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Anais do II Simpósio Nacional de Musicologia - EMAC - UFG

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especial nas etapas posteriores da pesquisa. O mesmo relatório registra algumas disciplinas ministradas<br />

conjuntamente ou diferenciadas por sexo, tais como “Rudimentos e Solfejos para o Sexo Masculino”,<br />

“Rudimentos e Solfejos para o sexo feminino” e “Canto para os <strong>do</strong>is sexos”. Essas distinções <strong>de</strong> gênero<br />

no âmbito educacional atravessaram to<strong>do</strong> o século XIX, embora apareçam contestações cada vez mais<br />

nítidas, na segunda meta<strong>de</strong> daquele século. Cabe lembrar que as escolas mistas somente se expandiram<br />

após o término <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> co-educação (separação <strong>do</strong>s sexos nas escolas), já no início <strong>do</strong> século XX,<br />

em 1927 (ALMEIDA, 2006).<br />

2. Quanto à legislação educacional, <strong>de</strong>stacamos as duas reformas educacionais aprovadas<br />

nesse perío<strong>do</strong>. A leitura <strong>de</strong> seus textos permite vislumbrar aspectos i<strong>de</strong>ológicos importantes, inclusive<br />

o papel da<strong>do</strong> ao ensino da arte. A Reforma Couto Ferraz, <strong>de</strong> 1854, que aprovou o Regulamento<br />

para a Reforma <strong>do</strong> Ensino Primário e Secundário no Município da Corte, <strong>de</strong>u ênfase à moralida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s professores e à “formação moral” <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s, separou o ensino em escolas para meninas e<br />

para meninos, e <strong>de</strong>finiu que os escravos eram proibi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>finitivamente <strong>de</strong> freqüentar escola, embora<br />

admitisse a educação <strong>de</strong> adultos (brancos, naturalmente). Essa mesma reforma consi<strong>de</strong>rou obrigatória<br />

para as crianças a instrução primária e, segun<strong>do</strong> Saviani (2006), embora dirigida ao município da Corte,<br />

a Reforma também contém normas alusivas aos outros municípios, servin<strong>do</strong> ao “caráter <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo que,<br />

durante to<strong>do</strong> o Império, a legislação <strong>do</strong> município da Corte teve para as províncias”, buscan<strong>do</strong> esten<strong>de</strong>r<br />

a elas a disseminação da instrução pública, importante segun<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ologia da época. A Reforma Couto<br />

Ferraz estabeleceu um currículo básico para as escolas primárias <strong>de</strong> primeiro grau, a ser enriqueci<strong>do</strong> nas<br />

<strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau, no qual, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> outros conteú<strong>do</strong>s, aparece “a geometria elementar, agrimensura,<br />

<strong>de</strong>senho linear, nomeações <strong>de</strong> música e exercícios <strong>de</strong> canto [grifo nosso], ginástica e um estu<strong>do</strong> mais<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> pesos e medidas [...]” (Saviani, 2006, p.21). A outra reforma educacional<br />

aprovada no segun<strong>do</strong> reina<strong>do</strong> em 1879, a Reforma Leôncio <strong>de</strong> Carvalho, que reformou o ensino<br />

primário, secundário e superior <strong>do</strong> município da Corte, manteve a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> ensino primário,<br />

regulamentou o funcionamento das escolas normais (formação <strong>de</strong> professores), criou jardins <strong>de</strong> infância<br />

e, entre outros aspectos importantes, aprofun<strong>do</strong>u a inclusão <strong>de</strong> dispositivos referentes ao funcionamento<br />

da educação nas províncias. Nenhuma das duas reformas conce<strong>de</strong>u espaço importante ao ensino <strong>de</strong> artes<br />

(inclusive ao <strong>de</strong> música), contrastan<strong>do</strong> com a intensa oferta <strong>de</strong> aulas <strong>de</strong> música veiculadas pelos jornais.<br />

conclusões parciais<br />

Apesar <strong>de</strong> a pesquisa estar em andamento, <strong>de</strong>stacamos alguns resulta<strong>do</strong>s preliminares. Com<br />

base nos periódicos, po<strong>de</strong>mos constatar a presença freqüente <strong>de</strong> mulheres ofertan<strong>do</strong> serviços como<br />

professoras <strong>de</strong> música em colégios (ensino formal), em suas residências ou nas residências familiares<br />

<strong>do</strong>s alunos (ensino não-formal). Encontramos também a presença feminina no corpo <strong>do</strong>cente <strong>de</strong> colégios<br />

para meninas e informações sobre o currículo <strong>de</strong>ssas instituições, revelan<strong>do</strong> um ensino volta<strong>do</strong> para<br />

habilida<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>radas essenciais à instrução das mulheres, incluin<strong>do</strong> a música como conteú<strong>do</strong>.<br />

Entre essas habilida<strong>de</strong>s, as ligadas à música refletiam, em parte, a valorização dada à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

apresentação da mulher em reuniões sociais, no âmbito <strong>do</strong>méstico, sobrepon<strong>do</strong> aspectos priva<strong>do</strong>s e<br />

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