Fevereiro 2008 - Inatel

BOAVIDA
Músicas
Seu Jorge e Simone
O presente e o futuro
da Música Popular
Brasileira
A música brasileira ocupa, este mês, a totalidade deste espaço da “TL”, habitualmente
dedicado à edição discográfica. Em causa estão “América Brasil”, de Seu Jorge
e “O Melhor de Simone – Começar de Novo”.
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Vítor Ribeiro
Seu Jorge, 37 anos, cantor,
músico e compositor, começou
a ser conhecido
do grande público, depois
do seu contributo, como actor,
no filme “Cidade de Deus”, obra de
denúncia dessa vergonhosa realidade
social do século XXI chamada
“favela”.
Seu Jorge Mário da Silva, que
nasceu de uma família paupérrima,
no Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense,
sabe do que fala quando,
no CD “América Brasil”, descreve o
dia-a-dia do ex-assalariado brasileiro
empurrado para a marginalidade
do biscate, ou do “quadro intermédio”
licenciado, que a globalização
vai remetendo para uma
frustrante proletarização, alargando
assim as fronteiras de uma miséria
envergonhada.
Em temas como “Trabalhador”,
“A Burguesinha” ou “A Mina do
Condomínio”, Seu Jorge, sem alar-
de nem demagogia, obriga-nos tomar
consciência da enorme contradição
social em que se transformaram
o Brasil e a América Latina
em geral. Estamos a falar de uma
das mais ricas regiões do Globo,
com importantíssimos recursos naturais,
cujas populações vivem, na
esmagadora maioria, em inenarrável
estado de pobreza.
O CD de Seu Jorge, só por si, não
mudará tão lamentável estado de
coisas. “América Brasil” é, no entanto,
um oportuno e singular exercício
de cidadania de um autor nascido
e criado num país que, entre
muitas outras coisas, se distingue
pela simpatia, generosidade e paciência
do seu povo. “América Brasil”
dá que pensar. Pensemos.
SIMONE ESPLÊNDIDA E MÁGICA
Simone é “A voz” da Música Popular
Brasileira. Também por isso,
não se deve perder o duplo-CD “O
Melhor de Simone – Começar de
Novo”. Vinte e oito excelentes in-