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Fevereiro 2008 - Inatel

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Ser “despistado”<br />

pode ser doença...<br />

Todos nós conhecemos pessoas muito distraídas, sempre ausentes,<br />

como se vivessem noutro planeta: são os<br />

“despistados”…Geralmente estas pessoas são aceites com<br />

benevolência, mas quando é demais pode ser doença e causar<br />

grande embaraço e sofrimento ao próprio.<br />

M.Augusta Drago<br />

Amaior parte das pessoas já<br />

ouviram falar em crianças<br />

hiperactivas e com défice<br />

de atenção. Ignoram, porém,<br />

que estas crianças podem dar<br />

lugar a adultos com as mesmas características.<br />

Mas é mais frequente<br />

encontrar adultos só com défice de<br />

atenção e sem hiperactividade.<br />

A grande maioria destas pessoas<br />

e os que as rodeiam admitem que,<br />

para o bem e para o mal, essa é a<br />

sua natureza, uma maneira diferente<br />

de estar na vida e raramente<br />

procuram ajuda.<br />

As pessoas de que estamos a falar<br />

são aquelas que frequentemente<br />

não conseguem estar atentas durante<br />

muito tempo; frequentemente<br />

erram as tarefas que exigem<br />

esforço de concentração; também<br />

frequentemente parecem não ouvir<br />

quando falamos com elas; saltitam<br />

com frequência de umas tarefas<br />

para outras… Estes sintomas são<br />

persistentes e contínuos, nunca<br />

regredindo de forma espontânea.<br />

Alertam o próprio e os familiares<br />

para a necessidade de procurar<br />

ajuda.<br />

A maioria dos especialistas reconhece<br />

que esta doença se apresenta<br />

segundo três padrões: o indivíduo<br />

desatento, o hiperactivo-impulsivo<br />

e o padrão misto. O adulto com esta<br />

patologia é normalmente portador<br />

dum mau-humor excessivo e frequente.<br />

O comportamento destes<br />

doentes é um factor de grande<br />

instabilidade na vida familiar.<br />

As primeiras perturbações surgem,<br />

em geral, antes dos sete anos e<br />

manifestam-se em pelo menos dois<br />

ou mais ambientes (ex.: na escola e<br />

no emprego) e em casa.<br />

As pessoas com défice de atenção<br />

evitam tarefas monótonas e situações<br />

em que tenham de estar atentos<br />

durante algum tempo, porque<br />

se distraem com qualquer estímulo<br />

irrelevante e exterior à tarefa. Não<br />

conseguem controlar voluntariamente<br />

a atenção, geram frequentemente<br />

situações de constrangimento<br />

social e embaraço nos ambientes<br />

de trabalho. Têm relações crispadas<br />

com os colegas que se queixam de<br />

que “não ouve nada do que se lhe<br />

BOAVIDA<br />

Saúde<br />

diz”. Saltitam de emprego para<br />

emprego. Estas pessoas podem estar<br />

muito motivadas e iniciarem projectos<br />

com grande qualidade, mas são<br />

incapazes de arrancar com eles para<br />

a frente, porque logo a seguir a sua<br />

atenção se dispersa por outras iniciativas<br />

que lhe surgem no momento.<br />

Muitos dos doentes com défice<br />

de atenção são também hiperactivos<br />

e impulsivos. Não conseguem<br />

aguardar a sua vez numa fila e frequentemente<br />

fazem tentativas desastradas<br />

de passar à frente. Esta<br />

impulsividade manifesta-se principalmente<br />

ao volante. Têm uma<br />

condução perigosa que é reconhecida<br />

pelos próprios. Conforme vem<br />

descrito na literatura médica, “a<br />

impulsividade aliada ao défice de<br />

atenção faz destes doentes um perigo<br />

público potencial nas estradas”<br />

As pessoas que sofrem desta<br />

doença vivem com o sentimento de<br />

frustração por não conseguirem<br />

manter um emprego ou realizar as<br />

tarefas que se propõem até ao fim.<br />

Um número significativo sofre de<br />

perturbações de humor/ansiedade<br />

e de consumo excessivo de álcool e<br />

outras substâncias.<br />

É urgente que o défice de atenção<br />

no adulto seja identificado o mais<br />

precocemente possível, porque tem<br />

tratamento e com ele podemos<br />

poupar muito sofrimento aos doentes<br />

e às suas famílias. ■<br />

medicofamilia@clix.pt<br />

<strong>Fevereiro</strong> <strong>2008</strong> TempoLivre 69

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