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Fevereiro 2008 - Inatel

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PATRIMÓNIO<br />

Mina do Lousal (Grândola)<br />

Uma Mina para o Turismo<br />

A dimensão da antiga Central Eléctrica, com um pé direito<br />

impressionante, um centro de comando gigantesco e uma<br />

multiplicidade de maquinaria impossível de abarcar com um único<br />

olhar, é apenas a evocação de um tempo de sacrifícios.<br />

O BRILHO das máquinas e o asseio<br />

do chão e das paredes embelezam<br />

um espaço que há menos de duas<br />

décadas era conhecido como “a<br />

frigideira” entre os mineiros do<br />

Lousal, uma mina de pirites no concelho<br />

de Grândola que chegou a<br />

empregar mais de três mil pessoas.<br />

Manuel João, mineiro durante 14<br />

anos no Lousal, é uma enciclopédia<br />

viva sobre a antiga mina. De rosto<br />

vincado pela passagem dos anos e<br />

queimado da exposição ao sol alentejano,<br />

este mineiro de 55 anos de<br />

idade revive com um entusiasmo<br />

surpreendente a sua experiência<br />

profissional com os turistas. E a<br />

enorme sala da antiga Central<br />

Eléctrica, hoje transformada em<br />

museu, serve de palco ideal a esse<br />

exercício de memória: “Aqui, nem<br />

as mulheres da limpeza vinham. A<br />

gente é que fazia tudo. Ninguém<br />

sabia qual era a cor do chão. Era só<br />

óleo. Chamávamos a isto a<br />

frigideira”.<br />

À medida que a visita prossegue<br />

e os turistas contemplam a maquinaria,<br />

o antigo mineiro vai desfiando<br />

o fio da memória: “Às vezes perguntávamos<br />

a nós próprios: onde é<br />

que a malta vai? E a resposta vinha<br />

em conjunto: ‘Vamos ao Tarrafal!’”.<br />

26 TempoLivre <strong>Fevereiro</strong> <strong>2008</strong><br />

GUIA<br />

Como ir:<br />

A partir de Lisboa, apanhar a A2<br />

em direcção ao Algarve, sair em<br />

Grândola e tomar a direcção de<br />

Azinheira dos Barros, através da<br />

E.N. 259 e 261. A seguir a Azinheira<br />

dos Barros, uma placa indica Mina<br />

do Lousal para a direita: a aldeia<br />

mineira fica a 10 Km da E.N. 261.<br />

Onde comer<br />

Em pleno complexo turístico da<br />

Mina do Lousal, o Restaurante<br />

Armazém Central serve gastronomia<br />

típica alentejana.<br />

Onde ficar<br />

O complexo mineiro oferece estada<br />

na Albergaria de Santa Bárbara dos<br />

Mineiros. Contacto: 269 508 630<br />

albergariastabarbara@gmail<br />

Frigideira e Tarrafal eram designações<br />

diferentes para o mesmo<br />

objecto: a Central Eléctrica, coração<br />

do funcionamento da Mina de<br />

pirites do Lousal, minério cujo destino<br />

era a produção de ácido sulfúrico,<br />

onde as temperaturas atingiam<br />

valores insuportáveis.<br />

O sofrimento causado pelo calor<br />

não acontecia apenas à superfície.<br />

No interior da mina, as temperaturas<br />

também podiam tornar-se<br />

insuportáveis. E Manuel João não<br />

esquece essa experiência: “um dia,<br />

fui, mais um colega, dentro da mina<br />

arranjar uma máquina que tinha<br />

avariado, a uma profundidade de<br />

470 metros. Ficamos dentro da<br />

mina 38 horas, com uma temperatura<br />

de 50º ou 60º e água até à cintura.<br />

Foi o máximo que fiz, e eu sou<br />

uma criança ao pé desses homens<br />

que foram toda a vida mineiros”.<br />

A exploração mineira do Lousal<br />

terminou em 1988, depois de uma<br />

intensa actividade iniciada em<br />

1900. Um relógio afixado numa<br />

parede da Central Eléctrica regista<br />

desde então o fim dos trabalhos:<br />

15h30, “hora do fecho da mina, com<br />

o turno da manhã”, recorda<br />

Manuel João. A voz ainda denuncia<br />

a emoção desse momento: “o fecho

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