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Anais do II Simpósio Nacional de Musicologia - EMAC - UFG

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“revista” não estava sob a direção <strong>de</strong> Ita e <strong>de</strong> Alaor <strong>de</strong> Siqueira (filho <strong>de</strong> Armênia). Inicialmente a peça<br />

“As Pastorinhas” pertencia ao telegrafista Alonso, mas acabou em <strong>do</strong>mínio da Família Pina que a copiou,<br />

sen<strong>do</strong> que um <strong>do</strong>s três atos foi transcrito na casa <strong>de</strong> número 41.<br />

No mês <strong>de</strong> maio ainda se ensaiava na casa <strong>de</strong> Armênia as meninas que participavam da<br />

apresentação <strong>de</strong> coroação <strong>de</strong> Nossa Senhora, solenida<strong>de</strong> que acontecia na Igreja Matriz. Geralmente<br />

eram algumas das pastoras as escolhidas, pois já tinham vozes conhecidas e era mais fácil ensaiá-las.<br />

As procissões, com seus sons característicos percorrem o caminho que passa <strong>de</strong> frente às casas<br />

da Rua Direita, que são ornamentadas para compor a paisagem visual <strong>de</strong>sta manifestação (CURADO,<br />

2006), mas os sons: <strong>do</strong> caminhar, <strong>do</strong>s sinos da Matriz ao fun<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s mometos entoa<strong>do</strong>s pelo Coral, da<br />

Verônica, da Banda tocan<strong>do</strong> a marcha fúnebre e os estala<strong>do</strong>s da matraca que indica o fim <strong>do</strong> lamento<br />

<strong>do</strong> Ó vós omnes são marcas que tocam mais profundamente os sentimentos <strong>do</strong>s pirenopolinos presentes<br />

naqueles momentos.<br />

E quan<strong>do</strong> a Festa <strong>do</strong> Divino Espírito Santo chega? É a profusão <strong>de</strong> novos sons que acabam<br />

por i<strong>de</strong>ntificar o conjunto <strong>de</strong> festivida<strong>de</strong>s que se iniciam a partir <strong>do</strong> Domingo <strong>de</strong> Páscoa esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se<br />

até Corpus Christi. São cavalos <strong>de</strong> foliões, cavaleiros e mascara<strong>do</strong>s trotan<strong>do</strong> pelas ruas, fogos estouran<strong>do</strong><br />

no ar, sinos e roqueiras a cada meio-dia. Alvoradas que percorrem as ruas, inclusive a Direita. É o tocar<br />

da caixa <strong>de</strong> couro no ritmo <strong>do</strong> “va’mo pro campo cavaleiro” que passava a cada madrugada e fim <strong>de</strong> tar<strong>de</strong><br />

na casa <strong>de</strong> Maria Eunice para chamar os netos <strong>de</strong> Zizito para o ensaio das Cavalhadas. E nos dias ápices<br />

da Festa os mascara<strong>do</strong>s além da algazarra se anunciavam pelo balançar <strong>do</strong>s polaques presos ao peitoral<br />

<strong>do</strong>s cavalos, enquanto os cavaleiros <strong>do</strong>s cavaleiros o som era bem diferente, pois eram produzi<strong>do</strong>s pelos<br />

guizos.<br />

Em perío<strong>do</strong>s em que não havia festas e nem se preparavam para ela a Rua Direita mantinha seu<br />

ritmo sonoro cotidiano: Pedro Valério ensaian<strong>do</strong> ou ban<strong>do</strong> aulas <strong>de</strong> violão em que o ritmo pre<strong>do</strong>minante<br />

era o “tom, tom, tom”; mais distante um pouco Clóvis Nominato tocava inúmeros instrumentos com<br />

vários amigos, mora<strong>do</strong>res da mesma rua ou não. Na direção oposta Sérgio Pompeu tocava seu saxofone<br />

e raramente alguns outros instrumentos, alegran<strong>do</strong> o fim <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>. Os netos <strong>de</strong> Nenzão Siqueira também<br />

praticavam música boa parte <strong>do</strong> tempo. O Praia Clube, um importante salão em que foram realizadas<br />

importantes festas pirenopolinas contribuía com sons diversos, inclusive com o movimento <strong>de</strong> gente em<br />

dias festivos, como o Carnaval, por exemplo. Do la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Praia morava Antônio Forzani, o China, exímio<br />

músico que tocava na Banda Phoenix.<br />

A Banda Phoenix criada por Propício <strong>de</strong> Pina – nasci<strong>do</strong> na Rua Direita, mas que se mu<strong>do</strong>u<br />

para a Rua Nova –, manteve como local <strong>de</strong> ensaios o Museu da Família Pompeu (casa número 29) na<br />

mesma rua em que a corporação musical nasceu. Os ensaios <strong>do</strong>minicais, após a missa das nove era<br />

ouvi<strong>do</strong> perfeitamente da Rua Direita, pois “a escuta atinge lugares que a vista não alcança. Os ouvi<strong>do</strong>s<br />

vêem através das pare<strong>de</strong>s e <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> da esquina. Quan<strong>do</strong> algo está escondi<strong>do</strong>, o som revela sua<br />

localização e significa<strong>do</strong>” (SCHAFER, 2009, p. 49). E algo bastante significativo para o pirenopolino é a<br />

musicalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os sinos da antiga Matriz, aos sons da centenária Banda Phoenix até mesmo aos sons<br />

guarda<strong>do</strong>s no que Halbwachs (2004) <strong>de</strong>finiu como “memória coletiva” e que aqui foram parcialmente<br />

expostos.<br />

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