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são corpos em metamorfose exprimindo-se através do discurso<br />

indireto livre gerador de novas vozes e novos gestos. Elas não<br />

comportam em sua narrativa um rosto ou um ideal. 117 Mas, ao<br />

contrário do que pensava Evans, elas não dependem da casualidade<br />

feliz – a serendiptuosidade – de seu fechamento fenomenológico<br />

em uma ciberepoché eletrônica capaz de pôr o mundo<br />

entre parênteses. Seus gestos e suas palavras não se constroem no<br />

confinamento topológico de uma rede eletrônica, mas no amplo e<br />

aberto espaço sociopsíquico global, que envolve o mundo construído<br />

com o auxílio das teias das tecnologias comunicacionais<br />

extraídas a fórceps pelos hackers dos aparelhos informacionais<br />

de captura.<br />

Ao contrário do que acredita a fenomenologia, não é o<br />

mundo que precisa ser posto entre parênteses para que o entendimento<br />

venha habitá-lo, mas é o pensamento que precisa fugir<br />

deste parêntese mental onde o confinaram e conquistar, de direito,<br />

aquilo que de fato nunca deixou de ser seu: o território das<br />

comunidades que povoam o mundo. O até hoje chamado “espaço<br />

real” foi construído expulsando-se o pensamento da concepção<br />

euclidiana do espaço e da objetividade constitutivas do mundo.<br />

O entendimento das redes nos permite, hoje, devolver ao pensamento<br />

a realidade do espaço, sua cidadania real no seio do mundo,<br />

afirmando que o assim chamado “espaço real” é apenas um<br />

caso do ciberespaço, e que o espaço virtual é aquele que de fato<br />

nós sempre habitamos. Nele uma democracia torna-se possível<br />

porque a multidão armada pela comunicação distribuída e pelas<br />

interfaces de expressão coletiva faz o problema da cidadania<br />

pós-moderna e da segurança pública convergir na direção da organização<br />

dos movimentos sociais e seus coletivos, apontando<br />

na direção de uma nova ordem democrática.<br />

Não habitamos mais num mundo onde o roubo de um pão<br />

constrói o drama da miséria e do problema social; mundo onde<br />

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