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1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

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— íg —<br />

táquiçáua" (Pcltogyne para<strong>do</strong>xo D., leguminosa), arvore <strong>de</strong> casca vermelho ferruginoso<br />

inteiramente lisa e <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira durissima, violacea. Os ramos estéreis d'essa<br />

arvore formam uma copa <strong>de</strong> aspecto commum na altura da abobada geral da matta,<br />

mas sobre os mesmos se erguem, verticalmente e até gran<strong>de</strong> altura, alguns (em<br />

geral <strong>de</strong> 2 a 4) ramos flexuosos, quasi aphyllos, que sustentam, em suas pontas, as<br />

inflorescencias. Todas as folhas, principalmente as poucas que se encontram nos ramos<br />

férteis, são em sua pagina inferior revestidas por uma camada <strong>de</strong> cera branca. O nome<br />

indígena da arvore significa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> "coatá" (macaco freqüente na região amazônica),<br />

porque um <strong>de</strong>sses animaes trepa<strong>do</strong>s, nos flexiveis ramos verticaes seria nelles embala<strong>do</strong>,<br />

como numa re<strong>de</strong>, pelo vento. Essa arvore curiosissima é bastante freqüente<br />

em todas as pequenas serras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a dé Itauajury em Montealegre até as <strong>do</strong> interior<br />

<strong>de</strong> Macapá, e eminentemente typica da paizagem das mesmas. A extensa chapada<br />

suavemente inclinada em direcção ao <strong>Rio</strong> Paru é um campo pedregoso que no inverno<br />

offerece bôa pastagem para o ga<strong>do</strong>.<br />

2-7: Em canoa, Amazonas para cima; entrada no Aramun, <strong>de</strong> águas claras e<br />

forte correnteza, o maior <strong>do</strong>s pequenos affluentes situa<strong>do</strong>s entre os rios Paru e Jauary<br />

(este ultimo <strong>de</strong>semboca abaixo da villa <strong>de</strong> Prainha). Fiquei na casa <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> pequeno rio, pouco distante da serra que pretendia subir. O Aramun<br />

limita a leste a região <strong>do</strong>s campos <strong>do</strong> rio Jutahy (nrnto menor que aquelle e <strong>de</strong> águas<br />

quasi paradas, mas <strong>de</strong> maior importância commercial por ser o caminho que conduz<br />

ás principaes fazendas <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ditos campos) e é em parte margea<strong>do</strong> por<br />

"igapós", mas em muitos logares encostam na beira "pontas da terra firme" (pie dão<br />

accesso ao campo alto (rumo <strong>do</strong> Jutahy), na margem direita e á Serra <strong>do</strong> Aramun,<br />

na margem esquerda. Emprehendi varias excursões nesses campos, e subi- também a<br />

serra, que se compõe <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> íngremes morros, em cima planos e da altitu<strong>de</strong><br />

talvez <strong>de</strong> 300 metros mais ou menos liga<strong>do</strong>s uns aos outros; a vertente occi<strong>de</strong>ntal sustenta<br />

uma matta medíocre e bastante secca, mas na chapada, caminhan<strong>do</strong> em direcção<br />

a leste, encontrei matta alta, um <strong>do</strong>s poucos logares on<strong>de</strong> observei a colossal Vochysia<br />

granais Mart. Nessa mesma matta encontrei ainda a " sorva" <strong>do</strong>s arre<strong>do</strong>res dé<br />

Belém (Couma guiancnsis Aubl.) assim como observei, na margem <strong>do</strong> rio, a Qualea<br />

speciosa Hub., <strong>do</strong>s igapós <strong>do</strong> estuar'0 amazônico; a zona <strong>de</strong> xMmeirim ao Jutahy e<br />

Parauaquara constitue evi<strong>de</strong>ntemente uma transição entre a flora <strong>do</strong> dito estuário e<br />

a <strong>do</strong> baixo Amazonas propriamente dito, e nella elementos pertencentes ás duas -floras<br />

encontram os seus limites, occi<strong>de</strong>ntal ou oriental, respectivamente. O "jará" ou<br />

" mucury" <strong>do</strong> baixo Amazonas vem até o Aramun, a " oeirana" ou salgueiro <strong>do</strong><br />

Amazonas (Sali.v Martiana Leyb.) <strong>de</strong>sce o Amazonas até em frente á villa <strong>de</strong> Almeirim.<br />

A "pracuúba" <strong>do</strong> estuário (Mora paraensis D.) sobe até o Jutahy; a Couralia<br />

jluviatilis Splitg. e a Dimorphandra macrostachya Benth., até o Parauaquara;<br />

o limite <strong>do</strong> " acapú" sobe perto <strong>do</strong> Amazonas até Almeirim, afastan<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong>pois,<br />

<strong>de</strong>sse rio e recuan<strong>do</strong> ao noroeste para o longínquo " centro ".<br />

7-7: Entrei no pequeno porto <strong>do</strong> Bom Logar, abaixo da boca <strong>do</strong> Aramun. perto<br />

<strong>do</strong> morro isola<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Serra <strong>de</strong> Tucumanduba. Na matta da terra firme encontrei<br />

numerosas arvores <strong>de</strong> "tapaiuna" (Dicorynia ingens D.) <strong>de</strong> dimensões muito gran<strong>de</strong>s.<br />

8-7: Cheguei, <strong>de</strong> volta, a Arumanduba, in<strong>do</strong> logo á noite, numa lancha, até os<br />

castanhaes <strong>do</strong> rio Paru, que pertencem ao mesmo <strong>do</strong>no, o sena<strong>do</strong>r José Júlio <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong>; passei uma parte <strong>do</strong> dia 9 nos arre<strong>do</strong>res da pittoresca cachoeira Panáma, em<br />

cujo "pedral" florescia uma espécie gran<strong>de</strong> e muito linda <strong>do</strong> gênero Mourcra (po<strong>do</strong>stemaceas).<br />

Na matta colhi em flor a " massaranduba" verda<strong>de</strong>ira <strong>do</strong> Pará, Mimusops<br />

Hnbcri Ducke. Regressei na noite seguinte, com boas collecções.<br />

11-7: Excursão á Serra <strong>de</strong> Almeirim, distante talvez uns cinco kilometros <strong>de</strong><br />

Arumanduba, toda coberta <strong>de</strong> magnífica floresta. Essa serra e a <strong>de</strong> Arumanduba

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