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1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

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— 27 —<br />

Helkostylis, Naucleopsis e Helianthostylis, <strong>do</strong>s quaes os três primeiros em geral compostos<br />

<strong>de</strong> arvores • gran<strong>de</strong>s. Em vários pontos, a estrada approxima-se da margem encachoeirada<br />

<strong>do</strong> rio <strong>de</strong> cuja vegetação peculiar mencionarei: a " maparajuba " Mimiisaps<br />

excclsa D., differente das maparajubas das outras regiões <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a qual attinge<br />

dimensões enormes e cuja ma<strong>de</strong>ira se confun<strong>de</strong> com a da " massaranduba" ; a Martiusia<br />

chita D., (fam. leguminosas) com flores áureas, lindas, vagens purpureas, troncos<br />

brancos com " sapopemas" enormes e ma<strong>de</strong>ira duríssima; a Palovea brasiliensis<br />

D. com flores vermelho escuro e o Uleanthus crythrinoidcs Harms com pétalas ora<br />

roseas ora azues e ma<strong>de</strong>ira bonita, ambas leguminosas e arvores menores; o "pajurárana"<br />

Licania parinario<strong>de</strong>s Hub., rosacea com folhagem bonita e fruetos gran<strong>de</strong>s. No<br />

Pimental existe uma povoação formada em sua maioria por elementos humanos em<br />

fluetuação por to<strong>do</strong> o médio Tapajoz paraense até a collectoria <strong>de</strong> Matto Grosso e<br />

cuja existência está ligada ao movimento das canoas movidas a gazolina que fazem o<br />

commercio entre Pimental e a Barra <strong>do</strong> São Manoel, se<strong>de</strong> da dita collectoria; essas<br />

embarcações vencem as cachoeiras (que aliás. n'esse trecho não offerecem gran<strong>de</strong>s<br />

perigos) e gastam na subida, não viajan<strong>do</strong> <strong>de</strong> noite, 8 dias, quan<strong>do</strong>, d'antes, a remo<br />

* S vara, a duração da viagem era calculada em 40 dias! Nos arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Pimental<br />

a terra, argilla vermelho-escuro, sempre humida (trata-se <strong>do</strong> logar mais chuvoso<br />

lue conheço no Tapajoz), é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>; notei a presença <strong>de</strong> opulentos<br />

exemplares <strong>do</strong> Schizolobium amazonicum " Hub". D., congênere botânico <strong>do</strong> " bacur<br />

ubú" <strong>do</strong> sul e que pô<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, na Amazônia, como excellente " padrão"<br />

<strong>de</strong> terra bôa.<br />

8-12: Sahida <strong>do</strong> Pimental numa barcaça a gazolina; em 10, chegada á entrada<br />

da Cachoeira <strong>do</strong> Mangabal on<strong>de</strong> permaneci durante cinco dias realizan<strong>do</strong> excursões<br />

nos arre<strong>do</strong>res que ostentam uma vegetação bella e muito variada. O rio corre largo<br />

entre morros abruptos e bastante eleva<strong>do</strong>s, em parte cobertos por magnifica matta<br />

virgem (como o morro <strong>do</strong> Botica), em parte só com matta medíocre e que n'alguns<br />

Pontos inclue pequenos campos uniformemente revesti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> gramineas altas ou com<br />

arbustos e pequenas arvores dispersas; entre estas se salienta a mangabeira {Hancornia<br />

speciosa Gomes) que ahi attinge o limite septentrional <strong>de</strong> sua dispersão no Tapajoz<br />

e á qual a cachoeira <strong>de</strong>ve o seu nome. Nos mesmos campos encontrei ainda outra<br />

representante da flora <strong>do</strong> Brasil Central: a leguminosa Camptosema Sanclac-Barbarae<br />

Taub. A flora <strong>do</strong> alto Amazonas é bem representada nessa região <strong>do</strong> extremo su<strong>do</strong>este <strong>do</strong><br />

Pará, entre outros elementos conspicuos por um pequeno cacáo da matta pantanosa,<br />

o Theobroma mkrocarpwn Mart, e pela magnifica palmeira Irlartca ventricosa Mart.,<br />

a " paxiuba barriguda". Das muitas espécies interessantes <strong>de</strong> arvores <strong>de</strong> que colhi<br />

amostras só mencionarei o Hymenolobium complicatum D., arvore que (como os seus<br />

congêneres) <strong>do</strong>mina a matta circumstante, e um novo gênero <strong>de</strong> rhizophoraceas (Ster<br />

>gmopetalum obovatum Kuhlm.).<br />

16-12: Descida, em canoa, até a cachoeira da Montanha on<strong>de</strong> fiquei os <strong>do</strong>is<br />

dias seguintes a trabalhar na matta <strong>do</strong>s morros e das pittorescas grotas que os<br />

s »lcam; em 19-12 continuei a <strong>de</strong>scida até o logar Francez on<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobri nos <strong>do</strong>is<br />

dias subsequentes varias espécies novas <strong>de</strong> arvores, entre ellas a Sivartzia bracteosa<br />

£>• Em 22 continuei a <strong>de</strong>scida para o Pimental, para seguir no dia seguinte por terra<br />

Pela estrada por on<strong>de</strong> tinha subi<strong>do</strong>, chegan<strong>do</strong> em 24 a São Luiz, ponto terminal da<br />

navegação a vapor no rio Tapajoz. Em 26 parti n'um vapíor fluvial para Santarém<br />

°n<strong>de</strong> com poucas horas <strong>de</strong> <strong>de</strong>mora consegui tomar um vapor <strong>do</strong> Lloyd para Óbi<strong>do</strong>s<br />

e, logo em seguida á minha chegada neste perto, um vapor fluvial que no dia 30 me<br />

<strong>de</strong>ixou na fazenda Paraizo na boca <strong>do</strong> Lago <strong>de</strong> Faro, limite Occi<strong>de</strong>ntal <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Pará.

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