Caderno da Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná96mineos, <strong>do</strong>radídeos). O eleva<strong>do</strong> endemismo confere a esta baciaalto interesse biogeográfico, sen<strong>do</strong> relevante também o compartilhamentode espécies <strong>do</strong> alto Iguaçu com os rios costeiros, bemcomo as possíveis diferenças de composição entre seus diferentestrechos isola<strong>do</strong>s pelos vales de ruptura.• Ecorregião <strong>do</strong> Alto ParanáInclui bacia de drenagem <strong>do</strong> Paraná superior acima de SeteQuedas, abrangen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os tributários. Na bacia <strong>do</strong> Alto Paranáo Paraná é o principal rio da bacia <strong>do</strong> Prata, sen<strong>do</strong> quedesde sua nascente na Serra da Mata da Corda (MG) até a UsinaHidrelétrica de Itaipu, percorre 1.879 km, drenan<strong>do</strong> uma áreade quase 900.000 km 2 (AGOSTINHO & JÚLIO JR., 1999).Originalmente, o limite inferior desta ecorregião situava-seno município de Guaíra (PR), em Sete Quedas, atualmentesubmersas após o enchimento <strong>do</strong> reservatório deItaipu, em 1982. Drena uma área com grandes centros urbanos,industriais e agrícolas e se constitui na região maisintensivamente explorada <strong>do</strong> país.Além de Brasília, capitais estaduais como Goiânia, SãoPaulo e Campo Grande estão presentes nesta ecorregião,sen<strong>do</strong> a última localizada em seu limite ocidental.Disponibilidade de da<strong>do</strong>s: Coleções ictiológicas <strong>do</strong>MNRJ; MZUSP; UNESP – DZSJRP; FFCLRP-USP – LIRP;Laboratório de Ictiologia da UFSCar; MZUEL; Coleção Ictiológicade Nupélia/UEM – NUP; MHNCI, Museu de Ciênciasda PUC Porto Alegre – MCP, dentre outras.Lacunas <strong>do</strong> conhecimento: requerimentos mínimos deárea e de vazão para manutenção de viabilidade populacional,com ênfase nas espécies migra<strong>do</strong>ras; efeito das espéciesintroduzidas sobre as espécies autóctones; diversidade daictiofauna de cabeceira e riachos; conhecimento de outrosgrupos zoológicos e botânicos.Espécies endêmicas: Steindachnerina insculpta, Leporinusamblyrhynchus, Schizo<strong>do</strong>n altoparanae, Astyanax altiparanae,Astyanax schubarti, Oligosarcus paranensis, Oligosarcus pintoi,Galeocharax knerii, Pimelodus heral<strong>do</strong>i, Sternachorhynchusbritskii, Cichlasoma paranaense, Crenicichla, britskii,Crenicichla haral<strong>do</strong>i, Gymnogeophagus setequedas.Espécies ameaçadas: Moluscos: Diplo<strong>do</strong>n caipira, Diplo<strong>do</strong>ngreeffeanus, Diplo<strong>do</strong>n martensi, Diplo<strong>do</strong>n rotundus, Ano<strong>do</strong>ntitessleniformis, Ano<strong>do</strong>ntites tenebricosus, Ano<strong>do</strong>ntites trapesialis,Ano<strong>do</strong>ntites trapezeus, Fossula fossiculifera, Monocondylaea paraguayana,Mycetopoda siliquos. Peixes: Glandulocauda melanogenys,Spintherobolus papilliferus, Pallotorynus jacundus, Sympsonichthysboitonei, Sympsonichthys parallelus, Sympsonichthyssantanae, Sternacorhynchus britskii, Crenicichla jupiaensis,Gymnogeophagus setequedas, Chasmocranus brachynema, Pseu<strong>do</strong>tocinclustietensis, Heptapterus multiradiatus, Trichomycteruspaolensis.Integridade Ambiental: as principais ameaças são a introduçãode espécies exóticas, represamentos e regulaçãoartificial <strong>do</strong> nível da água, sobrepesca, poluição, destruiçãode habitats (assoreamento, urbanização, remoção das vegetaçõesmarginais, uso de agrotóxicos, dentre outras).Interesse biogeográfico: Por incluir as principais concentraçõesurbanas <strong>do</strong> país, além da intensa exploraçãoagropecuária, trata-se de uma das ecorregiões mais impactadas<strong>do</strong> Brasil. Sua amplitude e fronteira com diversas outrasecorregiões aumentam seu interesse biogeográfico.Áreas prioritáriasInformações das áreas prioritárias para a conservação foramobtidas a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto de Conservação e UtilizaçãoSustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO,o qual teve por objetivo o conhecimento da riqueza biológicae o potencial para uso sustentável <strong>do</strong>s diferentes biomas brasileiros;a identificação de áreas prioritárias para a conservação,com base em critérios de diversidade biológica, integridade<strong>do</strong>s ecossistemas e oportunidades para ações de conservação ea avaliação de opções para usos sustentáveis, compatíveis coma conservação da diversidade biológica.Critérios de priorização foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, separan<strong>do</strong>-se asseguintes classes: extremamente alta, muito alta, alta e insuficientementeconhecida.Ao to<strong>do</strong> foram indicadas 900 áreas no Brasil, sen<strong>do</strong> queaquelas situadas na Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná são apresentadasna Figura 45.
4 | Caracterização e Análise Retrospectiva da Região Hidrográfica97Fonte: PROBIO in PNRH-BASE (2005)Figura 48 - Localização das áreas consideradas prioritárias pelo IBAMA/MMAFaunaA profunda alteração da cobertura vegetal da Região Hidrográfica<strong>do</strong> Paraná, com a devastação das extensas áreasde florestas nativas, repercutiram fortemente na fauna regional,a qual foi ainda afetada por outras ações antrópicas(caça, pesca, queimadas, etc.), reduzin<strong>do</strong> drasticamente aspopulações e levan<strong>do</strong> a extinção algumas espécies, e colocan<strong>do</strong>em risco várias outras.A ictiofauna da Região Hidrográfica <strong>do</strong> Paraná apresentasemuito alterada devi<strong>do</strong> à existência de vários reservatóriosao longo <strong>do</strong> seu leito, bem como das conseqüênciasadvindas da ocupação intensiva <strong>do</strong> solo, com modificaçõesambientais importantes, inclusive quanto à qualidade daságuas. Nos rios Iguaçu, Tibagi, Ivaí e Piquiri foram identificadasum número variável de espécies (de 40 a 60, aproximadamente)observan<strong>do</strong>-se que a ictiofauna <strong>do</strong> rio Ivaíapresenta alto grau de semelhança com a <strong>do</strong> rio Paraná.