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Artigo
Um dos primeiros atos do
prefeito Eduardo Paes
foi extinguir por decreto
dois dos três ciclos de
progressão continuada, previstos
para o Ensino Fundamental no Rio.
A Secretaria de Educação ficou
encarregada de rever o modelo
adotado em 2007 e reimplantar o
sistema de séries nas 1.062 escolas
da maior rede pública do país. O
sistema de progressão continuada,
a chamada “aprovação automática”,
recebeu muitas críticas e gerou discussões.
Quem é contra alega que
contribuiu para o elevado número
de analfabetos funcionais. No início
de 2009 eram 28.879 até o sexto
ano. Os que defendem os ciclos,
criados para combater a repetência
e a evasão escolar, argumentam
que trouxe avanços em termos de
inclusão, garantindo ao aluno a convivência
com estudantes da mesma
idade, não fi cando para trás, o que
leva à desistência dos estudos.
Simples assim
No Rio, a volta ao modelo de
séries resultou na redução da taxa
de evasão no Ensino Fundamental,
de 2,61%, em 2008, quando a
aprovação automática vigorava,
para 2,35%, em 2010, dois anos
após o fi m dos ciclos. Para evitar
que os índices de reprovação fossem
muito altos, a Secretaria de
Educação implementou o reforço
escolar, as aulas especiais para
analfabetos funcionais e as classes
separadas para alunos com defi ciência
no aprendizado. No pacote
veio também uma batelada de
testes produzidos por instituições
privadas, que, somados às provas
regulares, submetem os estudantes
a avaliações excessivas,
prejudicando o desenvolvimento
curricular, na opinião de muitos
educadores. Eles dizem que as
avaliações devem levar em conta
o dia a dia do aluno e isto ninguém
conhece melhor do que o professor.
Logo, ele é que deveria ter voz
ativa na formulação destes testes.
Se a aprovação automática
permite que alunos sem conhecimento
básico concluam o Ensino
Andrea Gouvêa Vieira
Fundamental, um sistema de
avaliação constante e identifi cação
de problemas de aprendizado
pode também não ser a solução.
Quando chegam a um nível que
sobrecarrega alunos e professores,
os testes podem acabar não
garantindo, mas até prejudicando
a qualidade do ensino. O assunto
é polêmico, mas os defensores
dos dois modelos concordam em
um ponto: independentemente
dos ciclos ou séries, a avaliação
deve ser criteriosa. Há também
consenso de que nenhum sistema
funcionará, se a estrutura da
escola não for modifi cada, com
turmas menores, professores
valorizados, acompanhamento
individual dos alunos e aulas de
reforço. O currículo escolar também
precisa ser revisto e adaptado
à realidade. Sem isto, não há
milagre ou modelo que dê jeito.
Andrea Gouvêa Vieira
Vereadora da Cidade do Rio de Janeiro
E-mail: falecomigo@andreagouveavieira.com.br
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