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Jornal das Oficinas 116

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<strong>Jornal</strong> <strong>das</strong> Of icinas<br />

Entrevista<br />

HARTMUT RÖHL<br />

Presidente da FIGIEFA<br />

“Precisamos de um aftermarket<br />

forte e regulado”<br />

› A obrigatoriedade<br />

de instalação do<br />

sistema eCall nos<br />

veículos novos a partir<br />

de 2018 e a evolução<br />

da telemática, são os<br />

assuntos que mais<br />

preocupam a direção<br />

da FIGIEFA, pelo perigo<br />

que representam para<br />

o setor do pós-venda<br />

independente<br />

Por: João Vieira<br />

Fundada em 1956, a FIGIEFA (Federação<br />

Europeia de Distribuidores<br />

de Aftermarket), com sede em Bruxelas,<br />

conta com 22 membros de 22<br />

países europeus e representa os interesses<br />

de mais de 30.000 empresas que<br />

negociam com peças de veículos, componentes<br />

e acessórios. O seu papel é<br />

monitorizar e acompanhar o desenvolvimento<br />

da legislação europeia e internacional<br />

dedicada ao automóvel, com<br />

o objetivo de manter livre o mercado<br />

para peças de reposição de veículos,<br />

manutenção e reparação. Este mercado<br />

fomenta a criação de emprego e promove<br />

a livre escolha do consumidor<br />

sobre a oficina onde pretende reparar o<br />

seu automóvel.<br />

A FIGIEFA visa a manutenção de uma<br />

concorrência livre e efetiva neste mercado.<br />

Ações políticas europeias devem garantir<br />

uma igualdade de condições iguais<br />

para o mercado dos reparadores independentes.<br />

O quadro legislativo europeu<br />

deve apoiar todo o ciclo de vida de um<br />

veículo, assegurando, assim, a mobilidade<br />

do automobilista desde a primeira aquisição<br />

e durante a sua vida útil.<br />

Em entrevista ao JORNAL DAS OFICINAS,<br />

Hartmut Röhl, Presidente da FIGIEFA, fala<br />

sobre a sua visão do aftermarket nos dias<br />

de hoje e sobre o futuro desta importante<br />

atividade económica.<br />

Como é que define o negócio do aftermarket<br />

na Europa atualmente?<br />

O negócio do aftermarket na Europa é,<br />

na generalidade, um setor muito importante<br />

e até está a gerar mais negócio do<br />

que a venda de veículos novos, pois exis-<br />

O presidente da FIGIEFA saúda a obrigatoriedade da introdução do serviço eCall em todos<br />

os veículos novos a partir de 2018, mas “luta” pela criação de uma plataforma aberta<br />

