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Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />

partir de processos de unificação política potencializados pela alavanca <strong>da</strong>s tecnologias<br />

de comunicação <strong>da</strong> época, como o bonde. Ninguém tinha consciência de ser<br />

italiano quando o trajeto de Veneza a Nápoles era feito arduamente a pé ou a cavalo.<br />

Podia-se ser veneziano ou napolitano, mas não italiano. No momento em que o<br />

bonde encurta a distância entre as ci<strong>da</strong>des, a consciência nacional começa a parecer<br />

natural. O mundo se reduz quando o tempo encurta. E essa transformação do tempo<br />

em espaço é muito mais radical em nossos dias, por duas razões fun<strong>da</strong>mentais.<br />

A primeira dessas razões é amplamente conheci<strong>da</strong> e aceita. Marshall McLuhan<br />

cunha o termo aldeia global para fazer referência a essa pólis em que o diálogo é<br />

universal. Poucos conhecimentos ficam, hoje em dia, ocultos <strong>da</strong> opinião pública<br />

mundial. As telecomunicações permitem esse diálogo, no qual aparece a figura do<br />

“prossumidor”, produtor e consumidor ao mesmo tempo do conhecimento que flui<br />

pela Rede. Se a voz dos ci<strong>da</strong>dãos se estende além <strong>da</strong> fronteira <strong>da</strong> pólis, não há razão<br />

alguma para manter uma muralha que os fluxos digitais atravessam com a mesma<br />

facili<strong>da</strong>de com que os fantasmas atravessam os muros dos castelos escoceses.<br />

A segun<strong>da</strong> razão se refere à transformação qualitativa causa<strong>da</strong> pela proliferação do<br />

conhecimento periférico dentro <strong>da</strong> Rede. Mas além de McLuhan, o fenômeno mais<br />

relevante não é a possibili<strong>da</strong>de de que todo mundo saiba o que ocorre do outro lado do<br />

planeta. A novi<strong>da</strong>de é que os acontecimentos acontecem em lugar e em tempo real. O feito<br />

de que a informação sobre o que está acontecendo se propague instantaneamente converte<br />

os receptores em protagonistas. Como tais, cobram um papel na hora de definir ou<br />

modificar o curso dos acontecimentos. Vimos há poucos meses as propostas populares<br />

nas ruas de Teerã frente aos polêmicos resultados <strong>da</strong>s últimas eleições presidenciais. Os<br />

meios de comunicação internacionais foram censurados e a liber<strong>da</strong>de dos movimentos<br />

de correspondentes estrangeiros foi reduzi<strong>da</strong> à sua expressão mínima. Contudo, os<br />

resultados <strong>da</strong> violência policial contra os manifestantes corriam pelas redes sociais. As<br />

movimentações dos estu<strong>da</strong>ntes aconteciam de maneira quase orgânica ao contar com<br />

essa informação em tempo quase real. É o nascimento do ecossistema digital.<br />

A Rede como ecossistema e procomun<br />

Benkler (2003, 2006) define o novo entorno como um meio ambiente digital<br />

formado por espécies digitais (aplicações informáticas, sistemas operacionais, protocolos<br />

de comunicação, serviços online, modelos de negócio etc.) que se relacionam<br />

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