ESTRATÉGIAS DE VIDA E DE MORTE - Departamento de História ...
ESTRATÉGIAS DE VIDA E DE MORTE - Departamento de História ...
ESTRATÉGIAS DE VIDA E DE MORTE - Departamento de História ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Tabela 5. Últimos sacramentos <strong>de</strong> escravos e índios (anos<br />
1767, 1777, 1787). Amostragem<br />
Índios Escravos<br />
Anos C/ sacra S/ sacra C/ sacra S/ sacra<br />
1767 1 1 4<br />
1777 1 1 5 4<br />
1787 1 1 5<br />
Fonte: Registros <strong>de</strong> óbitos. Paróquia <strong>de</strong> São José dos Pinhais.<br />
Com relação a escravos numa amostragem dos anos 1767, 1777, 1787, on<strong>de</strong><br />
havia registro <strong>de</strong> óbitos <strong>de</strong> índios, há uma taxa maior <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> últimos<br />
sacramentos. No que diz respeito a índios, que cessam <strong>de</strong> aparecer nos registros no final<br />
do século XVIII em São José dos Pinhais, nos anos por mim analisados quatro<br />
“administrados” (termo que aparece nos registros) faleceram. Uma índia já viúva, por<br />
volta dos cinqüenta anos, recebeu todos os últimos sacramentos. Izabel, casada, trinta<br />
anos, recebeu os sacramentos <strong>de</strong> penitência e extrema unção. Faleceu sem o sacramento<br />
do sagrado viático por estar “<strong>de</strong>savisada”, isto é, por estar louca. Maria morreu com<br />
apenas um ano, consi<strong>de</strong>rada, assim, “inocente” pela Igreja Católica por não ter recebido<br />
ainda o sacramento do batismo. Assim, por questões doutrinárias e lógicas, não po<strong>de</strong>ria<br />
também receber os últimos sacramentos. Estes <strong>de</strong>veriam ser ministradas somente<br />
àqueles que possuíssem os outros sacramentos da Igreja como o do batismo, da<br />
eucaristia e da confirmação e, que pu<strong>de</strong>ssem falar para recitar as fórmulas rituais. O<br />
único administrado que morreu sem nenhum sacramento foi o índio carijó <strong>de</strong> nome<br />
José. Porém o administrador foi “con<strong>de</strong>nado” a pagar uma multa à igreja por não<br />
mandar chamar o pároco para aplicar os sacramentos. 130 Destes casos qualitativos<br />
po<strong>de</strong>mos perceber que os índios tendiam a receber os últimos sacramentos, a menos que<br />
houvesse algum impedimento físico.<br />
Quanto ao local <strong>de</strong> sepultamento, po<strong>de</strong>mos perceber nos registros <strong>de</strong> óbitos a<br />
partir dos anos 1767 * até os anos 1830, uma forte presença <strong>de</strong> enterros “na igreja”,<br />
termo que aparece nos registros óbitos e que consi<strong>de</strong>ramos <strong>de</strong>ntro da igreja. A gran<strong>de</strong><br />
maioria, mais <strong>de</strong> 90% tanto <strong>de</strong> livre quanto <strong>de</strong> escravos eram enterrados <strong>de</strong>ntro da igreja<br />
no final do século XVIII e início do XIX em São José dos Pinhais. Somente uma<br />
130 Registros <strong>de</strong> óbitos, 1767, 1777 (dois casos), 1787.<br />
* Obs.: No ano <strong>de</strong> 1757 nenhum livre morreu, por isso <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rei por questões comparativas; anos<br />
1767, 1777, 1787, 1797 e consecutivos até o ano <strong>de</strong> 1830.<br />
76