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Enfim, o avanço <strong>da</strong> questão quilombola, assim como as reaçõescontrárias a que ele deu lugar, se materializam em um comportamentoambíguo e oscilante do Governo Federal: de um lado, o governo fazprevisões orçamentárias generosas para a implantação de políticas públicase as anuncia com grande alarde, mas, de outro, os ministériossimplesmente não gastam tal orçamento, executando parcelas mínimas<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des previstas. De um lado, a legislação nacional cria novasfiguras de direito (que permitem a emergência de novos movimentossociais) assim como incorpora leis (por meio <strong>da</strong> assinatura de diversosacordos e convenções internacionais) que estão entre as mais progressistasdo mundo. De outro lado, o executivo cria normas menores, internasàs agências de Estado responsáveis por executar tais leis, que estabelecemprocessos demorados e repletos de obstáculos técnicos e administrativos,enquanto o judiciário reinterpreta tais conceitos de forma restritivaà aplicação de tais direitos, tornando o julgamento dos conflitos queenvolvem os movimentos sociais um “eterno retorno” hermenêutico.Assim, a execução orçamentária parcial (em alguns casos ínfima) <strong>da</strong>spolíticas públicas para quilombos faz par com dispositivos normativos ejudiciários, assim como com novas tentativas de restrição ou mesmo dedesconstituição legal dos quilombolas como sujeitos de direitos.Finalmente, o avanço quilombola aponta para uma importante passagemde uma perspectiva exclusivamente volta<strong>da</strong> ao reconhecimentocultural, para uma perspectiva que integra o objetivo <strong>da</strong> redistribuição,corrigido pelo reconhecimento de determina<strong>da</strong>s particulari<strong>da</strong>des denatureza social e cultural. Mas, ain<strong>da</strong> assim, este processo é incompleto.Onde ele conseguiu gerar um modelo relativamente equilibrado –a política fundiária – ele está ameaçado, enquanto nas demais políticas,enquanto tal modelo não é alcançado, tais comuni<strong>da</strong>des continuamreféns <strong>da</strong>s suas diferenças, naquilo que elas implicam modos desiguaisde participar e de se representar politicamente diante do próprio Estadoe de seus opositores locais.Um quadro que torna urgente o debate em torno dos modelos deincorporação <strong>da</strong>s perspectivas de redistribuição e reconhecimento.109POLÍTICAS PÚBLICAS PARA QUILOMBOS: TERRA, SAÚDE E EDUCAÇÃO

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