuições<br />

previdenciárias de empregados das empresas do setor<br />

de curtume que mantinha em Goiás. A sonegação<br />

ocorreu entre janeiro de 1995 e agosto de 2002.<br />

O acórdão determi<strong>na</strong>ndo a prisão de Tatico foi<br />

publicado em 3 de dezembro de 2010, mais de dois<br />

meses depois de a sentença ser proferida pelo <strong>STF</strong>,<br />

em 27 de setembro. A defesa argumentava que o exparlamentar<br />

não administrava as empresas. A função<br />

seria exercida pelo filho dele, Edmilson José Cesílio. O<br />

MPF, no entanto, não acatou a argumentação e<br />

insistiu <strong>na</strong> aplicação da pe<strong>na</strong> de Tatico, que se<br />

transformou no primeiro deputado em exercício do<br />

mandato a ser conde<strong>na</strong>do à prisão desde a<br />

promulgação da Constituição de 1988.<br />

As tentativas de evitar a prisão de Tatico tiveram início<br />

imediatamente após a publicação da sentença contra<br />

o ex-deputado. Em 1º de outubro, a defesa entrou com<br />

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL<br />

pedido de extinção da pe<strong>na</strong>, que seria cumprida em<br />

regime semiaberto, alegando que o réu havia<br />

completado 70 anos, o que lhe daria o direito de ser<br />

poupado da punição, conforme o Código Pe<strong>na</strong>l. Tatico,<br />

no entanto, completou 70 anos no dia seguinte à<br />

decisão do <strong>STF</strong>, o que extinguia a possibilidade de<br />

não aplicação da sentença.<br />

Entre a chegada do pedido ao tribu<strong>na</strong>l e o envio da<br />

documentação para análise do MPF, que indeferiu a<br />

solicitação, correu prazo de um mês e 17 dias. Em<br />

nova tentativa de protelação, sete dias depois da<br />

publicação do acórdão, em 10 de dezembro, os<br />

advogados entraram com pedido para realização de<br />

sustentação oral no pleno da Corte, para argumentar<br />

sobre supostas dúvidas que teriam <strong>na</strong> sentença, os<br />

chamados embargos declaratórios. A solicitação foi<br />

indeferida pelo MPF no mesmo dia.<br />

O processo ficou então inconcluso, ou seja, esperando<br />

posicio<strong>na</strong>mento do relator da ação, o ministro Ayres<br />

Britto, que seguiu o MPF. A decisão foi para o pleno<br />

e, em 1º de dezembro de 2011, quase um ano depois,<br />

foi julgada, com os ministros negando o pedido de<br />

sustentação oral. Nesse período, a defesa<br />

acrescentou ao processo uma série de documentos<br />

obtidos <strong>na</strong> Receita Federal e <strong>na</strong> Previdência Social.<br />

Também em 1º de dezembro, o ministro Luiz Fux<br />

pediu vista do processo, o que acontece para, por<br />

exemplo, esclarecer dúvidas sobre a ação. Os<br />

documentos só foram devolvidos em 8 de agosto de<br />

2012, oito meses depois de seguirem para o gabinete<br />

de Fux. Em 22 de outubro deste ano, a defesa de<br />

Tatico entrou com documentação "reiterando pedidos<br />

feitos anteriormente". Desde segunda-feira, o processo<br />

está com a Presidência do <strong>STF</strong> para decisão sob<br />

segredo de Justiça. O presidente da Corte, Ayres<br />

Britto, no entanto, se aposentou no domingo por ter<br />

completado 70 anos. O cargo será assumido pelo<br />

ministro Joaquim Barbosa amanhã.<br />

Na avaliação do doutor em direito pe<strong>na</strong>l Luiz Flávio<br />

Gomes, os embargos declaratórios, a forma mais<br />

comum de atrasar o início do cumprimento de uma<br />

pe<strong>na</strong>, deveriam ser julgados mais rapidamente pela<br />

Justiça. "É ape<strong>na</strong>s para esclarecer um ponto ou outro<br />

<strong>na</strong> sentença", diz. Gomes diz que, no entanto, o<br />

grande volume de processos tramitando impede o<br />

Supremo de dar mais velocidade ao andamento das<br />

ações. "Hoje são cerca de 65 mil peças <strong>na</strong> Corte. Ao<br />

todo, 2 mil acórdãos ainda não foram publicados",<br />

afirma. Uma das saídas para reduzir o número de<br />

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