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Anais do II Simpósio Nacional de Musicologia - EMAC - UFG

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Artigos<br />

zABumBA em piRenópoLiS/GoiáS, um Som que peRpetuA<br />

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Tereza Caroline Lôbo 1 (IESA-<strong>UFG</strong>)<br />

terezacarolinelobo@hotmail.com<br />

Aline Santana Lôbo 2 (Secretaria Estadual <strong>de</strong> Educação - Goiás)<br />

alinelobo76@hotmail.com<br />

Resumo: Este trabalho objetiva discutir como os sons produzi<strong>do</strong>s pela Banda <strong>de</strong> Couro se fazem presentes nas festas <strong>de</strong><br />

Pirenópolis, esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás, – principalmente nos festejos que homenageiam o Divino Espírito Santo –, se distinguem com<br />

uma atmosfera musical singular e se perpetuam na atualida<strong>de</strong>. Sua execução enche a cultura <strong>de</strong> canções e melodias, e seu<br />

ritmo <strong>de</strong>sperta na memória a lembrança <strong>de</strong> um passa<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> à mineração e à presença negra no lugar, ao mesmo tempo<br />

em que produz a euforia e a “efervescência” <strong>de</strong> um povo que tem nas suas festivida<strong>de</strong>s uma forma <strong>de</strong> compreensão da vida.<br />

palavras-chave: Pirenópolis; Banda <strong>de</strong> Couro; Música; Memória; Lugar; Zabumba.<br />

zabumba in pirenopolis/Goias, a sound that perpetuates itself<br />

Abstract: This project discusses how the sounds ma<strong>de</strong> by the Banda <strong>de</strong> Couro are actually present in Pirenópolis’ festivals,<br />

in Goiás State, – mainly in the festivals that give honor to The Divino Espirito Santo festivals –, they are distinguished with<br />

a singular musical atmosphere and it perpetuates itself nowadays. Its performance fills the culture with songs and melodies,<br />

and Its rhythm reminds of a past linked to the extractive of gold time and the presence of the slaves in the place, at the same<br />

time that it causes joy and the effervesce of a people who has in their festivals a comprehension way of life.<br />

Keywords: Pirenópolis; Collective memory; Banda <strong>de</strong> Couro; Festivals and Zabumba.<br />

Ao caminhar pelas ruas da antiga Meia Ponte a Zabumba, ou Banda <strong>de</strong> Couro, produz seu<br />

som singular quebran<strong>do</strong> o silêncio da madrugada e convocan<strong>do</strong> a população para festejar o Divino<br />

Espírito Santo. A Banda <strong>de</strong> Couro pertence à cultura local <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XV<strong>II</strong>I quan<strong>do</strong> os negros<br />

forros e escravos envolvi<strong>do</strong>s com a mineração <strong>do</strong> ouro no Rio das Almas construíram a Igreja <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora <strong>do</strong> Rosário <strong>do</strong>s Pretos e ali criaram e executaram suas práticas religiosas, festivas<br />

e musicais numa conjugação <strong>de</strong> manifestações da cultura africana com as liturgias e crenças <strong>do</strong><br />

catolicismo.<br />

Os sons executa<strong>do</strong>s pela Banda <strong>de</strong> Couro <strong>de</strong> Pirenópolis, no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s festejos <strong>do</strong> Divino,<br />

numa visão ampliada, não só dão forma ao lugar, mas <strong>de</strong> maneira combinada e associada constroem um<br />

conteú<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntitário. Esculpem na cida<strong>de</strong> um sentimento <strong>de</strong> pertencimento em que os ancestrais, seus<br />

feitos e suas festas tornaram-se os emblemas da socieda<strong>de</strong>.<br />

As ativida<strong>de</strong>s engendradas pelas igrejas ficavam a cargo das irmanda<strong>de</strong>s e confrarias. Como<br />

assevera Jayme (1971, p. 554), existiram em Pirenópolis diversas confrarias religiosas <strong>de</strong>ntre elas a <strong>de</strong><br />

Nossa Senhora <strong>do</strong> Rosário <strong>do</strong>s Pretos e a <strong>de</strong> São Benedito, pertencentes aos negros escravos e forros. É<br />

essencial ressaltar que, apesar <strong>de</strong> os negros terem suas irmanda<strong>de</strong>s, nelas existiam também os brancos.<br />

Mas os negros <strong>de</strong>ssas organizações gozavam <strong>de</strong> privilégios, como o direito <strong>de</strong> serem enterra<strong>do</strong>s na<br />

capela-mor da igreja, com to<strong>do</strong> requinte <strong>de</strong> um funeral <strong>de</strong> branco, ou <strong>de</strong> ser coroa<strong>do</strong> rei ou juiz no<br />

Reina<strong>do</strong> <strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>do</strong> Rosário <strong>do</strong>s Pretos ou no Juiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Benedito.<br />

1 Doutora em Geografia pelo Instituto <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Sócio Ambientais da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (IESA-<strong>UFG</strong>).<br />

Professora temporária na Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás – Unida<strong>de</strong> Universitária <strong>de</strong> Pirenópolis (UEG-UnU/Pirenópolis).<br />

Integrante <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Pesquisa em Turismo e Gastronomia “Canela d’Ema” e pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> manifestações culturais.<br />

E-mail: terezacarolinelobo@hotmail.com<br />

2 Especialista em Orientação Educacional e Docência Superior. Professora da Secretaria Estadual <strong>de</strong> Educação e estudante<br />

<strong>de</strong> música – flauta transversal. E-mail: alinelobo76@hotmail.com<br />

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