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vêm pelo correio, mas pelo computador, no lugar e hora<br />

marcados, usuários de BBSs começam a chegar. Alguns<br />

vêm com identificação. Téo Andrade e Bernardo Gurgel<br />

são médicos. Conheciam-se há muito tempo, mas nunca<br />

haviam se visto. “A gente fica trocando mensagens,<br />

conhece as ideias, conhece os valores, mas não conhecemos<br />

as pessoas, daí fazemos os encontros físicos”, diz<br />

Bernardo. 6<br />

Há dois vetores que podemos extrair das BBSs. Num primeiro<br />

momento, nos 60 e 70, a rede é pensada como uma rede<br />

de conexão alavancadora de negócios. Ou seja, é uma rede que<br />

se traduz em business, não necessariamente dinheiro, mas business.<br />

Projetos, guerras, empresas. É o império da placa de rede<br />

Ethernet e da lei de Metcalfe (inventor da placa). Pode-se estipular<br />

que o valor da rede é o número de nós exponenciado ao quadrado,<br />

porque justamente as conexões criam oportunidades de<br />

negócios. Quanto mais conexões, mais oportunidades de negócios.<br />

Mas dentro desse movimento, quando se trabalha não mais<br />

as conexões e se entra nos espaços das conversações, começa a<br />

outra exponenciação dos grupos. E aí é ao contrário: é 2 elevado<br />

ao número de nós. Ao invés de 10², 2¹°. Isso muda tudo, pois os<br />

grupos são formação de relação social e mercados. Eles produzem<br />

mais-valia. São invenções e possibilidades de relações sociais,<br />

mas também geração de mais-valia. Os grupos são necessariamente<br />

mercados, porque ali algo se trama, algo se conversa,<br />

não no sentido capitalista de mercado, mas no sentido etmológico<br />

de mercato: a feira, o lugar onde tudo se troca. Nos grupos de<br />

discussão o que importa não é a produção da informação, mas a<br />

transformação dos grupos de discussão em meios de vida. Em<br />

produção do comum. Os grupos podem gerar uma miscelânea só<br />

em termos de informação, mas ali se constitui relações pessoais,<br />

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