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ESTRATÉGIAS DE VIDA E DE MORTE - Departamento de História ...

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proprieda<strong>de</strong>s rurais (com exceção <strong>de</strong> um único caso) * o que po<strong>de</strong> ser visto como um<br />

fator <strong>de</strong> auxílio na produção, com o transporte, e na subsistência das famílias rurais,<br />

com a produção <strong>de</strong> leite ou <strong>de</strong> carne. Provavelmente alguns animais eram criados para<br />

aten<strong>de</strong>rem também a subsistência <strong>de</strong> regiões cafeeiras em São Paulo.<br />

A gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “terrenos <strong>de</strong> erva mate” listados nos inventários, atesta<br />

que essa produção, consi<strong>de</strong>rada a principal ativida<strong>de</strong> econômica em São José dos<br />

Pinhais no século passado, continua tendo importância na segunda meta<strong>de</strong> do século<br />

XIX. Em menor número aparecem citadas as “invernadas” e “terras <strong>de</strong> pastagem”<br />

terreno estes que serviam para o pasto dos rebanhos, e para servirem, também, ao pasto<br />

<strong>de</strong> animais <strong>de</strong> tropeiros que faziam comércio <strong>de</strong> produtos entre São Paulo e regiões mais<br />

ao Sul. A produção <strong>de</strong> subsistência, que servia <strong>de</strong> sustento <strong>de</strong> toda a família <strong>de</strong>ntro<br />

unida<strong>de</strong> produtiva, se concentrava na cultura do milho.<br />

Na região também havia vendas que se encarregavam <strong>de</strong> comercializar os<br />

produtos agrícolas e artigos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> geral. Vendiam praticamente <strong>de</strong> tudo no<br />

mundo rural, na verda<strong>de</strong> profundamente especializada na produção <strong>de</strong> alguns produtos<br />

básicos. Ao mesmo tempo em que as vendas buscavam aten<strong>de</strong>r à quase totalida<strong>de</strong> das<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo existentes na localida<strong>de</strong>, o nível quase nulo <strong>de</strong> monetarização<br />

da realida<strong>de</strong> estudada por Mattos fazia com que a sua reserva monetária viesse da<br />

comercialização da produção agrícola que recebiam em pagamento das mercadorias<br />

negociadas, produção agrícola esta que em gran<strong>de</strong> parte financiavam. 52 (...)<br />

O ven<strong>de</strong>iro propriamente dito, aquele que vivia exclusivamente dos lucros <strong>de</strong><br />

sua casa <strong>de</strong> negócios, possuía em regra poucos ou nenhum escravo e tinha no somatório<br />

<strong>de</strong> estoque, instalações e dívidas a resgatar <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 40% do montante líquido <strong>de</strong> suas<br />

fortunas. Em geral eram proprietários <strong>de</strong> pequenas extensões <strong>de</strong> terreno e não <strong>de</strong>ixavam<br />

<strong>de</strong> possuir pequenas culturas <strong>de</strong> subsistência. Des<strong>de</strong> o pequeno ven<strong>de</strong>iro com casa <strong>de</strong><br />

negócio em terra alheia ao gran<strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>iro-negociante, a venda inseria-se sempre no<br />

atendimento <strong>de</strong> uma dupla função comercial: o atendimento das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

consumo dos lavradores locais, especialmente daqueles que não tinham acesso às praças<br />

atacadistas regionais, e a canalização do exce<strong>de</strong>nte da lavoura <strong>de</strong> subsistência do<br />

* o inventário <strong>de</strong> Florência Teixeira da Cruz <strong>de</strong> 1977, não apresenta proprieda<strong>de</strong> nenhuma. Entretanto<br />

po<strong>de</strong>-se supor que ela tenha passado sua(s) proprieda<strong>de</strong>(s) para outra pessoa antes da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

perdê-los, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que seus bens seriam arrematados por causa <strong>de</strong> dívidas. Estes “<strong>de</strong>svios” da lei<br />

foram normais no passado brasileiro.<br />

52 Mattos, Ao sul, opus cit., p. 110<br />

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