Caderno da Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paranáde descontinuidades na rocha, como falhas, fraturas ediáclases, associadas a feições de dissolução. Correspondeà região de ocorrência de rochas sedimentaresou metassedimentares associadas a rochas calcárias.• Entre as províncias hidrogeológicas brasileiras, destacaseamplamente na Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná a <strong>do</strong>Paraná. Localiza-se no Centro-Leste da América <strong>do</strong> Sul(Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), com superfícietotal de aproximadamente 1.600.000 km 2 , <strong>do</strong>s quais1.000.000 km 2 em território brasileiro, a maioria naRegião Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná – Figura 23. Trata-se deuma Bacia Intracratônica de forma elíptica, com eixomaior de direção NE, coincidin<strong>do</strong>, aproximadamente,com o curso atual <strong>do</strong> rio Paraná (CPRM, 1997).É considerada a mais importante província hidrogeológica<strong>do</strong> Brasil, em função de sua aptidão em armazenar e liberargrandes quantidades de água, conten<strong>do</strong> o maior volume deágua <strong>do</strong>ce em subsuperfície <strong>do</strong> país, com volume estoca<strong>do</strong> de50.400 km³ de água. Este volume corresponde a 45% <strong>do</strong> volumeestima<strong>do</strong> para as reservas de águas subterrâneas <strong>do</strong> Brasil(112.000 km 3 ). Estes da<strong>do</strong>s evidenciam a relevância das águassubterrâneas na Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná como recursohídrico e reserva estratégica. Além disso, está nas proximidadesdas regiões relativamente mais povoadas e economicamentemais desenvolvidas <strong>do</strong> país (CPRM, 1997).A província hidrogeológica <strong>do</strong> Paraná comporta importantessistemas aqüíferos, entre eles o Sistema Aqüífero Guarani, <strong>do</strong>tipo poroso, confina<strong>do</strong> na maior parte de sua extensão e considera<strong>do</strong>um <strong>do</strong>s maiores mananciais subterrâneos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>;o Sistema Aqüífero Serra Geral, <strong>do</strong> tipo fratura<strong>do</strong>, forma<strong>do</strong>por rochas que constituem um <strong>do</strong>s mais expressivos derramesglobais de lavas basálticas; e o Sistema Aqüífero forma<strong>do</strong> porsedimentos das unidades geológicas Bauru e Caiuá.60Fonte: DNPM & CPRM, 1983 in CPRM, 1997Figura 24 - Províncias hidrogeológicas brasileiras
4 | Caracterização e Análise Retrospectiva da Região HidrográficaNa província hidrogeológica <strong>do</strong> Escu<strong>do</strong> Oriental há osaqüíferos cristalinos de formações geológicas Pré-Cambrianasa Cambrianas. Embora não apresentem as mesmas boascondições de explotação que os aqüíferos sedimentaresda província hidrogeológica <strong>do</strong> Paraná (Guarani e Bauru-Caiuá, notadamente), são relevantes, pois neles se situamimportantes aglomerações urbanas, como São Paulo, Curitiba,Brasília e Goiânia.Caracterização <strong>do</strong>s principais aqüíferosA caracterização <strong>do</strong>s principais sistemas aqüíferos <strong>do</strong>país, efetuada por ANA (2005a,c), incluiu seu potencial hídrico,em termos de reserva e produtividade, sua extensão eimportância no abastecimento regional, com ênfase para osaqüíferos porosos situa<strong>do</strong>s nas bacias sedimentares. A basecartográfica digital utilizada foi o mapa geológico <strong>do</strong> Brasil,na escala 1:2.500.000, produzi<strong>do</strong> pela CPRM (2001) e asinformações sobre produtividade <strong>do</strong>s aqüíferos baseiam-senos da<strong>do</strong>s de poços <strong>do</strong> Sistema de Informações de ÁguasSubterrâneas – SIAGAS da Companhia de Pesquisa de RecursosMinerais – CPRM.ANA (2005a,c) apresenta uma estimativa das reservas explotáveisou disponibilidades hídricas <strong>do</strong>s principais aqüíferos<strong>do</strong> país, ten<strong>do</strong> como base a área de recarga <strong>do</strong>s aqüíferos(mapa geológico – CPRM, 2001), a precipitação médiasobre estas áreas (mapa de isoietas <strong>do</strong> Brasil, conten<strong>do</strong> asnormais 1961-1990) e algumas premissas hidrogeológicas.ANA (2005a,c) considerou que as reservas explotáveis deum Aqüífero são constituídas por uma parte das reservas regula<strong>do</strong>rase uma pequena fração das reservas permanentes. Nocaso, fixou-se que as reservas explotáveis correspondem a 20%das reservas regula<strong>do</strong>ras, ou seja, uma estimativa conserva<strong>do</strong>rae que permite certa margem de confiança ao não consideraro uso das reservas permanentes, ou seja, ao não considerar adepleção <strong>do</strong> volume de água permanente <strong>do</strong> Aqüífero.Este valor também é considera<strong>do</strong> satisfatório, segun<strong>do</strong>ANA (2005a,c), sob o aspecto de manutenção da vazão <strong>do</strong>srios, porque considera que apenas 20% <strong>do</strong> escoamento debase poderia ser afeta<strong>do</strong> pela captação de água subterrânea.As reservas explotáveis a<strong>do</strong>tadas neste estu<strong>do</strong> representam,portanto, 20% <strong>do</strong> escoamento de base <strong>do</strong>s rios.Sabe-se que nas áreas de recarga <strong>do</strong>s aqüíferos, uma parteda água que infiltra no solo, através de sistemas de fluxoslocais a intermediários, participa <strong>do</strong> escoamento básico, enquantoque uma outra parte, que integra o sistema de fluxointermediário a regional, vai para as porções mais profundas<strong>do</strong>s aqüíferos ou para as porções confinadas, a chamadarecarga profunda. Os estu<strong>do</strong>s de ANA (2005b) não levaramem conta a parte de recarga profunda.As disponibilidades hídricas, superficial e subterrânea,para fins de análise, não podem ser somadas para fornecerum valor de disponibilidade total. Na verdade, a disponibilidadehídrica superficial inclui, no seu valor, a disponibilidadesubterrânea, já que esta representa uma parte <strong>do</strong>escoamento de base <strong>do</strong>s rios. A água subterrânea retiradaem um determina<strong>do</strong> ponto implica em redução da contribuição<strong>do</strong> Aqüífero para o rio e, conseqüentemente, a diminuiçãoda água disponível no rio (ANA, 2005a,c).De forma geral, os da<strong>do</strong>s de ANA (2005a,c) são uma primeiraaproximação, dada a inexistência, por hora, de estu<strong>do</strong>s maisdetalha<strong>do</strong>s, o que remete à necessidade de estu<strong>do</strong>s específicospara as diversas unidades aqüíferas presentes no Brasil, tantonas porções livres, quanto confinadas, quan<strong>do</strong> for o caso.Cabe ressaltar que esses estu<strong>do</strong>s não incluem to<strong>do</strong>s osprincipais aqüíferos ou especificidades presentes na RegiãoHidrográfica <strong>do</strong> Paraná (Aqüífero Tubarão; aqüíferos fratura<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s Terrenos Cristalinos Pré-Cambrianos a Cambrianos;aqüíferos <strong>do</strong> Alto Tietê/RMSP; diferenciações entreas unidades Bauru e Caiuá; aqüíferos cársticos situa<strong>do</strong>s aonorte de Curitiba; entre outros), embora contemple alguns<strong>do</strong>s principais aqüíferos, mas com as premissas anteriormenteobservadas: Guarani, Bauru-Caiuá, Serra Geral, PontaGrossa, Furnas e Bambuí.Os Quadros 17 a 19 apresentam informações sobre alguns<strong>do</strong>s principais sistemas aqüíferos presentes na Região Hidrográfica<strong>do</strong> Paraná, a partir <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de ANA (2002b) e CPRM(2001): Guarani, Bauru-Caiuá, Serra Geral, Tubarão, Furnas ePonta Grossa, da bacia sedimentar <strong>do</strong> Paraná (Fanerozóico);Bambuí (Pré-Cambriano) e demais unidades cristalinas, pre<strong>do</strong>minantemente<strong>do</strong> Pré-Cambriano. Nota-se que a maior extensãode afloramento é <strong>do</strong>s aqüíferos Bauru-Caiuá (37,5%),Serra Geral (24,2%) e cristalino Pré-Cambriano (23,2%).61