02.08.2013 Views

1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

1 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— 45 —<br />

3-8: Em "montaria" para o porto <strong>do</strong> "seringueiro" mora<strong>do</strong>r junto á Cachoeira<br />

da Montanha. Passei pelos Fechos (logar mais estreito <strong>do</strong> Tapajoz paraense, on<strong>de</strong><br />

o rio se aperta entre um correr <strong>de</strong> morros altos), e pela Cachoeira <strong>do</strong> Acará, mal<br />

afamada pelos naufrágios <strong>de</strong> canoas com perdas <strong>de</strong> vidas n'um formidável "rebojo"<br />

que aliás os " práticos" competentes sabem evitar.<br />

4 e 5-8: Nos morros da margem esquerda da Cachoeira da Montanha que são<br />

a continuação su<strong>do</strong>este <strong>do</strong>s morros <strong>do</strong>s Fechos. A matta é, na parte alta <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

rio, <strong>de</strong> tamanho medíocre e parece ter si<strong>do</strong> <strong>de</strong>vastada pelos indios que não ha muitos<br />

<strong>de</strong>cennios a habitavam; achei n'esse logar varias espécies talvez novas <strong>de</strong> Ingá (cultivadas<br />

pelos indios?), infelizmente sem flores, e numerosas arvores da bella rutacea<br />

Hortia tongifolia Benth.. Grotas estreitas e fundas ás vezes em precipicio nascem no<br />

flanço su<strong>do</strong>este coberto <strong>de</strong> matta altae <strong>de</strong>spejam as suas águas no gran<strong>de</strong> Igarapé da<br />

Montanha cujo valle abeira os morros e cuja região <strong>de</strong> nascentes conheci em outubro<br />

<strong>de</strong> 1922 no seringal Montanhinha. A matta <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> pantanoso das grotas é <strong>de</strong> aspecto<br />

exhuberante, com muitas palmeiras " assahy" (apparentemente a mesma espécie <strong>de</strong><br />

Belém, Euterpe oleracea Mart.) e a soberba "paxiuba barriguda" (Iriartea ventricosa<br />

Mart, uma das mais bellas entre as palmeiras brasileiras e das não poucas espécies <strong>do</strong><br />

médio Tapajoz que lembram a flora da parte occi<strong>de</strong>ntal da Amazônia), a curiosa olacacea<br />

Brachynema ramiflorum Spruce, e a elegantissima Elisabetha paraensis D.<br />

(leguminosa) ; esta ultima vai rio abaixo até a Cachoeira Furnas e representa, ao sul<br />

<strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Amazonas, um gênero <strong>de</strong> arvores que nas terras altas <strong>do</strong> norte, nas fronteiras<br />

<strong>do</strong> Brasil com a Guiana ingleza, Venezuela e Colômbia, não conta menos <strong>de</strong> 5 espécies.<br />

6-8: Da Cachoeira da Montanha á <strong>do</strong> Mangabal, na "montaria" <strong>do</strong> seringueiro.<br />

7 a 8-8: Excursões aos morros <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> rio, na parte inferior da Cachoeira<br />

<strong>do</strong> Mangabal on<strong>de</strong> fui hospe<strong>de</strong> <strong>do</strong> mora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> logar chama<strong>do</strong> Prainha. Estavam<br />

em flor todas as arvores <strong>de</strong> Vatairea sericea D. cujas copas d'um bello roxo<br />

claro se enxergavam cada vez que o terreno permittia avistar uma extensão maitor da<br />

matta.<br />

9-8: Tomei passagem n'uma "igarité" (canoa gran<strong>de</strong>) <strong>de</strong> "regatão" (ven<strong>de</strong><strong>do</strong>r<br />

ambulante <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s gêneros) que luctou <strong>do</strong>is dias para subir as muitas<br />

" corre<strong>de</strong>iras " e varias " pancadas " da Cachoeira <strong>do</strong> Mangabal; <strong>de</strong>sembarquei acima<br />

<strong>de</strong>sta no logar Igapó-assú, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> a 11 continuei em canoa pequena a viagem rio<br />

acima, agora num trecho sem cachoeiras, <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong>-me ao logar Quataquara que<br />

alcancei á noite <strong>do</strong> dia seguinte.<br />

13 a 15-8: Excursões aos morros e aos seringaes <strong>do</strong> logar Quataquara, certamente<br />

um <strong>do</strong>s pontos mais bonitos <strong>do</strong> Tapajoz. O rio forma abaixo <strong>do</strong> porto uma<br />

larga bahia que no verão <strong>de</strong>scobre enormes praias (em que por occasião da minha<br />

visita começava a colheita <strong>do</strong>s saborosos ovos <strong>de</strong> " tracajá ", espécie não muito gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> chelonio), emquanto <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>de</strong> cima os morros <strong>de</strong> formas pitorescas surgem Íngremes<br />

e em parte em paredões verticaes á beira d'agua. Colhi n'esses três dias<br />

muitas plantas interessantes, apezar da secca ainda mais accentuada que no logar<br />

Francez. Observei já com fructos novos muitas espécies que na Cachoeira <strong>do</strong> Mangabal<br />

ainda tinha <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> em pleno perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> floração, parecen<strong>do</strong>-me isso confirmar<br />

as informações que dizem se "a<strong>de</strong>antar tu<strong>do</strong>" (as estações chuvosas e seccas, a<br />

" enchente" e a " vasante" <strong>do</strong> rio, a maturação das varias qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fructos, e<br />

a colheita <strong>do</strong>s ovos <strong>de</strong> "tracajá"), á medida que se sobe para o "alto" <strong>do</strong> rio.—<br />

Citarei, das arvores observadas, apenas a "copaiba preta" (Copaifera glycycarpa D.,<br />

nova espécie) que, segun<strong>do</strong> os " seringueiros", só fornece quantida<strong>de</strong>s mínimas e má<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> balsamo <strong>de</strong> copaiba; a bella Tovomita speciosa D., ainda não observada<br />

em outra parte; a Nealchornea japurensis Hub., freqüente, com flores intensamente<br />

perfumadas, representante da flora <strong>do</strong> "alto Amazonas". Esse esplendi<strong>do</strong> logar pos<br />

R. 5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!