30.11.2012 Views

Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />

O caminho de políticas públicas de telecentros precisou equacionar alguns dilemas<br />

que as ONGs vivenciavam. Em primeiro lugar, a questão do acesso, que não<br />

pode estar restrito apenas a uma dimensão tecnológica, ou a estrutura do mercado<br />

de telecomunicações. Em segundo lugar, a abrangência <strong>da</strong> política de inclusão digital,<br />

que na perspectiva ponto a ponto colocava os telecentros como centro desta<br />

política. E, em terceiro lugar, a questão de sustentabili<strong>da</strong>de.<br />

Esses três aspectos têm sido enfrentados de forma distinta. A questão do acesso à<br />

internet, que esbarrava na barreira tecnológica, vem sendo quebra<strong>da</strong> pela tecnologia<br />

de transmissão sem fios. Com sistemas que fazem uso de satélites e transmissão sem<br />

fio para longas distâncias, rompe-se o mito de que os sistemas locais de comunicação<br />

digital deveriam se restringir ao âmbito de operação <strong>da</strong>s grandes empresas de telecomunicações.<br />

Começam a surgir sistemas locais de comunicação digital, experiências<br />

hoje realiza<strong>da</strong>s em comuni<strong>da</strong>des e municípios.<br />

A questão <strong>da</strong> abrangência está diretamente vincula<strong>da</strong> ao conceito utilizado em<br />

determina<strong>da</strong> política pública de inclusão digital. Ao trabalhar a inclusão digital a<br />

partir de pontos de acesso à internet, os telecentros abriram caminhos para uma ação<br />

de políticas públicas e de ONGs. Superando a visão de cursos básicos de informática<br />

e de apenas acesso à internet, avançaram para o desenvolvimento em conjunto de<br />

conteúdos articulados a uma visão de desenvolvimento local.<br />

Desse modo, o telecentro passa a ser entendido como um espaço integrador<br />

dos diversos tipos de trabalho — desde empresas familiares até o autoemprego —<br />

em uma nova forma de intervenção, articula<strong>da</strong> localmente: construindo elos econômicos<br />

em sentido horizontal e vertical; constituindo-se numa rede territorial de<br />

serviços enquanto um sistema flexível e descentralizado; conformando um lugar<br />

de interação e de diálogo entre os distintos interlocutores econômicos e sociais por<br />

meio <strong>da</strong>s novas tecnologias de informação e comunicação.<br />

Os telecentros passaram a se constituir em ver<strong>da</strong>deiras agências de desenvolvimento<br />

comunitário ou centros de desenvolvimento de economia solidária prestando<br />

serviços à comuni<strong>da</strong>de, apoiando projetos já existentes ou os desenvolvendo. Como<br />

um direito insurgente, os telecentros haviam se constituído no espaço de referência<br />

do combate à exclusão digital entendi<strong>da</strong> como desigual<strong>da</strong>de de acesso às novas tecnologias<br />

de informação e comunicação.<br />

A política pública de inclusão digital incorporou os telecentros como resposta<br />

ao problema de acesso nas áreas de baixa ren<strong>da</strong>. Os governos procuraram criar incentivos<br />

e oferecer subsídios públicos para que as operadoras tradicionais cobrissem<br />

189<br />

port

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!