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1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

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— 21 —<br />

23 e 24-8: De Altamira pela péssima "Estrada <strong>do</strong> Ambé " que também é chamada<br />

" Estrada <strong>do</strong> Povo" mas em realida<strong>de</strong> explorada por commerciantes syrios; a primeira<br />

meta<strong>de</strong> atravessa capoeiras e roças em solo <strong>de</strong> argilla vermelho arroxea<strong>do</strong><br />

muito fértil; na segunda meta<strong>de</strong>, em terreno silico-argilloso, pre<strong>do</strong>mina a matta on<strong>de</strong><br />

o " acapú " ainda se conserva freqüente. Essa estrada atravessa o alto Ambé e termina<br />

no curso superior <strong>do</strong> Tucuruhy, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> em 25-8, com menos <strong>de</strong> um dia <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scida em canoa, alcancei Victorla. Na margem <strong>do</strong> alto Tucuruhy <strong>de</strong>scobri o Bombax<br />

macrocalyx D., cujo cálice <strong>de</strong> fôrma espathacea é entre os Bombax tão anormal<br />

quanto o é o <strong>do</strong> Pithecolobium macrocalyx (ha pouco menciona<strong>do</strong>) n'este ultimo gênero<br />

botânico; o interessante é que as duas espécies sem nenhuma affinida<strong>de</strong>, mas<br />

notáveis pela idêntica anomalia em relação aos caracteres <strong>de</strong> seus gêneros, habitam<br />

a mesma região. Nas águas rasas <strong>de</strong> forte correnteza, <strong>do</strong> alto Ambé como <strong>do</strong> alto<br />

Tucuruhy, vive a Thurnia spliaerocc/hala Hook. f., uma das duas representantes d'uma<br />

familia rara, conhecida <strong>de</strong> poucas localida<strong>de</strong>s (Guiana ingleza, Manáos, Óbi<strong>do</strong>s, região<br />

<strong>do</strong> Trombetas, e Xingu).<br />

27-8: Desci n'um vapor fluvial até Gurupá, porto on<strong>de</strong> na subida tinham embarca<strong>do</strong><br />

os <strong>do</strong>is trabalha<strong>do</strong>res ao meu serviço; um d'estes, bom matteiro, homem <strong>de</strong><br />

toda confiança, vinha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Altamira gravemente <strong>do</strong>ente <strong>de</strong> febre palustre, e isso me<br />

moveu a permanecer naquella cida<strong>de</strong>zinha <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> recursos médicos, para tratar<br />

o enfermo na medida das minhas possibilida<strong>de</strong>s. Obtive feliz resulta<strong>do</strong>, e ao mesmo<br />

tempo reuni bôa collecção <strong>de</strong> plantas nos arre<strong>do</strong>res da localida<strong>de</strong>, os quaes, como já<br />

disse, se <strong>de</strong>stacam pela extrema varieda<strong>de</strong> c a exhuberancia magnífica da vegetação.<br />

De regresso a Belém em 14-9, pernaneci na capital somente 11 dias que mal me chegaram<br />

para acabar a preparação das amostras <strong>de</strong> plantas e pôr as mesmas em or<strong>de</strong>m.<br />

25-9: Embarquei para o logar Antônio lemos, na margem <strong>do</strong> Tajapuru, o principal<br />

<strong>do</strong>s " canaes" <strong>de</strong> Breves, na parte central <strong>do</strong> immenso estuário amazônico;<br />

empreguei os dias seguintes em excursões, por terra e por água. aos arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

dito logar e ao "furo" Macujubim que liga o Tajapuru a outros canaes a leste. A<br />

ex-futura cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Antônio Lemos foi fundada sob os auspícios <strong>do</strong> político <strong>do</strong> mesmo<br />

nome para nella se iiiitallar a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Breves, sen<strong>do</strong>, porém, os seus<br />

improvisa<strong>do</strong>s habitantes <strong>de</strong>pressa anniquila<strong>do</strong>s ou dispersos por uma formidável epi<strong>de</strong>mia<br />

<strong>de</strong> paludismo; encontrei, no emtanto, os mora<strong>do</strong>res das duas únicas casas ainda<br />

habitadas com bastante saú<strong>de</strong> apesar das difficulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentação. Essa parte <strong>do</strong><br />

estuário amazon'co consiste em innumeras ilhas e uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canaes <strong>de</strong> vários tamanhos<br />

cujo maior, o Tajapuru, <strong>de</strong>speja constantemente água <strong>do</strong> Amazonas no rio<br />

Pará; to<strong>do</strong>s esses canaes estão sujeitos ao regimen das marés que alagam também<br />

(em todas as enchentes ou somente nas maiores) as ilhas com excepção <strong>de</strong> poucos<br />

trechos mais altos. Visitei vários d'estes, nos arre<strong>do</strong>res próximos <strong>de</strong> Antônio Lemos<br />

e na região <strong>do</strong> Macujubim e seu affluente Macujubimzinho, on<strong>de</strong> a matta é bellissima<br />

e parece ser mais variada em espécies que nos arre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Belém; as arvores pre<strong>do</strong>minantes<br />

são aliás as mesmas, embora acerescidas pela presença freqüente <strong>do</strong> " cedro-rana"<br />

e d'uma das espécies <strong>de</strong> "angelim" (Dinicia excelsa D.) que ambas pertencem<br />

ás maiores arvores da Amazônia; faltam em compensação certas espécies características<br />

<strong>de</strong> Belém, como a " folha <strong>de</strong> ouro'" e a " folha <strong>de</strong> prata". A vegetação<br />

das ilhas inundáveis, como se acha á margem <strong>do</strong>s rios navegáveis, foi optimamente<br />

<strong>de</strong>scripta pelo extineto dr. Jacques Huber (vêr Boletim <strong>do</strong> Museu Paraense vol. III),<br />

faltan<strong>do</strong> apenas mencionar as duas arvores gran<strong>de</strong>s cujos troncos com casca bastante<br />

lisa avermelhada ou esbranquiçada e muni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> enormes " sapopemas" se assemelham<br />

ao ponto <strong>de</strong> serem freqüentes vezes <strong>de</strong>signadas pelo mesmo nome <strong>de</strong> " pracuúba":<br />

Mora paracnsis D., "pracuúba vermelha" ou "p. branca" (leg. caesalp.),<br />

e Glycoxylon Ilubrri D., "pracuúba <strong>do</strong>ce" ou "páo <strong>do</strong>ce" (sapotaceas). Precisa-se

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