Sergio Amadeu da Silveira - Cidadania e Redes Digitais
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c i d a d a n i a e r e d e s d i g i t a i s<br />
O caminho de políticas públicas de telecentros precisou equacionar alguns dilemas<br />
que as ONGs vivenciavam. Em primeiro lugar, a questão do acesso, que não<br />
pode estar restrito apenas a uma dimensão tecnológica, ou a estrutura do mercado<br />
de telecomunicações. Em segundo lugar, a abrangência <strong>da</strong> política de inclusão digital,<br />
que na perspectiva ponto a ponto colocava os telecentros como centro desta<br />
política. E, em terceiro lugar, a questão de sustentabili<strong>da</strong>de.<br />
Esses três aspectos têm sido enfrentados de forma distinta. A questão do acesso à<br />
internet, que esbarrava na barreira tecnológica, vem sendo quebra<strong>da</strong> pela tecnologia<br />
de transmissão sem fios. Com sistemas que fazem uso de satélites e transmissão sem<br />
fio para longas distâncias, rompe-se o mito de que os sistemas locais de comunicação<br />
digital deveriam se restringir ao âmbito de operação <strong>da</strong>s grandes empresas de telecomunicações.<br />
Começam a surgir sistemas locais de comunicação digital, experiências<br />
hoje realiza<strong>da</strong>s em comuni<strong>da</strong>des e municípios.<br />
A questão <strong>da</strong> abrangência está diretamente vincula<strong>da</strong> ao conceito utilizado em<br />
determina<strong>da</strong> política pública de inclusão digital. Ao trabalhar a inclusão digital a<br />
partir de pontos de acesso à internet, os telecentros abriram caminhos para uma ação<br />
de políticas públicas e de ONGs. Superando a visão de cursos básicos de informática<br />
e de apenas acesso à internet, avançaram para o desenvolvimento em conjunto de<br />
conteúdos articulados a uma visão de desenvolvimento local.<br />
Desse modo, o telecentro passa a ser entendido como um espaço integrador<br />
dos diversos tipos de trabalho — desde empresas familiares até o autoemprego —<br />
em uma nova forma de intervenção, articula<strong>da</strong> localmente: construindo elos econômicos<br />
em sentido horizontal e vertical; constituindo-se numa rede territorial de<br />
serviços enquanto um sistema flexível e descentralizado; conformando um lugar<br />
de interação e de diálogo entre os distintos interlocutores econômicos e sociais por<br />
meio <strong>da</strong>s novas tecnologias de informação e comunicação.<br />
Os telecentros passaram a se constituir em ver<strong>da</strong>deiras agências de desenvolvimento<br />
comunitário ou centros de desenvolvimento de economia solidária prestando<br />
serviços à comuni<strong>da</strong>de, apoiando projetos já existentes ou os desenvolvendo. Como<br />
um direito insurgente, os telecentros haviam se constituído no espaço de referência<br />
do combate à exclusão digital entendi<strong>da</strong> como desigual<strong>da</strong>de de acesso às novas tecnologias<br />
de informação e comunicação.<br />
A política pública de inclusão digital incorporou os telecentros como resposta<br />
ao problema de acesso nas áreas de baixa ren<strong>da</strong>. Os governos procuraram criar incentivos<br />
e oferecer subsídios públicos para que as operadoras tradicionais cobrissem<br />
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