Caderno da Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná148Da<strong>do</strong>s da SUDERHSA (SUDERHSA, 2005) indicam 47poços tubulares registra<strong>do</strong>s pelo órgão outorgante paranaense,com vazões de 3,7 m 3 /h a 1.204 m 3 /h (média de 150,7m 3 /h) e profundidades entre 80m e 1565m.Uso das águas subterrâneas <strong>do</strong>s demais sistemas aqüíferosO Sistema Aqüífero Bauru – Caiuá é utiliza<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>minantementepara abastecimento <strong>do</strong>méstico e industrial, sen<strong>do</strong>em algumas regiões intensamente explota<strong>do</strong>. Na cidadede São José <strong>do</strong> Rio Preto, em que 70% da população eramabastecidas por água subterrânea, entre a década de 1970 e90, foi observa<strong>do</strong> rebaixamento <strong>do</strong> nível de água <strong>do</strong> SistemaAqüífero de cerca de 10 m (OLIVEIRA & WENDLAND,2004 in ANA, 2005a,c).O Sistema Aqüífero Bauru-Caiuá, em geral, comporta-secomo um Sistema Aqüífero livre e possui grande área deafloramento, condições que facilitam a sua explotação e quelhe confere maior vulnerabilidade à contaminação por atividadespolui<strong>do</strong>ras, especialmente aquelas decorrentes <strong>do</strong>desenvolvimento agrícola e industrial. A profundidade média<strong>do</strong>s poços é de 140 m, com vazão média de 18,7 m 3 /h ecapacidade especifica média de 0,919 m 3 /(h.m) (119 poçosconsulta<strong>do</strong>s) – ANA (2005a,c).O principal uso da água <strong>do</strong> Sistema Aqüífero Serra Geralé para abastecimento <strong>do</strong>méstico. A Companhia de Saneamento<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná – SANEPAR tinha 414 poçosem 2001 extrain<strong>do</strong> água desse sistema para abastecimentomunicipal (Mendes et al; 2002 in ANA, 2005a,c). Naqueleano, a companhia extraiu 50,5 milhões de m 3 <strong>do</strong> AqüíferoSerra Geral, o que equivalente a 52% <strong>do</strong> total da água subterrâneaexplotada pela empresa (ANA, 2005a,c).Os poços <strong>do</strong> Aqüífero Serra Geral têm profundidade médiade 123 m, vazão média de 22,8 m³/h e capacidade especificamédia de 3,34 m³/(h.m) (127 poços consulta<strong>do</strong>s)– ANA (2005a,c).Quanto ao Aqüífero Furnas, sob condições livres, a profundidademédia <strong>do</strong>s poços é de 124m, a vazão média éde 17,4 m 3 /h e a capacidade específica média de 1,556 m 3 /h.m. Na porção confinada, a profundidade média <strong>do</strong>s poçosé de 195m, a vazão média é de 46,4 m 3 /h e a capacidadeespecífica média de 1,510 m 3 /(h.m) (ANA, 2005a,c).As águas <strong>do</strong> Aqüífero Ponta Grossa são utilizadas, principalmente,para o uso <strong>do</strong>méstico, com poços que apresentamprofundidade média de 150m, vazão média relativamentebaixa, de 5,8 m 3 /h e capacidade especifica média de0,369 m 3 /h.m (9 poços consulta<strong>do</strong>s) – ANA (2005a,c).Os poços <strong>do</strong> Bambuí apresentam profundidade média de 86m, vazão média de 11 m 3 /h e capacidade específica média de4,81 m 3 /(h.m) (159 poços consulta<strong>do</strong>s) – ANA (2005a,c).Estes da<strong>do</strong>s da ANA, no entanto, não permitem uma análisepor Sub 1 e Sub 2 da Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná, o que podeser efetuada se forem libera<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sistema SIAGAS. Estesda<strong>do</strong>s serão de grande relevância no cotejo <strong>do</strong>s aproveitamentosde águas subterrâneas por unidade aqüífera nas diversas unidadeshidrográficas da Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná.Geração de energiaA participação da energia hidráulica na matriz energéticanacional é da ordem de 42%, geran<strong>do</strong> cerca de 90% de todaa eletricidade produzida no país. Apesar da tendência deaumento de outras fontes, devi<strong>do</strong> a restrições socioeconômicase ambientais de projetos hidrelétricos e os avançostecnológicos no aproveitamento de fontes não-convencionais,tu<strong>do</strong> indica que a energia hidráulica continuará sen<strong>do</strong>,por muitos anos, a principal fonte gera<strong>do</strong>ra de energiaelétrica <strong>do</strong> Brasil (ANEEL, 2002).A Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná, na divisão apresentada emANEEL (2002), que inclui, em território brasileiro, as RegiõesHidrográficas <strong>do</strong> Paraná (Sub-bacias 60 a 65) e Paraguai (Subbacias66 e 67), sobressai-se das demais por ter a maior capacidadeinstalada de geração de energia <strong>do</strong> país, com 38.580MWou 63,76% <strong>do</strong> total nacional (60.511MW). Estes númeroscoincidem, praticamente, com os da Região Hidrográfica <strong>do</strong>Paraná (38.470 MW), o que evidencia que a geração hidrelétricaé uma de suas mais importantes vocações da RegiãoHidrográfica <strong>do</strong> Paraná – Quadro 54 e Figura 81.
