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Curiosamente, quando nós observamos o que ocorre com as políticaspúblicas para quilombos esta distinção também pode ser percebi<strong>da</strong>,ain<strong>da</strong> que de forma relativamente transforma<strong>da</strong>. Tomando por váli<strong>da</strong> adistinção que sugerimos entre dois tipos de políticas para comuni<strong>da</strong>desquilombolas – aquelas gera<strong>da</strong>s especificamente para esta população eaquelas formula<strong>da</strong>s como simples extensão e atenção diferencia<strong>da</strong> depolíticas universais ou foca<strong>da</strong>s na pobreza – seria necessário nos perguntarmossobre quais os efeitos desta distinção e, se, no limite, ela apontapara os mesmos riscos indicados por Fraser.Retomando o que já foi visto, o ano de 2003 marcou o início de umaetapa de aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>quilo que havia sido feito de forma apenastentativa e semanticamente vacilante na Constituição de 1988: uma rupturacom a “afini<strong>da</strong>de eletiva” entre o “negro” e a “cultura” no trato <strong>da</strong>doao tema <strong>da</strong>s relações raciais por parte do Estado brasileiro. O debateque resultou na re<strong>da</strong>ção final do artigo sobre os “remanescentes <strong>da</strong>scomuni<strong>da</strong>des de quilombos” e que partiu ao meio a sua formulaçãooriginal 10 , já havia levando uma parte dos seus objetivos para o capítulo<strong>da</strong> cultura (CF88, artigos 215 e 216), enquanto deixava a outra, relativaaos objetivos fundiários, entre os dispositivos constitucionais transitórios(CF88- 68 ADCT). Uma repartição que está muito próxima,senão perfeitamente decalca<strong>da</strong>, <strong>da</strong> oposição entre reconhecimento eredistribuição. Mas foi só com o decreto presidencial de 2003 que oGoverno Federal abriria caminho, 15 anos depois, para que o tema <strong>da</strong>sterras <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des negras fosse efetivamente incorporado comoobjeto de política pública em âmbito nacional.O Decreto realizou isso por meio do deslocamento institucionaldo tema: de uma atribuição exclusiva <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Cultural Palmares(Ministério <strong>da</strong> Cultura) para uma atribuição partilha<strong>da</strong> entre váriosministérios, cujas ações deveriam ser coordena<strong>da</strong>s pela Seppir (Presidência<strong>da</strong> República), mas que tem no Incra (Ministério do DesenvolvimentoAgrário) o principal de suas ações. Com isso podemos dizer queos quilombos deixaram de ser um tema exclusivo <strong>da</strong> política culturalpara serem reconhecidos como uma parcela <strong>da</strong> população nacional que103POLÍTICAS PÚBLICAS PARA QUILOMBOS: TERRA, SAÚDE E EDUCAÇÃO10 Arruti, 2006.

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