Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
64<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>das</strong> Of icinas<br />
Entrevista<br />
HARTMUT RÖHL<br />
Presidente da FIGIEFA<br />
“Precisamos de um aftermarket<br />
forte e regulado”<br />
› A obrigatoriedade<br />
de instalação do<br />
sistema eCall nos<br />
veículos novos a partir<br />
de 2018 e a evolução<br />
da telemática, são os<br />
assuntos que mais<br />
preocupam a direção<br />
da FIGIEFA, pelo perigo<br />
que representam para<br />
o setor do pós-venda<br />
independente<br />
Por: João Vieira<br />
Fundada em 1956, a FIGIEFA (Federação<br />
Europeia de Distribuidores<br />
de Aftermarket), com sede em Bruxelas,<br />
conta com 22 membros de 22<br />
países europeus e representa os interesses<br />
de mais de 30.000 empresas que<br />
negociam com peças de veículos, componentes<br />
e acessórios. O seu papel é<br />
monitorizar e acompanhar o desenvolvimento<br />
da legislação europeia e internacional<br />
dedicada ao automóvel, com<br />
o objetivo de manter livre o mercado<br />
para peças de reposição de veículos,<br />
manutenção e reparação. Este mercado<br />
fomenta a criação de emprego e promove<br />
a livre escolha do consumidor<br />
sobre a oficina onde pretende reparar o<br />
seu automóvel.<br />
A FIGIEFA visa a manutenção de uma<br />
concorrência livre e efetiva neste mercado.<br />
Ações políticas europeias devem garantir<br />
uma igualdade de condições iguais<br />
para o mercado dos reparadores independentes.<br />
O quadro legislativo europeu<br />
deve apoiar todo o ciclo de vida de um<br />
veículo, assegurando, assim, a mobilidade<br />
do automobilista desde a primeira aquisição<br />
e durante a sua vida útil.<br />
Em entrevista ao JORNAL DAS OFICINAS,<br />
Hartmut Röhl, Presidente da FIGIEFA, fala<br />
sobre a sua visão do aftermarket nos dias<br />
de hoje e sobre o futuro desta importante<br />
atividade económica.<br />
Como é que define o negócio do aftermarket<br />
na Europa atualmente?<br />
O negócio do aftermarket na Europa é,<br />
na generalidade, um setor muito importante<br />
e até está a gerar mais negócio do<br />
que a venda de veículos novos, pois exis-<br />
O presidente da FIGIEFA saúda a obrigatoriedade da introdução do serviço eCall em todos<br />
os veículos novos a partir de 2018, mas “luta” pela criação de uma plataforma aberta<br />
tem milhões de viaturas na estrada, as<br />
quais necessitam de manutenção. E não<br />
é só o aftermarket independente, que é<br />
aquele que não está ligado, por contrato,<br />
aos fabricantes de veículos, mas é o total<br />
do aftermarket que é importante. Nós,<br />
de facto, precisamos de um aftermarket<br />
forte e de um aftermarket regulado, a fim<br />
de permitir que as pessoas mantenham<br />
a sua mobilidade, uma vez que elas compram<br />
um veículo mas precisam de mantê-<br />
-lo em funcionamento. Assim, o<br />
aftermarket é o setor que permite que<br />
as viaturas continuem a circular e os<br />
construtores de automóveis são aqueles<br />
que colocam os seus modelos na “rua”.<br />
E quais são as principais tendências do<br />
aftermarket nos dias que correm?<br />
Existem diferentes tendências, especialmente<br />
cria<strong>das</strong> pelos departamentos<br />
técnicos de desenvolvimento. Por isso,<br />
os veículos, hoje, não são feitos para servir<br />
como há 20 anos. Os novos automóveis<br />
modernos necessitam de<br />
equipamentos técnicos muito específicos<br />
e de um know-how muito elevado dos<br />
mecânicos que fazem a sua manutenção.<br />
O que é importante é que as oficinas, quer<br />
as franchisa<strong>das</strong> quer as independentes,<br />
mantenham os seus padrões técnicos<br />
