Fevereiro 2008 - Inatel

arte “Já fiz a igreja daqui da minha
terra em miniatura, em granito,
tenho-a em casa. Levei um mês a
fazer nas minhas horas vagas.
Também já fiz um moito (ave) em
xisto. Gostava era de fazer brasões,
imagens de santos, esculturas, mas
isso não aparece tanto. De resto não
há competição, nem segredos entre
colegas do mesmo oficio”. As qualidades
requeridas são firmeza de
mão, rigor milimétrico nas medidas,
boa vista. Os acidentes de trabalho
são pequenos cortes e entalões nos
dedos. “Mais arriscado é o trabalho
nas pedreiras mas todo o cuidado é
pouco”, acrescenta nos seus 33 anos
de trabalho. “E ensinaria de bom
grado este ofício a filhos se os tivesse!”,
conclui num sorriso encimado
por farto bigode preto e olhos atentos
ao trabalho bem feito.
Já o sr. Augusto Silva Sousa, 46
anos, 4ª classe, natural e residente
na Várzea do Douro, concelho do
Marco de Canavezes, começou aos
20 anos nesta profissão mas sempre
nas peças decorativas, com alguma
arte – leões, dragões, águias,
cabeças de cavalo, rãs, figuras femininas,
brasões e letras em altos ou
baixos-relevos. Aprendeu sozinho
praticando em casa fazendo cinzeiros,
fazendo a partir dum modelo,
dum desenho ou duma foto
qualquer trabalho. “Desenho melhor
com a ferramenta na pedra do
que com o lápis no papel, mas
gostava de tirar um curso de canteiro,
ou de desenho pois era uma
grande ajuda. Havia um curso de
escultura em Belas Artes no Porto
mas para canteiro não conheço. E
se houvesse alguém com vontade
de aprender também lhe ensinava,
mas nesta profissão não há gente
nova somos todos de 25, 30 anos
para cima, pois é um trabalho com
pedra que não atrai os jovens”.
Fevereiro 2008 TempoLivre 23