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1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

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5-2: Embarquei novamente na lancha da linha <strong>de</strong> navegação <strong>do</strong> Trombetas,<br />

fican<strong>do</strong> no Lago Salga<strong>do</strong> on<strong>de</strong> pela ultima vez tinha esta<strong>do</strong> em outubro <strong>de</strong> 1919<br />

(veja-se o meu primeiro relatório). Nas opulentas mattas das terras altas a leste<br />

havia flores quasi só nos castanheiros, mas colhi especimens fructiferos d'uma<br />

curiosa myrtacea cujas folhas exhalam forte cheiro <strong>de</strong> aniz e que é conhecida pelo<br />

nome <strong>de</strong> " páo <strong>de</strong> herva <strong>do</strong>ce".<br />

8-2: De volta para Óbi<strong>do</strong>s.<br />

10-2: Embarquei para Belém on<strong>de</strong> cheguei a 13. Levei uma gran<strong>de</strong> collecção<br />

<strong>de</strong> plantas seccas, em bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação, o mesmo não se dan<strong>do</strong> com as<br />

mudas vivas que foram muito prejudicadas com o mão acondicionamento a bor<strong>do</strong> das<br />

embarcações.<br />

14-2 a 22-3: Permaneci na capital, occupan<strong>do</strong>-me sobretu<strong>do</strong> em comparar o material<br />

adquiri<strong>do</strong> nas ultimas viagens com as amostras botânicas conservadas no Museu,,<br />

e na incrementação <strong>do</strong> serviço das plantas vivas n'essa quadra <strong>do</strong> anno em que<br />

fructifica a maioria das arvores paraenses. A<strong>do</strong>eci, em fins <strong>de</strong> fevereiro, <strong>de</strong> febre<br />

palustre (terça maligna, adquirida evi<strong>de</strong>ntemente no Trombetas), a qual porém<br />

ce<strong>de</strong>u promptamente ao tratamento methodico pela quinina e pelo azul <strong>de</strong> methyleno.<br />

A mesma <strong>do</strong>ença atacou também o servente que me tinha acompanha<strong>do</strong> na ultima<br />

viagem e que preferiu <strong>de</strong>ixar o emprego a sujeitar-se a novas estadias em zonas<br />

impaludadas.<br />

23 a 28-3: Excursão, pela Estrada <strong>de</strong> Ferro, á Estação Experimental <strong>de</strong> Peixeboi<br />

e a Bragança, sob chuva quasi continua mas com feliz resulta<strong>do</strong>: encontrei<br />

floridas duas leguminosas arbóreas <strong>do</strong>s arre<strong>do</strong>res d'essa cida<strong>de</strong>, em observação <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o começo <strong>de</strong> 1923 (Parkia reticulata n. sp. e Swartsia psilonema Harms.). Fora<br />

preciso ir oito vezes a Bragança para conseguir essas flores, não incluin<strong>do</strong> as<br />

viagens feitas por pessoal ao meu serviço durante os annos <strong>de</strong> 1924 e 192S !<br />

9 a 17-4: Em Soure, o porto principal da ilha <strong>de</strong> Marajó, na foz <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Pará,<br />

cida<strong>de</strong>zinha procurada nos mezes seccos por gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> veranistas da capital<br />

mas escassamente habitada na estação das chuvas que por occasião da minha estadia<br />

ia em sua maior intensida<strong>de</strong>; se<strong>de</strong> d'um <strong>do</strong>s municípios mais ricos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, seu<br />

aspecto é no emtanto o <strong>de</strong> uma pequena villa <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s nor<strong>de</strong>stinos. Os arre<strong>do</strong>res<br />

próximos são cobertos d'uma mattinha, pobre em espécies e por trechos com<br />

formações quasi puras <strong>de</strong> palmeiras "inajá" (Maximiliana regia), e que alterna com<br />

pequenos campos, inunda<strong>do</strong>s no tempo das chuvas, <strong>de</strong> transito difficil para quem<br />

viaja a pé nesses mezes; os campos <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, <strong>de</strong> importância maior, ficam<br />

distantes. Curiosa é a presença freqüente, n'essa mattinha, da "jarána" das mattas<br />

virgens da E. <strong>de</strong> F. <strong>de</strong> Bragança (Chytroma jarána Hub., fam. lecythidaceas)<br />

em indivíduos <strong>de</strong> tamanho muito reduzi<strong>do</strong>. Mais interessantes para o botânico são<br />

as formosas praias á margem <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Pará o qual forma, em sua embocadura, uma<br />

vastíssima bahia cuja água é pouco salobra no inverno mas francamente salgada<br />

no fim <strong>do</strong> verão; percorri a Praia <strong>de</strong> Matafome com os adjacentes mangaes <strong>do</strong><br />

Araruna, e a <strong>de</strong> Salvaterra até o Igarapé Jubim. Pre<strong>do</strong>minam, nas praias altas, o<br />

"ajurú" (Chrysobalanus icaco), o "murucy" (Byrsonima crassifolia H. B. K.),<br />

duas espécies <strong>de</strong> Guettarda (rubiaceas) e o cajueiro commum; nas praias baixas<br />

notei a presença da Doâomea viscosa Jacqu. (fam. sapindaceas), da Caesalpinia<br />

bonducella (L.) Roxb. (leguminosas) e d'um Capparis. Em logares pantanosos encontrei<br />

a Eperua bijuga Mart., com ma<strong>de</strong>ira bonita e magníficas flores roseo-purpureas,<br />

espécie <strong>de</strong> origem amazônica em contraste com as plantas prece<strong>de</strong>ntemente<br />

citadas que são cosmopolitas <strong>de</strong> beiramar tropical ou tropicaes panamericanas; <strong>de</strong><br />

algumas sementes maduras consegui mudas d'esta esplendida planta, <strong>de</strong> sorte que<br />

actualmente possuimos, no <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>, representantes amazônicos d'esse mais

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