1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
— 44 —<br />
9-7: Em canoa, pelo "furo" ou rio Macujubim, para o <strong>Rio</strong> Jaburu on<strong>de</strong> me<br />
hospe<strong>de</strong>i no <strong>de</strong>posito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>do</strong> sr. Accioly, um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s exporta<strong>do</strong>res da zona.<br />
Junto á casa, num " igapó " rico <strong>de</strong> epiphytas, <strong>de</strong>scobri a nova e bella espécie Schegclia<br />
paracnsis D. (arbusto epiphytico e escan<strong>de</strong>nte da família das bignonaceas) ; sequei<br />
amostras e plantei vários ramos que não chegaram a brotar.<br />
10 a 12-7. Em canoa pelo estreito rio Jaburuzinho, <strong>de</strong> águas negras porém<br />
limpas, até os pontos on<strong>de</strong> apparecem terras não inundáveis em cuja matta se explora<br />
o já por diversas vezes cita<strong>do</strong> " páo amarello" ou " páo setim " (Euxylophora paracnsis<br />
Hub.). Consegui, n'essas mattas, amostras floriferas da Dinizia cxcelsa D. (um <strong>do</strong>s<br />
" angelins" da região e uma das arvores que attingem maior altura n ! o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Pará) e da já citada Parkia ingens D.<br />
13-7: Do estabelecimento <strong>do</strong> sr. Accioly para Breves, em canoa.<br />
14 e 15-7: Excursões na já <strong>de</strong>scripta matta <strong>do</strong>s arre<strong>do</strong>res da cida<strong>de</strong>zinha que,<br />
mais ainda pelo paludismo <strong>do</strong> que pela queda <strong>do</strong> preço da borracha, se acha em extremo<br />
<strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte; o mesm|o já se não pô<strong>de</strong> dizer <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> seu municipio on<strong>de</strong>,<br />
apezar <strong>do</strong> pre<strong>do</strong>minio das mattas pantanosas, lia logares bastante saudáveis e se <strong>de</strong>senvolvem<br />
as industrias extractivas da ma<strong>de</strong>ira para construcçao e marcenaria, da lenha<br />
e das sementes oleosas, assim como as lavouras <strong>do</strong> arroz e, em alguns pontos, também<br />
da canna <strong>de</strong> assucar. Menciono, <strong>do</strong> bom material botânico, colhi<strong>do</strong>, o cipó Machacrium<br />
aurciflorum D. que aberra <strong>do</strong> gênero pelo tronco achata<strong>do</strong> como nas espécies<br />
escan<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Bauhinia, e pelas flores amarellas.<br />
17-7: Tomei em Breves um vapor em viagem para o Tapajoz, afim <strong>de</strong> completar<br />
os meus trabalhos interrompi<strong>do</strong>s pelo acci<strong>de</strong>nte já referi<strong>do</strong> na minha ultima estadia<br />
nesse rio. Amanhecemos em 21 no porto <strong>de</strong> Goyana on<strong>de</strong> felizmente haviam cessa<strong>do</strong><br />
as epi<strong>de</strong>mias; no mesmo dia, porém, em excursão ás mattas <strong>de</strong> Villa Braga, softri<br />
a <strong>de</strong>cepção <strong>de</strong> que também já não havia tantas arvores em flor como em maib, repetin<strong>do</strong>-se<br />
a mesma observação nos <strong>do</strong>is dias seguintes, em excursões á campina <strong>do</strong><br />
Perdi<strong>do</strong> e á matta da estrada entre São Luiz e Bella Vista.<br />
24-7: Pela estrada <strong>de</strong> Bella Vista até o barracão <strong>do</strong> Periquito on<strong>de</strong> permaneci até<br />
27, realizan<strong>do</strong> excursões nas mattas vizinhas e na margem <strong>do</strong> rio inclusive o " pedral"<br />
das cachoeiras já em parte <strong>de</strong>scoberto com a baixa das águas.<br />
28-7: Ten<strong>do</strong> consegui<strong>do</strong> uma "montaria" (canoa pequena) e tripulantes para<br />
a viagem nas cachoeiras, segui para o porto <strong>do</strong> Pimental, pela estrada <strong>de</strong>scripta no<br />
meu relatório <strong>de</strong> 1919. Descobri na matta o único exemplar até agora observa<strong>do</strong> da<br />
Vatairea fusca D. (leguminosa) e encontrei, no Pimental, em flor, a Sterculia stipulifcra<br />
D., a mais bonita das espécies amazônicas <strong>do</strong> gênero e que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> vários annos<br />
já conhecia em esta<strong>do</strong> íructifero.<br />
29 a 31-7: Subida para o logar Francez, na "montaria" tripulada por pessoal<br />
consegui<strong>do</strong> com muita difficulda<strong>de</strong> e mediante pagamento <strong>de</strong> salário <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>; o serviço<br />
da " pilotagem " era confia<strong>do</strong> a uma mulher, o que a principio me causava apprehensões<br />
as quaes porém se dissiparam quan<strong>do</strong> vi a mesma, nas correntezas <strong>de</strong>sencontradas<br />
da cachoeira Boburé, manejan<strong>do</strong> com força e perícia o "jacuman", leme <strong>de</strong><br />
mão feito <strong>de</strong> uma só peça <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />
1 a 2-8: Excursões nos arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> logar Francez on<strong>de</strong> encontrei a matta<br />
nas mesmas condições da minha visita passada (outubro 1922) : <strong>de</strong>masiadamente secca.<br />
Ha muitos dia sou talvez semanas nada ou pouco chovia nesse trecho <strong>do</strong> rio <strong>de</strong> águas<br />
paradas, emquanto nas cachoeiras <strong>de</strong> baixo cahiam quasi diariamente aguaceiros com<br />
trovoadas e também rio acima, nas cachoeiras da Montanha e <strong>do</strong> Mangabal, não<br />
faltavam chuvas. Colhi d'essa vez os fructos maduros da bella Talamna amazônica<br />
D. e da enorme Cariniana rubra Miers, cujas flores já tinha obti<strong>do</strong> em outras occasiões.