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Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />

O conhecimento flui hierarquicamente do centro para a periferia. Os países se dividem<br />

entre importadores e exportadores de produtos audiovisuais. Tudo parece estar<br />

desenhado para que a nova exclusão digital reproduza as velhas desigual<strong>da</strong>des sociais.<br />

Frente a esse panorama existem duas atitudes possíveis. Em primeiro lugar, o caminho<br />

até a hipoci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, que quer dizer a eliminação paulatina <strong>da</strong> consciência ci<strong>da</strong>dã por<br />

meio de várias dinâmicas políticas: aumento do controle social; expansão <strong>da</strong> informática<br />

por padrões proprietários; monopolização dos padrões de hardwares, softwares e padrões<br />

de comunicação; promoção de um uso simplesmente lúdico <strong>da</strong>s TIC (incluindo a expansão<br />

do setor dos consoles e dos videogames); fomento de um uso superficial e não<br />

comprometido <strong>da</strong>s redes sociais virtuais etc. Nessa dinâmica, está claro que o equilíbrio<br />

entre ci<strong>da</strong>dãos e instituições centraliza<strong>da</strong>s penderia claramente a favor <strong>da</strong>s instituições.<br />

Em segundo lugar, existe um caminho possível até uma hiperci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, um<br />

exercício mais profundo <strong>da</strong> participação política que poderíamos chamar ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />

digital, e que nos alienaria <strong>da</strong> atitude niilista e ascética que acaba sendo inevitável na<br />

dinâmica anterior. É um conceito baseado nos seguintes elementos:<br />

• a apropriação social <strong>da</strong> tecnologia, o que supõe empregá-la para fins não só de<br />

excelência técnica, mas também de relevância social;<br />

• a utilização consciente do impacto <strong>da</strong>s TIC sobre a democracia, avançando<br />

desde suas atuais formas representativas até novas formas de democracia participativa;<br />

• a expansão de uma quarta geração de direitos humanos, na qual se incluiria o<br />

acesso universal à informática, à difusão de ideias e crenças sem censura nem<br />

fronteiras e por meio <strong>da</strong>s redes, o direito a ter voz no desenho de tecnologias<br />

que afetam nossas vi<strong>da</strong>s, assim como acesso permanente ao ciberespaço por<br />

redes abertas e a um espectro aberto (Open Spectrum);<br />

• a promoção de políticas de inclusão digital, entendendo como inclusão não o<br />

simples acesso e compra de produtos e serviços de informática, mas o processo<br />

de criação de uma inteligência coletiva que seja um recurso estratégico para<br />

inserir uma comuni<strong>da</strong>de ou um país em um ambiente globalizado;<br />

• o desenvolvimento criativo de serviços de governo eletrônico que aproximem<br />

a gestão dos assuntos públicos dos ci<strong>da</strong>dãos;<br />

• a defesa do conceito de procomun (commons, bens comuns), conservando espaços<br />

de desenvolvimento humano cuja gestão não está submeti<strong>da</strong> às leis do<br />

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