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Anais do II Simpósio Nacional de Musicologia - EMAC - UFG

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Acrescenta-se ainda como objetivo, a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> algumas influências nas escolhas técnicas e<br />

interpretativas <strong>do</strong> performer que este tipo <strong>de</strong> transcrição po<strong>de</strong> proporcionar. Para atingir estes objetivos<br />

foi realizada a transcrição <strong>de</strong> sete villancicos <strong>do</strong> século XVI, para canto e vihuela, encontra<strong>do</strong>s nos<br />

livros <strong>de</strong> tablatura <strong>de</strong> Pisa<strong>do</strong>r (1552), Fuenllana (1554), Daza (1576), Val<strong>de</strong>rrábano (1547) e Narváez<br />

(1538), que se correspon<strong>de</strong>m com villancicos originalmente para vozes <strong>do</strong> Cancionero <strong>de</strong> Upsala (1556)<br />

e <strong>do</strong> livro Recopilación <strong>de</strong> sonetos y villancicos a cuatro y a cinco bozes (1560), <strong>de</strong> Juán Vásquez. 2 A<br />

fundamentação teórica se baseia no trabalho <strong>de</strong> Griffiths (2003), que apresenta transcrições para notação<br />

referencial em partitura <strong>de</strong> villancicos e outras obras polifônicas, notadas em tablatura, a partir da<br />

comparação com as versões vocais originais. Utiliza-se também conceitos <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> Souto (2010),<br />

que busca o resgate <strong>de</strong> elementos forneci<strong>do</strong>s pela tablatura na transcrição para notação referencial,<br />

assim como, os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Arriaga (2003) e Wolff (1998; 2003). Estes últimos contêm consi<strong>de</strong>rações<br />

importantes sobre a interpretação da tablatura. Acrescenta-se, por fim, o trabalho <strong>de</strong> Gomes (2003), que<br />

realiza um estu<strong>do</strong> comparativo entre duas intabulações e suas fontes vocais originais, além <strong>de</strong> fornecer<br />

subsídios sobre a transcrição para alaú<strong>de</strong>, vihuela e violão.<br />

1. Sobre a transcrição <strong>de</strong> intabulações<br />

Ao se abordar uma peça notada em tablatura, observa-se que este tipo <strong>de</strong> notação apresenta<br />

algumas vantagens e <strong>de</strong>svantagens em relação à notação em partitura, utilizada atualmente. Souto (2010)<br />

e Wolff (2003) discutem este assunto e chegam à conclusão <strong>de</strong> que se por um la<strong>do</strong> a tablatura oferece<br />

indicações precisas sobre a técnica mecânica necessária para obter <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> sonoro, a<br />

partitura prioriza o resulta<strong>do</strong> sonoro em si, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a condução das vozes da polifonia. Estes<br />

autores concordam que na realização da transcrição <strong>de</strong> uma intabulação para notação em partitura, um<br />

estu<strong>do</strong> das fontes vocais originais se faz necessário para que se possa obter um resulta<strong>do</strong> mais preciso.<br />

Wolff (1998, pp.43-44) <strong>de</strong>fine <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> transcrições possíveis a partir <strong>de</strong> uma tablatura: 1. A notação<br />

estrita, que mantém os valores <strong>de</strong> tempo, exatamente iguais aos nota<strong>do</strong>s na tablatura, e 2. A notação<br />

polifônica, que altera as figuras rítmicas contidas na tablatura, <strong>de</strong> forma a representar o ritmo conforme a<br />

condução melódica das vozes <strong>do</strong> contraponto. A realização da transcrição estrita po<strong>de</strong> ser utilizada como<br />

ferramenta para facilitar o trabalho <strong>do</strong> transcritor no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma transcrição polifônica,<br />

principalmente quan<strong>do</strong> o objeto <strong>de</strong> transcrição se trata <strong>de</strong> uma intabulação. A notação estrita proporciona<br />

o conhecimento das notas musicais da peça, ressalte-se, porém, que esta questão varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

afinação que o transcritor utiliza como referência. Bermu<strong>do</strong> (1555), ao esclarecer os procedimentos <strong>de</strong><br />

intabulação <strong>de</strong> uma peça vocal, afirma que havia duas maneiras <strong>de</strong> adaptação <strong>de</strong> alturas entre os <strong>do</strong>is<br />

meios. Em uma das formas, o vihuelista consi<strong>de</strong>rava a afinação da vihuela composta por alturas fixas<br />

e transpunha a obra vocal <strong>de</strong> forma em que esta se a<strong>de</strong>quasse à afinação <strong>do</strong> instrumento. Na segunda<br />

2 As intabulações analisadas incluem os villancicos Si te vas a bañar Juanica (PISADOR, 1552), Serrana <strong>do</strong>n<strong>de</strong> <strong>do</strong>rmistis<br />

(DAZA, 1576), Teresica Hermana (FUENLLANA, 1554) e quatro versões <strong>do</strong> villancico Con que la lavare (FUENLLANA,<br />

1554; NARVAEZ, 1538; PISADOR, 1552; VALDERRÁBANO, 1547). As fontes vocais se encontram na compilação <strong>de</strong><br />

villancicos conhecida como Cancionero <strong>de</strong> Upsala (1556), e na Recopilación <strong>de</strong> sonetos y villancicos a cuatro y cinco<br />

bozes,<strong>de</strong> Juán Vasquez (1560). As versões vocais utilizadas na análise comparativa foram transcritas por Bal y Gay (1944)<br />

e Sohns (1998, 2002).<br />

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