tem milhões de viaturas na estrada, as<br />

quais necessitam de manutenção. E não<br />

é só o aftermarket independente, que é<br />

aquele que não está ligado, por contrato,<br />

aos fabricantes de veículos, mas é o total<br />

do aftermarket que é importante. Nós,<br />

de facto, precisamos de um aftermarket<br />

forte e de um aftermarket regulado, a fim<br />

de permitir que as pessoas mantenham<br />

a sua mobilidade, uma vez que elas compram<br />

um veículo mas precisam de mantê-<br />

-lo em funcionamento. Assim, o<br />

aftermarket é o setor que permite que<br />

as viaturas continuem a circular e os<br />

construtores de automóveis são aqueles<br />

que colocam os seus modelos na “rua”.<br />

E quais são as principais tendências do<br />

aftermarket nos dias que correm?<br />

Existem diferentes tendências, especialmente<br />

cria<strong>das</strong> pelos departamentos<br />

técnicos de desenvolvimento. Por isso,<br />

os veículos, hoje, não são feitos para servir<br />

como há 20 anos. Os novos automóveis<br />

modernos necessitam de<br />

equipamentos técnicos muito específicos<br />

e de um know-how muito elevado dos<br />

mecânicos que fazem a sua manutenção.<br />

O que é importante é que as oficinas, quer<br />

as franchisa<strong>das</strong> quer as independentes,<br />

mantenham os seus padrões técnicos<br />

muito elevados e os padrões standard<br />

da formação educacional do seu pessoal<br />

também bastante elevados.<br />

Telemática<br />

Muitas mudanças<br />

● Os desafios que a telemática<br />

trará ao pós-venda independente<br />

são extremamente aliciantes. E<br />

exigentes. Até porque irá impor<br />

ao setor oficinal muitas mudanças.<br />

Enormes. E motivará o aparecimento<br />

de novos intervenientes,<br />

que contribuirão para a qualificação<br />

e modernidade <strong>das</strong> oficinas. A<br />

telemática obrigá-las-á a investir<br />

em formação e equipamentos para<br />

que estejam atualiza<strong>das</strong> e, assim,<br />

poderem intervencionar viaturas<br />

cada vez mais modernas e rechea<strong>das</strong><br />

de tecnologia. Em alguns casos,<br />

obrigará a investimentos que<br />

podem vir a revelar-se nefastos ou<br />

impossíveis para muitas oficinas<br />

compostas por estruturas mais pequenas.<br />

O trabalho que a FIGIEFA<br />

tem vindo a desempenhar neste<br />

domínio visa a criação de condições<br />

técnicas legislativas que permitam<br />

a criação de uma plataforma telemática<br />

aberta. Caso contrário, o<br />

setor independente ficará em<br />

desigualdade face ao canal oficial.<br />

Perfil<br />

Hartmut Röhl é presidente da FIGIEFA.<br />

E da General Association of Auto Parts<br />

Trade (GVA). Foi eleito, unanimemente,<br />

para a presidência da federação internacional<br />

dos distribuidores independentes<br />

do pós-venda automóvel. Tem<br />

estado na linha da frente no que toca à<br />

defesa dos interesses do setor<br />

independente. A ampla experiência<br />

que detém permite-lhe ter voz ativa na<br />

sensibilização dos decisores políticos<br />

quanto à importãncia de existir uma<br />

concorrência livre e efetiva.<br />

A próxima pergunta é sobre os regulamentos,<br />

que fornecem um conjunto de<br />

direitos e deveres para ambas as partes:<br />

fabricantes/distribuidores e oficinas<br />

independentes. Em caso de dúvida sobre<br />

a execução correta da intervenção<br />

realizada, como podem as oficinas independentes<br />

defender-se dos fabricantes<br />

pois, como sabe, existem dificuldades<br />

manifesta<strong>das</strong> pela oficinas independentes<br />

na resolução de alguns conflitos?<br />

Normalmente, nos países europeus, os<br />

reparadores independentes também têm<br />

as suas associações profissionais com<br />

quem estão em contacto. Em Bruxelas,<br />

elas têm os seus representantes, por isso,<br />

se há problemas/queixas relativas aos<br />

fabricantes de veículos por incumprimento<br />

do regulamento do Block Exemption,<br />

os seus direitos podem ser<br />

salvaguardados enviando uma queixa à<br />

Comissão Europeia. E os reparadores independentes<br />

podem fazer isso por si<br />

mesmos. Qualquer reparador independente<br />

pode apelar à União Europeia, diretamente<br />

à Comissão, dizendo, por<br />

exemplo, que a garantia do seu cliente<br />

foi recusada porque o veículo tinha sido<br />

reparado na sua oficina. To<strong>das</strong> estas reclamações/queixas<br />

podem ser feitas diretamente<br />

à comissão ou através <strong>das</strong><br />

associações profissionais de cada país.<br />

O problema, por vezes, não é resolvido<br />

imediatamente, demora alguns dias e o<br />

cliente não quer a viatura parada.<br />

Como se podem resolver estes problemas<br />

mais rapidamente e como podem<br />

as oficinas certifica<strong>das</strong> ter um processo<br />

de resolução de conflitos mais rápido?<br />

Eu não posso fornecer-lhe uma resposta<br />

definitiva sobre esse assunto porque, na<br />

verdade, depende <strong>das</strong> qualificações dos<br />

Julho I 2015<br />

www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com

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