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Jornal das Oficinas 116

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<strong>Jornal</strong> <strong>das</strong> Of icinas<br />

65<br />

Veja o video em<br />

jornal<strong>das</strong>of icinas.pt<br />

reparadores, como conseguem resolver<br />

os problemas. Obviamente, cada reparação<br />

pode ser feita, normalmente, num dia,<br />

exceto talvez reparações realiza<strong>das</strong> na<br />

sequência de acidentes de viação.<br />

Normalmente, em qualquer lugar da<br />

Europa, to<strong>das</strong> as peças de reposição devem<br />

estar disponíveis no espaço de um<br />

dia, quer do lado dos fornecedores independentes<br />

quer do lado dos fornecedores<br />

franchisados.<br />

Qual foi o desenvolvimento <strong>das</strong> ven<strong>das</strong><br />

de componentes de veículos na Europa<br />

durante os últimos anos?<br />

Creio que o parque automóvel atingiu<br />

quase o seu máximo. O mercado está<br />

setorizado, já não existem mais grandes<br />

taxas de crescimento. Além do mais, o<br />

parque automóvel necessita de manutenção<br />

e de reparação, por isso, o aftermarket<br />

e o setor <strong>das</strong> reparações<br />

tornam-se ainda mais importantes agora,<br />

porque as pessoas não compram veículos<br />

novos tão frequentemente como o faziam<br />

anteriormente. Por isso, o mercado agora<br />

está fechado. Para os construtores de<br />

automóveis, os novos mercados emergentes<br />

são a China e os Estados Unidos<br />

da América.<br />

A África do Sul e o Brasil são mais importantes<br />

para o mercado de ven<strong>das</strong> de<br />

veículos novos. Por isso, a venda de automóveis<br />

novos na Europa ainda se assume<br />

como um mercado de substituição.<br />

Se tomarmos em consideração, por exemplo,<br />

a Alemanha, temos, aproximadamente,<br />

45 milhões de veículos registados<br />

e existem cerca de três milhões deautomóveis<br />

novos registados por ano. Mas só<br />

dois milhões saem do mercado. Assim,<br />

existe um aumento por ano, de facto, mas<br />

não é o aumento que tínhamos em anos<br />

anteriores. E o parque automóvel, de uma<br />

maneira geral, tornou-se mais velho, o<br />

que significa que se tornou mais valioso<br />

para efeitos de reparação.<br />

Relativamente às peças usa<strong>das</strong> e reconstruí<strong>das</strong>,<br />

qual é a sua posição sobre este<br />

assunto e a posição da FIGIEFA em relação<br />

à utilização desses componentes?<br />

Nós somos muito céticos acerca de<br />

componentes em segunda-mão, especialmente<br />

se não conseguimos controlar<br />

a sua qualidade e, especialmente, se se<br />

tratam de componentes de segurança<br />

importantes. Decididamente, nós não<br />

aconselhamos ninguém a utilizar no seu<br />

veículo, por exemplo, um amortecedor<br />

de outra viatura, porque não terá a mesma<br />

eCall será obrigatório a partir de 2018<br />

Implicações para as oficinas independentes<br />

ão restam dúvi<strong>das</strong>: o propósito do eCall é salvar<br />

N vi<strong>das</strong>. Mas, na opinião de Hartmut Röhl, a questão<br />

que se levanta é a seguinte: “Se a instalação do eCall será<br />

obrigatória em todos os veículos novos a partir de 2018,<br />

ninguém poderá dizer que não o quer. Ao instalar-se<br />

este sistema, que desencadeia uma chamada automática<br />

de emergência em caso de acidente, fica-se, de facto,<br />

ligado a uma plataforma que pode ser usada para o bCall<br />

(serviço que deteta a ocorrência de uma avaria na estrada)<br />

ou para o sCall (serviço de manutenção da viatura).” O<br />

presidente da FIGIEFA dá conta de que “o perigo consistirá<br />

na monopolização por parte dos construtores de<br />

veículos, através da instalação do sistema de controlo<br />

de transmissão via telemática, que foi legalmente instalado<br />

nas viaturas. Os seus proprietários nada poderão<br />

fazer contra isso”.<br />

Revolução sem fios<br />

A grande “luta” da FIGIEFA tem a ver com a criação<br />

de uma plataforma aberta, em que o proprietário do<br />

veículo possa escolher para onde quer que os dados do<br />

mesmo sigam, qual a oficina a selecionar e quantos dados<br />

relativos ao seu veículo quer que sejam enviados.<br />

“Assim”, afiança Hartmut Röhl, “em relação ao eCall<br />

propriamente dito, nós damos-lhe as boas vin<strong>das</strong>. Tratando-se<br />

