1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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se vêm algumas vezes um pequeno sagú (Zamia LeCointci D.) e a bonita Alstroemcria<br />
amazônica D.. — Em muitas partes da região pre<strong>do</strong>mina o " uauassuzal", associação<br />
da palmeira "uauassú" (Orbignya speciosa Barb. Rodr.) que é, sinão a<br />
mesma espécie, ao menos <strong>de</strong> próximo parentesco <strong>do</strong> famoso " babassú <strong>do</strong> Maranhão;<br />
essa matta <strong>de</strong> palmeiras <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tamanhos e eda<strong>de</strong>s — as velhas, entre as mais<br />
altas <strong>do</strong> Brasil, as novas, acaules m;is com folhas enormes — é sombreada por arvores<br />
gran<strong>de</strong>s bastante espaçadas entre as quaes avultam os castanheiros (Bcrthollctia).<br />
No " uauassuzal" <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Branco encontrei freqüentemente, e em esta<strong>do</strong> indubitavemente<br />
selvagem, o cacaoeiro verda<strong>de</strong>iro (Theobroma cacao L.) que parece ahi<br />
attingir o limite oriental <strong>de</strong> sua distribuição espontânea ao norte <strong>do</strong> Amazonas;<br />
menciono ainda uma espécie freqüente e notável <strong>de</strong> Piper, alta até 9 ou 10 metros e<br />
cujos troncos, em geral <strong>de</strong> 2 a 4, repousam sobre um cone <strong>de</strong> raizes adventicias e<br />
se inclinam nas extremida<strong>de</strong>s como certos bambus; no solo, uma Eucharis (amaryllidacea)<br />
com gran<strong>de</strong>s flores alvissimas. O caucho (Castilho Ulei Warb.), outrora<br />
freqüente, foi to<strong>do</strong> abati<strong>do</strong> mas encontra-se agora representa<strong>do</strong> por indivíduos novos.<br />
5-11: Regressei á cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Óbi<strong>do</strong>s. Nos dias seguintes, fiz excursões aos arre<strong>do</strong>res<br />
mas encontrei a matta muito secca. Notei freqüentes arvores <strong>de</strong> 1 muiraquatiara"<br />
(Astronium LeCointci D.) com bella ma<strong>de</strong>ira zebrada; também nato é raro<br />
o "jacarandá" paraense: Dalbergia Spruceana Benth..<br />
12-11: Para Belém on<strong>de</strong> cheguei a 15.<br />
29-11: Parti para o Tapajoz, chegan<strong>do</strong> a 5-12 a São Luiz, ponto terminal da<br />
navegação a vapor, immediatamente abaixo da cachoeira Maranhãozinho, n'uma ilha<br />
alta, separada da " terra firme " por um braço <strong>do</strong> rio que só no tempo da enchente tem<br />
água; segui logo no dia seguinte pela estrada que liga o vizinho porto <strong>de</strong> Bella Vista<br />
ao porto <strong>de</strong> Pimental (18 km.), já acima das maiores cachoeiras da secção inferior <strong>do</strong><br />
curso médio <strong>do</strong> rio. Passei pelo porto e barracão <strong>do</strong> Periquito, acima da cachoeira<br />
Maranhãozinho; as merca<strong>do</strong>rias sobem por esta em canoa e são <strong>de</strong>sembarcadas no<br />
Periquito e transportadas para Pimental em muares. Só no maximum da enchente as<br />
canoas po<strong>de</strong>m subir <strong>do</strong> Periquito para o Pimental, pelo canal <strong>do</strong> Cabo Lino, com<br />
gran<strong>de</strong> perigo nos formidáveis "rebojos" e "pancadas"; durante os outros 9 ou 10<br />
mezes elas vão, <strong>de</strong>scarregadas e puxadas junto á margem, pela cachoeira <strong>do</strong> Apuhy,<br />
ten<strong>do</strong> as merca<strong>do</strong>rias <strong>de</strong> ir por terra. Até o logar Periquito a estrada passa por " terra<br />
firme" pouco elevada alternan<strong>do</strong> com baixadas inundáveis, e a matta não offerece<br />
gran<strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong>; <strong>do</strong> dito logar em diante, porém, as terras são em geral altas e<br />
a matta é em certos trechos esplendida, a mais exhuberante que vi na região <strong>do</strong> Tapajoz.<br />
Arvores gran<strong>de</strong>s notáveis que se encontram n'essa matta são: Cariniana n. sp.,<br />
lecythidacea gigantesca, com pyxidios grossos em forma <strong>de</strong> pera; a colossal " tamboriuva"<br />
<strong>do</strong> Amazonas, Enterolobium maximum D.: a já em outros logares mencionada<br />
Dinisia cxcelsa D. á qual pertencem provavelmente ás arvores mais altas da<br />
região; a Dussia micranthera (Ducke) Harms pertencente a um gênero ainda pouco<br />
conheci<strong>do</strong> <strong>de</strong> leguminosas; a " copahibeira " Copaifera reticulata D. que fornece a quasi<br />
totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> " balsamo <strong>de</strong> copaiba" exporta<strong>do</strong> pelo Pará; uma das espécies <strong>de</strong><br />
"cumaru" (Coumarouna polyphylla (Hub.) D.), com magníficas flores roseas; a<br />
"massaranduba" verda<strong>de</strong>ira (Mimnsops Huberi D.); ambas as espécies <strong>do</strong> "cajuassú"<br />
ou "caju da matta" (Anacardium giganteum Hanc. e A. Spruceannm Benth.),<br />
a primeira com fruetos comestiveis em geral não excessivamente aze<strong>do</strong>s, a segunda<br />
com fruetos acidissimos mas notável pela extraordinária belleza <strong>de</strong> suas copas floridas<br />
ornadas <strong>de</strong> folhas roseas (<strong>de</strong>pois da floração, brancas) na base das inflorescencias;<br />
uma espécie muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> "ucuúba-rana" (Osteophloeum platyspermum<br />
Warb., fam. myristicaceas). Muito variadas são as arvores da família das moraceas,<br />
pertencentes aos gêneros Brosimum, Rrosimopsis, Olmcdiopcrebca, Perebea, Noyera,