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PATRIMÓNIO<br />
Lavrador descobre minério em 1882<br />
A Mina do Lousal foi<br />
descoberta em Agosto de<br />
1882 por António Manuel,<br />
um agricultor da região de<br />
Azinheira dos Barros.<br />
Depois de passar por<br />
vários concessionários,<br />
entre os quais a Société<br />
quena viagem de 10 quilómetros,<br />
entre o início da estrada de Azinheira<br />
dos Barros, que ondula em<br />
ziguezague pelos campos abandonados,<br />
e o complexo mineiro, é o<br />
suficiente para constatar como a<br />
desertificação humana marca já<br />
uma região tão próxima do litoral<br />
como é o concelho de Grândola. As<br />
antigas instalações da mina propriamente<br />
dita, apesar da sua degradação,<br />
impressionam ainda hoje: o<br />
imponente malacate, que levava os<br />
mineiros a uma profundeza de 500<br />
metros e trazia o minério para a<br />
superfície, os gigantescos barracões<br />
28 TempoLivre <strong>Fevereiro</strong> <strong>2008</strong><br />
Sncnyme Belge des Mines<br />
d’Aljustrel em 1934, é a<br />
partir de 1936 que a<br />
exploração adquire maior<br />
intensidade após a<br />
concessão ser atribuída à<br />
sociedade belga Mines et<br />
Industries.<br />
Com a crescente procura<br />
do ácido sulfúrico, a Mina<br />
do Lousal ganha cada vez<br />
maior importância, até<br />
porque a Sapec, empresa<br />
química detida pela Mines<br />
et Industries laborava em<br />
Setúbal desde 1928, era<br />
circundantes, a locomotiva e os<br />
montes enormes dos restos do<br />
minério são sinais visíveis das dificuldades<br />
quotidianas do trabalho<br />
nas minas.<br />
A dificuldade da exploração<br />
mineira é também visível no museu<br />
da Central Eléctrica: a recriação do<br />
antigo escritório da mina, com<br />
peças originais dos antigos gabinetes<br />
e exposição de um valioso<br />
conjunto de ferramentas e de máquinas<br />
de enorme dimensão construídas<br />
no final do século XIX e no<br />
início do século XX mostram como<br />
se processava o dia-a-dia dos administradores<br />
e dos mineiros no<br />
Lousal.<br />
Em exposição está também, até 31<br />
de Agosto, a exposição “Modelos de<br />
Minas do Século XIX – Engenhos<br />
de Exploração Mineira”, uma<br />
colecção única no mundo de 53<br />
maquetas de minas e equipamentos<br />
de exploração mineira no século<br />
XIX. Quase todos assinados pela<br />
Real Academia de Minas de Freiberg,<br />
na Alemanha, que no século<br />
XIX era o expoente máximo do<br />
saber ao nível de engenharia de<br />
minas, estes modelos, usados no<br />
curso de Engenharia de Minas no<br />
Instituto Superior Técnico (IST),<br />
foram encontrados num avançado<br />
estado de degradação nas caves do<br />
IST, em Lisboa, estas maquetas<br />
foram restauradas pelos promo-<br />
um dos consumidores<br />
internos das pirites do<br />
Lousal, em conjunto com a<br />
Cuf. Quando encerrou, em<br />
1988, a Mina do Lousal<br />
era uma das mais<br />
explorações mineiras mais<br />
modernas do país.<br />
tores da recuperação do complexo<br />
mineiro do Lousal.<br />
A maior ambição dos promotores<br />
da recuperação deste complexo<br />
mineiro está agora direccionada<br />
para a concretização do projecto de<br />
descida real à mina. Com um orçamento<br />
de 10 milhões de euros, em<br />
parte fundos comunitários, este<br />
projecto estará concluído em 2010 e<br />
permitirá levar os turistas de elevador<br />
até às profundezas da mina.<br />
Para já, até ao final deste ano, deverá<br />
estar concluído o Museu da<br />
Ciência Viva, que permitirá uma<br />
visita virtual ao interior da mina. E<br />
deste modo os cerca de 700 residentes<br />
da aldeia mineira recuperam<br />
a esperança num futuro melhor. ■<br />
António Sérgio Azenha [texto e fotos]