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Fevereiro 2008 - Inatel

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PERCURSOS<br />

cidos à conversa. É como se todos se<br />

conhecessem, como se naquele<br />

momento todos vivessem na mesma<br />

aldeia.<br />

Com o som da água que corre<br />

sem parar como fundo, ti’Lena lembra<br />

com saudade o tempo em que<br />

se apanhava a azeitona e quando os<br />

dois lagares estavam a funcionar.<br />

Produziam-se muitos litros de<br />

azeite na aldeia, de qualidade «até o<br />

cheiro era outro, notava-se que era<br />

bom». Depois dos lagares fecharem<br />

ainda se fez azeite durante algum<br />

tempo num lagar de uma povoação<br />

vizinha, mas uma vez «misturaram<br />

qualquer coisa e nem para as lamparinas<br />

da igreja servia. Cheirava<br />

mal. Parecia que tinha óleo de carro<br />

misturado. Foi tudo para o lixo».<br />

Apesar de terem insistido, ti’Lena<br />

nunca fez queixa do sucedido, mas<br />

o lagar acabou por fechar.<br />

No Talasnal ainda se mantêm as<br />

38 TempoLivre <strong>Fevereiro</strong> <strong>2008</strong><br />

videiras seculares. Ti’Lena está sentada<br />

por baixo de uma que já ali<br />

estava quando nasceu. «Tem mais<br />

de 200 anos», assegura. As uvas são<br />

morangueiras e tão doces que<br />

apetece comer muitas. São de todos<br />

e podem-se provar sem receio.<br />

Nesta pequena aldeia ainda se<br />

pode beber um licor ou aguardente<br />

de bolota, castanha, medronho ou<br />

mel, preparado como antigamente.<br />

São sabores que se mantêm e se<br />

encontram tanto na loja de artesanato,<br />

onde se compram os talasni-<br />

cos (bolos típicos), como no restaurante<br />

ou no Curral. O bar que funciona<br />

numa das casas recuperadas,<br />

onde os bancos são troncos de<br />

madeira e as mesas grandes lajes de<br />

lousa. Nas paredes de pedra estão<br />

expostos utensílios de outros tempos:<br />

cadimas – espécie de serrote<br />

usado por duas pessoas que serviam<br />

para cortar tábuas; um ou outro<br />

mangual – instrumento que servia<br />

para bater o milho nas debulhas;<br />

várias turqueses, entre outros. Nos<br />

barrotes do tecto, vários papéis pendurados<br />

com dedicatórias são testemunhos<br />

de quem por aqui passou.<br />

É possível pernoitar na maior das<br />

sete aldeias serranas da Lousã. Mas,<br />

à excepção da Casa de Abrigo, todas<br />

as habitações para alugar pertencem<br />

a particulares e podem ser<br />

reservadas por telefone. ■<br />

Maria Leonor Vicente [texto]<br />

Vítor Castilho [fotos]

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