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Artigo - Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral

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Cuidado nutricional na disfagia: uma alternativa para maximização do estado nutricional<br />

<br />

<br />

tórias<br />

da cavida<strong>de</strong> oral ou do trato gastrointestinal superior, até<br />

doenças mais complexas, como os AVCs e tumores <strong>de</strong> cabeça<br />

e pescoço 6 .<br />

<br />

uma anormalida<strong>de</strong> anatômica ou funcional (neuromuscular) em<br />

qualquer estrutura e fase do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição. A alteração<br />

da <strong>de</strong>glutição, causada por doenças neurológicas, trauma ou<br />

doenças musculares, é <strong>de</strong>nominada “disfagia neurogênica”. Na<br />

“disfagia mecânica”, o controle neurológico central e os nervos<br />

periféricos estão intactos, mas as estruturas anatômicas estão<br />

alteradas. Quando as alterações dizem respeito à fase oral e/ou<br />

faríngea da <strong>de</strong>glutição, a disfagia é <strong>de</strong>nominada orofaríngea ou<br />

alta. Quando existem alterações na fase esofagiana da <strong>de</strong>glutição,<br />

a disfagia é <strong>de</strong>nominada esofagiana ou baixa 4 .<br />

CAUSAS<br />

A disfagia é uma alteração da <strong>de</strong>glutição que surge sempre<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> alguma doença. O aci<strong>de</strong>nte vascular encefálico<br />

(AVE) parece ser a causa mais comum <strong>de</strong> disfagia 6 . Esta<br />

po<strong>de</strong> ser encontrada em quase meta<strong>de</strong> dos casos na fase aguda<br />

da doença 7 . <br />

no tronco cerebral associam-se a risco aumentado, porém, o<br />

problema ocorre <strong>de</strong> modo relativamente frequente também em<br />

pacientes sem estas características 8 .<br />

7 , que teve como<br />

objetivo analisar a incidência <strong>de</strong> disfagia orofaríngea após AVE<br />

<br />

76,5% dos pacientes avaliados clinicamente. Este percentual<br />

<br />

incidência <strong>de</strong> disfagia observada neste estudo, que avaliou<br />

pacientes com amplo espectro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, em diferentes fases<br />

<strong>de</strong> recuperação, ressalta a importância <strong>de</strong> equipe multidisciplinar,<br />

incluindo fonoaudiólogos capacitados, para avaliar os<br />

distúrbios da <strong>de</strong>glutição nos diversos momentos <strong>de</strong> recuperação<br />

dos pacientes após AVE.<br />

As causas neurológicas são as mais frequentes e, usualmente,<br />

as que causam mais grave repercussão na dinâmica da<br />

<br />

po<strong>de</strong>m estar associadas à disfagia, tais como as tumorações,<br />

que po<strong>de</strong>m provocar uma obstrução intrínseca ou extrínseca<br />

da luz digestiva, traumas, cirurgias, alterações odontológicas<br />

9 , entre outros possíveis eventos.<br />

Nas pessoas idosas, a prevalência exata <strong>de</strong> disfagia é <strong>de</strong>sco-<br />

<br />

<br />

<br />

por xerostomia, por <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns neurológicas (AVC, doença <strong>de</strong><br />

<br />

por <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns musculares e da anatomia orofaríngea 3,10 .<br />

Estudo <strong>de</strong>senvolvido por Maciel et al. 11 , em 2008, para<br />

<br />

risco nutricional dos pacientes idosos internados na clínica<br />

médica do Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília (HUB), relatou<br />

Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 203-10<br />

205<br />

que a proporção <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> disfagia <strong>de</strong>sses pacientes foi <strong>de</strong><br />

69% e do estado nutricional ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> 71%, valor elevado,<br />

<br />

<br />

<br />

gravida<strong>de</strong>.<br />

CONSEQUÊNCIAS<br />

A presença <strong>de</strong> disfagia, isolada ou em combinação a outras<br />

incapacida<strong>de</strong>s funcionais, está associada a maiores taxas <strong>de</strong><br />

letalida<strong>de</strong> e a um pior prognóstico <strong>de</strong> recuperação e reabilitação<br />

8,12 . Isto se <strong>de</strong>ve, principalmente, à frequente associação<br />

com lesões <strong>de</strong> prognóstico reservado; e às consequências do<br />

próprio comprometimento da <strong>de</strong>glutição. A disfagia associa-se<br />

à menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação a<strong>de</strong>quada e daí maior risco<br />

13 ; e a risco real<br />

<strong>de</strong> complicações pulmonares, incluindo aspiração <strong>de</strong> alimentos<br />

e líquidos e, consequentemente, <strong>de</strong> pneumonia aspirativa e<br />

septicemia 14 . Além disso, tem gran<strong>de</strong> impacto potencial sobre os<br />

aspectos sociais da alimentação, já que po<strong>de</strong> levar à retração e<br />

isolamento do paciente, comprometendo sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida 15 .<br />

Pacientes disfágicos geralmente apresentam baixa ingestão<br />

energética, apresentando risco nutricional e conseqüentemente<br />

<strong>de</strong>snutrição 5 . Pacientes com disfagia, seja <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> fatores<br />

neurológicos ou outros fatores associados, apresentaram<br />

ingestão calórica em torno <strong>de</strong> 1800 Kcal/dia, <strong>de</strong> acordo com<br />

estudos realizados por Nandurkar et al., em 2004 16 . Estes valores<br />

estão abaixo da necessida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>stes indivíduos, que é<br />

<strong>de</strong> aproximadamente 2500 Kcal/dia. A ingestão <strong>de</strong> alimentos<br />

protéicos também está aquém das necessida<strong>de</strong>s individuais,<br />

visto que a necessida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 1,0 a 1,5 kg/dia, diferente da média<br />

ingerida por estes pacientes, que é em torno <strong>de</strong> 0,5 a 0,8 kg/dia.<br />

<br />

encontram em obter alimentos na consistência tolerada 5-17 .<br />

A <strong>de</strong>sidratação po<strong>de</strong> agravar a broncoaspiração dos pacientes<br />

disfágicos, pois, no paciente <strong>de</strong>sidratado, observa-se diminuição<br />

<br />

orofaringe; letargia e confusão mental, que propiciam aspiração<br />

dratação<br />

po<strong>de</strong> levar também a alterações do sistema imune 18 .<br />

A <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong> líquidos <strong>de</strong> consistência rala (água) requer<br />

coor<strong>de</strong>nação e controle máximo. Os líquidos são facilmente<br />

aspirados para <strong>de</strong>ntro dos pulmões e po<strong>de</strong>m representar um<br />

<br />

pneumonia aspirativa, mesmo em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> água estéril<br />

nos pulmões 18 . Os pacientes idosos têm maior probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver aspiração como resultado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><br />

muscular ocasionada por alterações mecânicas e/ou neurológicas.<br />

A pneumonia aspirativa, segundo Hardiman, leva a uma<br />

das maiores taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e está entre os maiores custos<br />

<strong>de</strong> tratamento dos tipos <strong>de</strong> pneumonia 19 .<br />

As consequências sociais e psicológicas também po<strong>de</strong>m<br />

afetar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos pacientes que sofrem com a<br />

disfagia, promovendo o isolamento social, afetando a autoestima,<br />

po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>pressão, ansieda<strong>de</strong>, medo e frus-

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