muito elevados e os padrões standard<br />
da formação educacional do seu pessoal<br />
também bastante elevados.<br />
Telemática<br />
Muitas mudanças<br />
● Os desafios que a telemática<br />
trará ao pós-venda independente<br />
são extremamente aliciantes. E<br />
exigentes. Até porque irá impor<br />
ao setor oficinal muitas mudanças.<br />
Enormes. E motivará o aparecimento<br />
de novos intervenientes,<br />
que contribuirão para a qualificação<br />
e modernidade <strong>das</strong> oficinas. A<br />
telemática obrigá-las-á a investir<br />
em formação e equipamentos para<br />
que estejam atualiza<strong>das</strong> e, assim,<br />
poderem intervencionar viaturas<br />
cada vez mais modernas e rechea<strong>das</strong><br />
de tecnologia. Em alguns casos,<br />
obrigará a investimentos que<br />
podem vir a revelar-se nefastos ou<br />
impossíveis para muitas oficinas<br />
compostas por estruturas mais pequenas.<br />
O trabalho que a FIGIEFA<br />
tem vindo a desempenhar neste<br />
domínio visa a criação de condições<br />
técnicas legislativas que permitam<br />
a criação de uma plataforma telemática<br />
aberta. Caso contrário, o<br />
setor independente ficará em<br />
desigualdade face ao canal oficial.<br />
Perfil<br />
Hartmut Röhl é presidente da FIGIEFA.<br />
E da General Association of Auto Parts<br />
Trade (GVA). Foi eleito, unanimemente,<br />
para a presidência da federação internacional<br />
dos distribuidores independentes<br />
do pós-venda automóvel. Tem<br />
estado na linha da frente no que toca à<br />
defesa dos interesses do setor<br />
independente. A ampla experiência<br />
que detém permite-lhe ter voz ativa na<br />
sensibilização dos decisores políticos<br />
quanto à importãncia de existir uma<br />
concorrência livre e efetiva.<br />
A próxima pergunta é sobre os regulamentos,<br />
que fornecem um conjunto de<br />
direitos e deveres para ambas as partes:<br />
fabricantes/distribuidores e oficinas<br />
independentes. Em caso de dúvida sobre<br />
a execução correta da intervenção<br />
realizada, como podem as oficinas independentes<br />
defender-se dos fabricantes<br />
pois, como sabe, existem dificuldades<br />
manifesta<strong>das</strong> pela oficinas independentes<br />
na resolução de alguns conflitos?<br />
Normalmente, nos países europeus, os<br />
reparadores independentes também têm<br />
as suas associações profissionais com<br />
quem estão em contacto. Em Bruxelas,<br />
elas têm os seus representantes, por isso,<br />
se há problemas/queixas relativas aos<br />
fabricantes de veículos por incumprimento<br />
do regulamento do Block Exemption,<br />
os seus direitos podem ser<br />
salvaguardados enviando uma queixa à<br />
Comissão Europeia. E os reparadores independentes<br />
podem fazer isso por si<br />
mesmos. Qualquer reparador independente<br />
pode apelar à União Europeia, diretamente<br />
à Comissão, dizendo, por<br />
exemplo, que a garantia do seu cliente<br />
foi recusada porque o veículo tinha sido<br />
reparado na sua oficina. To<strong>das</strong> estas reclamações/queixas<br />
podem ser feitas diretamente<br />
à comissão ou através <strong>das</strong><br />
associações profissionais de cada país.<br />
O problema, por vezes, não é resolvido<br />
imediatamente, demora alguns dias e o<br />
cliente não quer a viatura parada.<br />
Como se podem resolver estes problemas<br />
mais rapidamente e como podem<br />
as oficinas certifica<strong>das</strong> ter um processo<br />
de resolução de conflitos mais rápido?<br />
Eu não posso fornecer-lhe uma resposta<br />
definitiva sobre esse assunto porque, na<br />
verdade, depende <strong>das</strong> qualificações dos<br />
Julho I 2015<br />
www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com