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Anais do II Simpósio Nacional de Musicologia - EMAC - UFG

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Em relação às mulheres vindas das camadas sociais mais abastadas, encontramos referências<br />

principalmente à participação no círculo social resi<strong>de</strong>ncial, fugin<strong>do</strong>, portanto, ao foco da presente<br />

pesquisa. A atuação profissional <strong>de</strong> mulheres <strong>de</strong>ssa condição social, em espaços públicos, parece<br />

mais rara. Até o momento, a ativida<strong>de</strong> profissional mais visível através <strong>do</strong> jornal é a <strong>de</strong> professora<br />

<strong>de</strong> música, mas, conforme já menciona<strong>do</strong>, a presente pesquisa não se <strong>de</strong>tém sobre essa ativida<strong>de</strong>.<br />

Observamos, contu<strong>do</strong>, que a divulgação da ativida<strong>de</strong> profissional <strong>de</strong> mulheres musicistas, como<br />

professoras, é bastante freqüente nos periódicos, como nos anúncios abaixo, publica<strong>do</strong> no Jornal <strong>do</strong><br />

Brasil <strong>de</strong> 06/11/1892 (p. 3):<br />

Professora <strong>de</strong> canto e piano<br />

Uma senhora, ex-discípula <strong>do</strong> conservatório <strong>de</strong> Paris e <strong>do</strong> faleci<strong>do</strong> professor Briani, propõe-se<br />

a lecionar em casas <strong>de</strong> famílias e colégios. Informações em casa <strong>do</strong> Sr. Arthur Napoleão, rua <strong>do</strong><br />

Ouvi<strong>do</strong>r n. 89, e Buschmann & Guimarães, rua <strong>do</strong>s Ourives n. 52, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>ixar carta<br />

fechada com as iniciais C. J.<br />

Mais raros são os anúncios ou críticas <strong>de</strong> apresentações ou <strong>de</strong> espetáculos em que elas atuem<br />

como musicistas, mas po<strong>de</strong>mos oferecer o exemplo a seguir, como ilustração:<br />

conclusões parciais<br />

[...] Permitam-me os excelentes artistas <strong>do</strong> Apollo que cedamos hoje o lugar <strong>de</strong> honra à estreante<br />

Lina Rubini, pela gentileza que é <strong>de</strong>vida àqueles com quem pela primeira vez se travam relações.<br />

Notamos em seu ativo, bela presença, voz agradável e quanta é <strong>de</strong> mister para o gênero, fisionomia<br />

expressiva, boa pronúncia e outras muitas qualida<strong>de</strong>s, que não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter brilhante<br />

realce, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ela se habitue com o público e consiga esquecer as comoções da estréia. [...]<br />

Em que novos termos fazer o elogio <strong>de</strong> Amelia Lopiccolo [cantora] – uma das mais luminosas<br />

estrelas <strong>do</strong> palco fluminense – cujo número <strong>de</strong> sucessos se conta pelo número <strong>de</strong> papeis que<br />

lhe são atribuí<strong>do</strong>s? [...] E mais Elisa <strong>de</strong> Castro, Olympia Amoe<strong>do</strong>, A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Guerreiro, Barbosa,<br />

Campos, Pedro Nunez [...], que merecem especial menção. (Jornal <strong>do</strong> Brasil, 15/11/1897, p.2,<br />

Seção: Palcos e Salões)<br />

Observamos, através <strong>de</strong> levantamento preliminar na literatura especializada e no Jornal<br />

<strong>do</strong> Brasil, que, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no perío<strong>do</strong> aborda<strong>do</strong>, a presença profissional <strong>de</strong> mulheres é mais<br />

ampla <strong>do</strong> que habitualmente se imagina. O levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s em fontes primárias sobre a inserção<br />

profissional <strong>de</strong>las como intérpretes e compositoras po<strong>de</strong>rá revelar aspectos pouco evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s ou<br />

ausentes na historiografia sobre música brasileira. A interpretação <strong>de</strong>sse material, sob a ótica da<br />

história da cultura, po<strong>de</strong>rá suprir lacuna importante na historiografia sobre música no Brasil, em<br />

especial no que tange à atuação profissional feminina, relativamente subestimada nas pesquisas<br />

publicadas.<br />

Ao buscar interpretar a presença das mulheres musicistas sob enfoque mais plural, que não<br />

as consi<strong>de</strong>re apenas como oprimidas por um sistema pre<strong>do</strong>minantemente patriarcal, a pesquisa po<strong>de</strong>rá<br />

contribuir com novos entendimentos sobre a profissionalização da mulher como musicista e sobre sua<br />

produção musical, na transição <strong>do</strong> século XIX para o século XX.<br />

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