4 | Caracterização e Análise Retrospectiva da Região HidrográficaQuadro 54 - Capacidade instalada e potencial hidrelétrico (inventaria<strong>do</strong> e remanescente), em potência (MW), da Região Hidrográfica <strong>do</strong> ParanáLocalInstala<strong>do</strong> (aproveita<strong>do</strong>) Inventaria<strong>do</strong> Remanescente Total**MW % MW % MW % MW %Bacia <strong>do</strong> Paraná* 38.580 63,8 51.708 31,4 8.670 9,1 60.378 23,2RH-PR 38.470 63,6 50.716 30,8 6.808 7,1 57.524 22,1Brasil 60.511 100 164.599 100 95.496 100 260.095 100Fonte: Eletrobrás (2000) in ANEEL (2002).* inclui as Regiões Hidrográficas <strong>do</strong> Paraná (Sub-bacias 60 a 65) e Paraguai (Sub-bacias 66 e 67); ** inventaria<strong>do</strong> + remanescenteGeração hidrelétrica (MW)10080% (em MW)6040Bacia <strong>do</strong> ParanáRH-PRBrasil201490Instala<strong>do</strong>Inventaria<strong>do</strong>RemanescenteStatusFonte: Eletrobrás, 2000 in ANEEL (2002)Figura 87 - Capacidade instalada e potencial hidrelétrico (inventaria<strong>do</strong> e remanescente), em potência (MW), da Região Hidrográfica <strong>do</strong> ParanáA Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná apresenta a maior porcentagemde utilização <strong>do</strong> potencial disponível entre todas as regiõeshidrográficas (38.470MW de potência instalada de umtotal de 57.524MW, ou 66,9%; bem acima da média nacional,que é de 23,6%) e, certamente, proporcionou condições parao maior desenvolvimento das regiões Sul, Sudeste e mesmo <strong>do</strong>Centro-Oeste. Também responde por cerca de 75% <strong>do</strong> consumonacional (FGV, 1998; ANEEL, 2002).Por outro la<strong>do</strong>, a pre<strong>do</strong>minância da geração hidráulicana Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná, com grandes reservatóriosde regularização pertencentes a empresas diversas, geracerta preocupação quanto às dificuldades para coordenara operação <strong>do</strong>s aproveitamentos hidrelétricos, de forma aconciliar a otimização <strong>do</strong>s sistemas elétricos com o melhoruso das águas (FGV, 1998). Estes aspectos expõem uma realidadeno sistema vigente, que é a interdependência operativade usinas e bacias multiproprietários (Mahler, 2005).As possibilidades de expansão <strong>do</strong> parque gera<strong>do</strong>r na RegiãoHidrográfica <strong>do</strong> Paraná, a partir <strong>do</strong> potencial hidráulicoda região, são proporcionalmente mais reduzidas <strong>do</strong> queem outras regiões hidrográficas (potencial remanescente de6.808 MW na Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná para um totalnacional de 95.496 MW, ou seja, apenas 7,1%), emboraparte expressiva <strong>do</strong> potencial remanescente brasileiro estejaem áreas menos povoadas <strong>do</strong> Brasil.