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1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

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— 42 —<br />

e em cujas " ilhas <strong>de</strong> matta " encontrei pela primeira vez em plena floração a interessante<br />

sapotacea Barylucuma <strong>de</strong>cussata D. que parece limitada ás serras seccas <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Almeirim. As arvores <strong>do</strong> campo são na maioria as <strong>do</strong>s campos altos <strong>do</strong><br />

baixo Amazonas, ha porém muitas mangabeiras (Hancornia speciosa Gomes), em<br />

individuos <strong>de</strong> excepcional <strong>de</strong>senvolvimento. Essa espécie <strong>de</strong> arvore, <strong>de</strong> que no Pará<br />

só se aproveitam os saborosíssimos fructos e não a borracha, encontra-se no Esta<strong>do</strong><br />

em <strong>do</strong>is focos isola<strong>do</strong>s: no médio Tapajoz vin<strong>do</strong> <strong>de</strong> Matto Grosso para o Norte até<br />

os campos <strong>do</strong>s morros dp Mangabal, e nos campos <strong>do</strong> littoral atlântico e <strong>do</strong> estuário<br />

amazonico-tocantino chegan<strong>do</strong> até Arrayollos como limite occi<strong>de</strong>ntal.<br />

3-5: Embarquei para Belém on<strong>de</strong> cheguei a 7, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter interrompida a<br />

viagem em Antônio Lemos (o porto <strong>do</strong> Tajapurú já repetidamente menciona<strong>do</strong>) para<br />

o fim especial <strong>de</strong> buscar os fructos maduros da " ventosa" (Hcmandia guianensis<br />

Aubl.), interessantes pelo apparelho fluctua<strong>do</strong>r forma<strong>do</strong> pelas bracteas accrescidas e<br />

concrescidas. Achei na mesma occasião, por um feliz acaso em esta<strong>do</strong> floriferto, o<br />

"compadre <strong>do</strong> azeite" (Elaeophora abutaefolia D.), novo e notável gênero <strong>de</strong> euphíorbiaceas<br />

cujos fructos já conhecia <strong>de</strong> Belém on<strong>de</strong> as sementes ás vezes apparecem<br />

com as da "comadre <strong>do</strong> azeite" (Omphalea diandra L., também da familia das euphorbiaceas)<br />

no meio das múltiplas sementes bleaginosas provenientes <strong>do</strong> município <strong>de</strong><br />

Breves e outros.<br />

8 a 16-5: Em Belém, na continuação <strong>do</strong>s trabalhos já por varias vezes menciona<strong>do</strong>s.<br />

Consegui <strong>de</strong>sta vez, nas mattas da Provi<strong>de</strong>ncia, as flores d'uma das rarissimas<br />

anonaceas trepa<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> Brasil, o " cipó-uira" (Guatteria scan<strong>de</strong>ns D.), que entra<br />

na composição <strong>do</strong>s "cheiros" usa<strong>do</strong>s em Belém e <strong>do</strong> qual já tinha obti<strong>do</strong> mudas nascidas<br />

<strong>de</strong> sementes. Encontrei também em flor a Eperua bijuga Benth., leguminosa<br />

arbórea com magníficas flores roseopurpureas, a espécie mais meridional <strong>de</strong> um gênero<br />

bem representa<strong>do</strong> nas Guianas; lamento não ter consegui<strong>do</strong> as sementes.<br />

17-5: Embarquei para o <strong>Rio</strong> Tapajoz, chegan<strong>do</strong> na manhã <strong>de</strong> 24 ao ponto terminal<br />

da linha <strong>de</strong> vapores, o " barracão" <strong>de</strong> Goyana, d'essa vez repleto <strong>de</strong> gente á<br />

espera <strong>de</strong> conducção para o "alto" (o curso superior <strong>do</strong> rio) para on<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quasi<br />

<strong>do</strong>is mezes não tinha parti<strong>do</strong> nenhuma embarcação a gazolina. Nesse amontoa<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

pessoas sem hygiene e sem recursos alimentares grassavam a grippe em formas graves,<br />

o sarampo, uma dysenteria e as febres palustres, causan<strong>do</strong> óbitos quasi diários, aggravan<strong>do</strong>-se<br />

tão horrível situação ainda pelo máo tempo reinante, com varias trovoadas<br />

diárias acompanhadas <strong>de</strong> aguaceiros e forte ventania. Empreguei os dias 24 e 25 em<br />

excursões nas mattas <strong>de</strong> Villa Braga sobre cujo aspecto já informei no meu relatório<br />

<strong>de</strong> 1919, colhen<strong>do</strong>, entre outras plantas em flor, a " itaúba" verda<strong>de</strong>ira (Silvia itauba<br />

Mez, lauracea que produz a ma<strong>de</strong>ira mais útil da região <strong>do</strong> baixo Amazonas e affluentes)<br />

e o enorme cipó Bauhinia alata D. que trepa nas arvores mais altas e só<br />

ahi <strong>de</strong>senvolve as suas gran<strong>de</strong>s inflorescencias com flores roseas, e em esta<strong>do</strong> fructifero<br />

a Buchenavia parvifolia D., da familia das combretaceas, arvore que se <strong>de</strong>staca por<br />

sua ramificação verticillada e suas folhas pequenas.<br />

26-5: Desci em canoa pequena ("montaria") para Itaituba afim <strong>de</strong> contractarmais<br />

um trabalha<strong>do</strong>r (além <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is que trazia commigio), dada a difficulda<strong>de</strong> da minha situação<br />

em vista da falta <strong>de</strong> quaesquer recursos na zona que pretendia percorrer. Na<br />

viagem encontrei, n'um ponto alto da margem, uma arvore (florifera e também com<br />

fructos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s) <strong>do</strong> Dialypetalanthus fuscescens Kuhlm., novo gênero <strong>de</strong> rubiaceas,<br />

aberrante por ter corolla dialypetala, <strong>de</strong>scoberto peto autor cita<strong>do</strong> no noroeste<br />

<strong>de</strong> Matto Grosso e por mim ainda observa<strong>do</strong> na Serra <strong>de</strong> Santarém.<br />

27 e 28-5: Excursões nos arre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Itaituba; 29-5, regresso para Goyana,<br />

em lancha.

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