Appai aproxima a comunidade escolar do universo de livros e ...

Profissão Mestre
Práticas originais
de leitura
Atividades sugerem três formas criativas de trabalhar a
subjetividade na pauta da literatura
Lena Lais
A
constante preocupação com a constituição de alunos leitores é assunto
recorrente nas escolas. As perguntas giram em torno dos mesmos pontos:
o que fazer para que o aluno leia mais? Como assegurar leituras de
maior qualidade? Que atividades de leitura podemos lhe oferecer? Embora
não haja respostas prontas ou fechadas para tais perguntas, podemos vislumbrar
algumas respostas.
A Sociologia da Leitura aponta para questões relacionadas à “qualidade x quantidade”
no ato de ler. Certa vez, por ocasião da pesquisa do mestrado, li para uma turma
de 4° ano do Ensino Fundamental, de uma escola pública de Salvador (BA), um conto
sobre um garoto que gostava muito de ler. Em seguida, abri questões e refl exões
com o grupo. Perguntei, dentre outras coisas, sobre o signifi cado do livro para aquele
personagem e sobre quantos livros eles achavam que esse menino já havia lido. As
respostas apontaram para modos de ver semelhantes em relação ao signifi cado de
ser leitor e ao volume de livros lidos pelo garoto da história (não ultrapassou a
casa dos dez). Isso mesmo! Esse foi o maior número que apareceu em suas
respostas. Ou seja, podemos pensar que, para a realidade de acesso ao livro
desses estudantes, ler dez livros é uma grande conquista e um documento
que autoriza a entrada na lista de pessoas leitoras. Migrando para outro
grupo social, cujo acesso ao livro é abundante e o incentivo à leitura é
precoce e bem mediado, ler dez livros pode equivaler, simplesmente,
a dez noites consecutivas, ao pé da cama.
Realidades sociais distintas desembocam em relações de leitura,
não cabendo ao professor (como mediador de leitura) julgar
que por ter mais ou menos acesso o leitor do primeiro exemplo é
inferior ao do segundo. Fica em suas mãos, isso sim, a possibilidade
de ampliar quadros de leitura e ser mais uma referência
de leitor para seu aluno.
O que podemos dizer, então, sobre a escola decidir o que é
qualidade num texto que será consumido pelos alunos? A tendência
natural é a de indicar textos ditos clássicos, ou mesmo
repetir escolhas anteriores, desprezando algumas vezes um mercado
editorial que se renova a cada ano e traz textos de novos e
brilhantes escritores, ainda desconhecidos. Não se deve abrir mão
de antigos e renomados autores, mas é necessária muita atenção
às novidades da literatura infantil e juvenil para renovar o acervo,
ampliar a bagagem e brindar os leitores com a variedade de texto que eles merecem.
Revista Appai Educar
Ilustração: Luiz Cláudio de Oliveira