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ESTRATÉGIAS DE VIDA E DE MORTE - Departamento de História ...

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Quando utilizamos esses documentos, <strong>de</strong>vemos ter em mente que somente<br />

proprietários <strong>de</strong> bens eram inventariados, portanto uma gran<strong>de</strong> fatia da população ficava<br />

<strong>de</strong> fora. Assim, estamos tratando dos mais “abastados” entre a população, mas este fato<br />

não representa que estas pessoas possuíam uma gran<strong>de</strong> fortuna, pois a simples<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um bem não os tornava ricos.<br />

Uma outra questão que é também encontrada por muitos pesquisadores que se<br />

<strong>de</strong>bruçaram sobre os documentos do passado brasileiro é o problema dos sub-registros,<br />

isto é, a ausência <strong>de</strong> alguns documentos por diversas razões, tais como a perda do<br />

documento, a não existência <strong>de</strong> uma pessoa apta para fazê-lo, o fato <strong>de</strong> que uma crise<br />

agrária possa ter impossibilitado sua confecção <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> dinheiro para pagar os<br />

impostos necessários.<br />

Os inventários eram e ainda hoje continuam sendo confeccionados com o intuito<br />

<strong>de</strong> listar os bens a serem <strong>de</strong>ixados a her<strong>de</strong>iros, sendo <strong>de</strong>sta forma possível tomar<br />

conhecimento da vida material da região analisada. A lista <strong>de</strong> bens móveis presentes nos<br />

inventários consiste em riquíssimo material para se perceber não só as condições<br />

materiais em que se reproduzia a vida cotidiana da época, mas, nos casos <strong>de</strong> ausências,<br />

possibilita o conhecimento do que era adquirido no mercado e do que era<br />

domesticamente produzido no cotidiano das populações rurais. Declarações dos<br />

inventariantes sobre os gastos com ritos fúnebres e outros dados sobre a família e<br />

patrimônio serão cruzados com as informações sobre ritos fúnebres, procurando<br />

perceber suas tendências e divergências. Deste modo, po<strong>de</strong>m-se perceber padrões <strong>de</strong><br />

consumo e até grau <strong>de</strong> religiosida<strong>de</strong> entre os mais ricos e os mais pobres.<br />

Mas neste último quesito nada se iguala aos testamentos. Esses documentos<br />

muitas vezes vinham anexados aos inventários, havendo algumas ocasiões em que<br />

somente se fazia a menção a eles. A redação <strong>de</strong>stes documentos começava, via <strong>de</strong> regra,<br />

com “Em nome da santíssima Trinda<strong>de</strong>, Padre, Filho, Espírito Santo, em que eu ...<br />

firmemente creio, e em cuja fé protesto viver e morrer.” Em seguida <strong>de</strong>clarava-se a<br />

origem, filiação e atual residência do testador. Depois disso, estabeleciam-se as<br />

disposições para enterros, missas, cortejo. Alguns paravam por aí, outros <strong>de</strong>talhavam<br />

tudo o que possuíam.<br />

Um primeiro sentido dos testamentos era <strong>de</strong>ixar especificadas as últimas<br />

vonta<strong>de</strong>s dos testadores. Assim, abundam as referências a que tipo <strong>de</strong> cerimônias<br />

<strong>de</strong>veria ser empregado nos funerais, quais e quantos objetos <strong>de</strong>veriam estar presentes,<br />

qual o local <strong>de</strong> enterro, etc. Dessa forma, estes documentos se caracterizam como uma<br />

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