de um novo e evoluído serviço, ainda por cima<br />

podendo contribuir para salvar vi<strong>das</strong>, claro que não<br />

qualidade. Quanto às peças reconstuí<strong>das</strong>,<br />

pensamos que é uma boa forma de salvaguardar<br />

o ambiente e de poupar material.<br />

A serem, de facto, reconstruí<strong>das</strong>.<br />

Mas, mais uma vez, é necessário um rigoroso<br />

controlo de qualidade, porque reconstruir<br />

significa juntar as peças de<br />

acordo com os padrões, como se de uma<br />

nova peça se tratasse, mantendo só essas<br />

partes do componente que não sofreram<br />

alterações. Por isso, a reconstrução é, definitivamente,<br />

um setor em crescimento.<br />

Em primeiro lugar, devido a questões<br />

ambientais e, em segundo, por causa do<br />

valor destas partes. Cada vez há mais<br />

pessoas a conduzirem veículos que não<br />

conseguem pagar ou que só podem adquirir<br />

os veículos mais baratos de reparar.<br />

As peças reconstruí<strong>das</strong> normalmente são<br />

30 a 40% mais baratas do que as peças<br />

novas e representam uma parte muito<br />

valiosa deste mercado.<br />

“O aftermarket na Europa<br />

gera mais negócio do<br />

que a venda de veículos<br />

novos, o que demonstra<br />

bem a sua importância”<br />

Falando agora <strong>das</strong> oficinas e acerca do<br />

futuro <strong>das</strong> mesmas, pensa que o conceito<br />

de rede é o futuro ou acredita que possam<br />

sobreviver de forma independente?<br />

Eu creio que ter um reparador independente<br />

como vizinho é muito importante.<br />

Os concessionários de marca têm muitas<br />

vezes grandes estruturas com oficinas,<br />

alguns deles nas fronteiras <strong>das</strong> cidades e<br />

as pessoas não gostam de percorrer grandes<br />

distâncias. Um reparador de vizinhança<br />

tem ainda muitas hipóteses. Mas<br />

nós solicitamos a mesma qualidade na<br />

reparação. Por isso, temos, de facto, neste<br />

momento, um movimento em que, em<br />

qualquer lugar da Europa, estes reparadores<br />

independentes integrem os diversos<br />

conceitos de rede existentes. Para o<br />

consumidor final, é uma espécie de garantia<br />

de que obtêm um serviço idêntico<br />

em todos os reparadores independentes<br />

com o mesmo nome.<br />

Acredita que surgirão novos conceitos<br />

de negócio no pós-venda automóvel?<br />

Eu tenho as minhas dúvi<strong>das</strong> acerca do<br />

futuro dos retalhistas de peças automóvel,<br />

porque o serviço que é requisitado para<br />

fornecer as oficinas vai muito para além<br />

de tirar uma peça de uma prateleira e de<br />

fornecê-la. O que é requerido pelos reparadores<br />

agora é informação técnica, financiamento,<br />

apoio logístico e ainda<br />

apoio com as ferramentas especiais. Como<br />

tal, um negócio de retalho de acordo com<br />

os antigos padrões, não pode subsistir<br />

podemos nem devemos estar contra. Já no caso da plataforma<br />

eCall poder ser abusivamente utilizada pelos<br />

construtores de automóveis, estamos contra”.<br />

Recorde-se que a obrigatoriedade de todos os veículos<br />

novos incorporarem, de série, o serviço eCall tinha inicialmente<br />

previsto o ano de 2015 para a sua entrada em<br />

cena. Um prazo que foi recomendado pela Comissão<br />

Europeia mas que, atendendo à complexidade do tema,<br />

às mudanças que o mesmo implica para o setor independente<br />

e à incerteza quanto à utilização dos dados,<br />

foi adiado para 2018. Mas não restam dúvi<strong>das</strong> de que a<br />

telemática revolucionará o pós-venda independente. E<br />

implicará informação, formação e investimento.<br />

mais. Acredito que somente distribuidores<br />

muito qualificados, podem fornecer<br />

estes serviços e serão mais importantes<br />

no futuro, porque cada vez há mais veículos<br />

que precisam de equipamento mais<br />

sofisticado, mais componentes sofisticados,<br />

informação mais atual e inovadora.<br />

Considera que a venda de componentes<br />

online está a ganhar mercado?<br />

Sim, definitivamente. As peças de automóveis<br />

são cada vez mais vendi<strong>das</strong> na<br />

Internet e não são somente ven<strong>das</strong> individuais,<br />

de empresa para consumidor.<br />

Também há ven<strong>das</strong> de empresa para<br />

empresa. O problema é que as peças de<br />

automóveis não são facilmente identificáveis.<br />

Há produtos tais como baterias e<br />

pneus que têm um determinado número<br />

de referência, que é sempre o mesmo em<br />

to<strong>das</strong> as marcas. Neste caso, podem ser<br />

facilmente comercializados na Internet.<br />

Mas peças específicas para veículos específicos<br />

dificilmente são identifica<strong>das</strong><br />

na Internet. A não ser que se passem a<br />

utilizar catálogos online, baseados nos<br />

mesmos catálogos que os fabricantes<br />

utilizavam.<br />

O que podem as oficinas independentes<br />

fazer para ter acesso à informação técnica<br />

sem gastar imenso dinheiro?<br />

Obviamente que têm direito de acesso<br />

à informação. Por isso, cabe aos fabricantes<br />

criar uma linha de informação e, em<br />

conjunto com os seus parceiros, fornecer<br />

a informação necessária aos reparadores.<br />

Nós consideramos este fornecimento de<br />

informação como uma prioridade.<br />

www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Julho I 2015

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