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Anais do II Simpósio Nacional de Musicologia - EMAC - UFG

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Carmela, estreada poucos dias após Sandro. A ação, em ato único, teve libreto escrito pelo cearense<br />

Leopol<strong>do</strong> Brígi<strong>do</strong>, mas verti<strong>do</strong> para a língua italiana por Ettore Malaguti, um italiano fixa<strong>do</strong> no Brasil1 (CAVALHEIRO LIMA, 1956: 89-90). Mais tar<strong>de</strong>, o mesmo Araújo Viana escreveria Rei Galaor, usan<strong>do</strong><br />

um poema dramático <strong>do</strong> poeta português Eugênio <strong>de</strong> Castro (1869-1944). A obra, no entanto, não foi<br />

terminada pelo autor, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> posteriormente concluída por Francisco Braga e encenada no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, em 1922 (ANDRIOTTI, 1996:79-80).<br />

Além <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>is compositores, somente Victor Ribeiro das Neves (1900- 1984), com<br />

texto <strong>do</strong> poeta e historia<strong>do</strong>r Walter Spalding (1901-1976), escreveu, em 1935, a ópera Ponaim que, no<br />

entanto, nunca foi encenada. 2 E na mesma época, Roberto Eggers escreveu a ópera Farrapos, que é o<br />

objeto <strong>de</strong>sse artigo. É importante ressaltar que nesse contexto, tanto os repertórios das temporadas líricas<br />

oficiais <strong>do</strong> Teatro São Pedro, como os das temporadas líricas cantadas por ama<strong>do</strong>res porto-alegrenses3 eram pre<strong>do</strong>minantemente <strong>de</strong> autores italianos, com a exceção <strong>de</strong> Carlos Gomes que era representa<strong>do</strong><br />

com relativa frequência.<br />

O autor <strong>de</strong> Farrapos, Francisco Roberto Eggers, nasceu em 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1899, na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre. Aos quatro anos iniciou suas aulas <strong>de</strong> piano, muito provavelmente com professor<br />

local. Posteriormente, <strong>de</strong>dicou-se ao aprendiza<strong>do</strong> da flauta, ten<strong>do</strong> como mestre seu irmão Alberto, flautista<br />

e compositor. Porém, Eggers não teve formação musical acadêmica. Já adulto, recebeu algumas aulas<br />

<strong>de</strong> piano <strong>de</strong> Eugenia Masson, professora <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Belas Artes, e orientações sobre composição <strong>de</strong><br />

Leandro Tovar, músico espanhol radica<strong>do</strong> em Porto Alegre. A maior parte <strong>de</strong> seus conhecimentos musicais<br />

proveio mesmo <strong>de</strong> seus esforços como autodidata. Na década <strong>de</strong> 1920 passou a atuar profissionalmente<br />

como músico em orquestras <strong>de</strong> cinemas e <strong>de</strong> bares em Porto Alegre, como flautista e pianista. Foi<br />

maestro, arranja<strong>do</strong>r, compositor e professor <strong>de</strong> canto e piano. Atuou em importantes instituições como<br />

o Centro Musical Porto-Alegrense, o Orfeão Rio-Gran<strong>de</strong>nse, na década <strong>de</strong> 1930, e também em rádios<br />

gaúchas por mais <strong>de</strong> quarenta anos.<br />

Entre suas composições, constam duas óperas, Farrapos (1936) e Missões (1948-80),<br />

duas operetas, A Flor da Felicida<strong>de</strong> (1937) e Romance num Sonho (s/d), uma suíte para flauta e piano,<br />

integrada por quatro pequenas peças intituladas Noturno, Valsa-Serenata, Chorinho e Na Madrugada<br />

(1968), e mais <strong>de</strong> quarenta peças para canto e piano em diversos gêneros. Além disso, compôs as músicas<br />

<strong>do</strong>s filmes Parque da Re<strong>de</strong>nção e Rio Guaíba, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Alberto Bastos <strong>do</strong> Canto, filma<strong>do</strong>s em 1950.<br />

Roberto Eggers faleceu no dia 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1984, na mesma cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> nasceu.<br />

Eggers iniciou a composição <strong>de</strong> Farrapos em 1934, para que fosse encenada durante as<br />

comemorações <strong>do</strong> Centenário da Revolução Farroupilha que aconteceriam no ano seguinte. Encomen<strong>do</strong>u<br />

o libreto a Manoel Faria Corrêa (1874-1954) que, além <strong>de</strong> escritor, era profun<strong>do</strong> conhece<strong>do</strong>r da história<br />

<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. A ópera, em três atos, se passa em setembro <strong>de</strong> 1835, em Porto Alegre, dias antes <strong>de</strong><br />

iniciar a Revolução Farroupilha. O drama é basea<strong>do</strong> no conflito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ais que abalam a família Figueira.<br />

O Comenda<strong>do</strong>r Figueira, um português <strong>de</strong>vota<strong>do</strong> ao império, se <strong>de</strong>para com os filhos Alano e Eleonora,<br />

1 Essa obra foi encenada no Teatro São Pedro <strong>de</strong> Alcântara, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 1906, “refundida em <strong>do</strong>is atos, com texto<br />

em português, numa adaptação <strong>do</strong> poeta Osório Duque Estrada”. Carmela volta a ser encenada em Porto Alegre em 1907,<br />

em <strong>do</strong>is atos, porém com texto em italiano. (DAMASCENO, 1975: 163 e 174).<br />

2 Foram apenas apresenta<strong>do</strong>s alguns trechos <strong>de</strong>ssa obra em forma <strong>de</strong> concerto, em 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1935, durante as<br />

comemorações <strong>do</strong> centenário da Revolução Farroupilha. (ANDRIOTTI, 1996:88).<br />

3 A prática <strong>de</strong> temporadas líricas por ama<strong>do</strong>res era recorrente nos anos 1930 em Porto Alegre, sen<strong>do</strong> Roberto Eggers um<br />

<strong>do</strong>s principais incentiva<strong>do</strong>res e promotores <strong>de</strong> iniciativas como “Noites Líricas” e “Orfeão Rio-gran<strong>de</strong>nse”.<br />

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