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Anais do II Simpósio Nacional de Musicologia - EMAC - UFG

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A presença <strong>de</strong> escolares, em cerimônias públicas, cantan<strong>do</strong> hinos e músicas que celebravam a<br />

gran<strong>de</strong>za <strong>do</strong> país, ajudava a criar a imagem <strong>de</strong> um povo saudável e disciplina<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um povo<br />

uni<strong>do</strong> em torno <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> reconstrução nacional conduzi<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong> Novo (loureiro,<br />

2001, p.62).<br />

Para Contier (1998), a propaganda dirigida às massas com o objetivo <strong>de</strong> atraí-las para a figura<br />

<strong>de</strong> Getúlio Vargas acabou se tornan<strong>do</strong> um novo recurso para a sedimentação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong><br />

nas esferas da música e da política. O senti<strong>do</strong> nacionalista, cívico e profundamente romântico <strong>de</strong>sses<br />

espetáculos, alia<strong>do</strong> a um momento <strong>de</strong> intensa euforia, também contribuiu para fixar a imagem <strong>de</strong> Villa-<br />

Lobos perante a crítica e ao público em geral. Segun<strong>do</strong> Contier, o caráter disciplina<strong>do</strong>r implícito no<br />

projeto para a oficialização <strong>do</strong> ensino <strong>do</strong> canto orfeônico nas escolas interessava ao Esta<strong>do</strong>, uma vez que<br />

a música conduziria as massas à cena política <strong>do</strong> país e, com isso, os estadistas assumiriam o papel <strong>de</strong><br />

sepultar a República Velha, instauran<strong>do</strong> no lugar <strong>de</strong>sta a República Nova, em 1930, e o Esta<strong>do</strong> Novo,<br />

em 1937. Assim, durante toda a década <strong>de</strong> 30, os espetáculos orfeônicos, intimamente associa<strong>do</strong>s à<br />

propaganda varguista, viraram notícia em quase to<strong>do</strong>s os jornais e revistas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo<br />

e outras capitais.<br />

Fundamentação teórico meto<strong>do</strong>lógica<br />

O trabalho em <strong>de</strong>slin<strong>de</strong> construirá seu alicerce em Roger Chartier (1990), um <strong>do</strong>s principais<br />

expoentes da Nova História Cultural e sua teoria das representações sociais, buscan<strong>do</strong> respal<strong>do</strong> para<br />

refletir acerca da maneira como o Nazismo e o Varguismo representaram e <strong>de</strong>ram significa<strong>do</strong> à música<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seus interesses particulares, ten<strong>do</strong> como pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> a manipulação <strong>do</strong> imaginário<br />

coletivo.<br />

A teoria <strong>de</strong> Chartier i<strong>de</strong>ntifica o mo<strong>do</strong> como em diferentes lugares e momentos uma<br />

<strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong> social é construída, levan<strong>do</strong> em conta mentalida<strong>de</strong>s, crenças, mitos, valores e<br />

representações coletivas traduzidas na arte e na literatura. Para Chartier as representações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

social são sempre <strong>de</strong>terminadas pelos interesses <strong>de</strong> grupo que as forjam. É um aparelho <strong>de</strong> conhecimento<br />

mediato pelo qual se vê um objeto ausente pela sua substituição, por uma imagem capaz <strong>de</strong> reconstituir<br />

em memória e <strong>de</strong> figurá-lo tal como se pensa que ele é. Dessa forma, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> representação é entendida<br />

como correlação <strong>de</strong> uma imagem presente e <strong>de</strong> um objeto ausente, um valen<strong>do</strong> pelo outro. Ou seja,<br />

a representação é uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento prático que tem como suporte o simbólico e o<br />

imaginário. Chartier enfatiza a diferença capital entre representação e representa<strong>do</strong>, entre signo e<br />

significa<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro das formas <strong>de</strong> teatralização da vida social.<br />

Quanto à forma <strong>de</strong> abordagem a presente pesquisa lançará mão <strong>do</strong> paradigma qualitativo<br />

por meio da <strong>de</strong>scrição, compreensão e significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> fenômeno observa<strong>do</strong>. Quanto aos recursos<br />

meto<strong>do</strong>lógicos, será empregada a investigação bibliográfica e a investigação <strong>do</strong>cumental. O processo<br />

consistirá nas seguintes ações: levantamento e análise bibliográfica compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o universo<br />

<strong>de</strong> trabalhos teóricos; levantamento e análise <strong>do</strong>cumental: fontes primárias – <strong>do</strong>cumentos, cartas,<br />

fotografias, filmes, gravações, diários, jornais, revistas; fontes secundárias – material oriun<strong>do</strong> das<br />

fontes primarias: livros, teses, dissertações, artigos, <strong>de</strong>ntre outros.. Após a realização das análises serão<br />

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