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Download da publicação completa - Fundação Heinrich Böll

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276CAMINHOS CONVERGENTES: ESTADO E SOCIEDADE NA SUPERAÇÃO DAS DESIGUALDADES RACIAIS NO BRASILna cena política brasileira, assim como o movimento ecológico, o feminismoe outros movimentos de afirmação identitária foram importantesnos anos 70 e o surgimento <strong>da</strong>s ONGs foi importante nos anos 80.Em geral, os grupos de jovens começam como iniciativas artísticasou projetos locais baseados em ações culturais, desenvolvidos e coordenadospelos próprios jovens. Exemplos desses empreendimentos são osgrupos AfroReggae, o Nós do Morro e a Central Única de Favelas (Cufa),no Rio de Janeiro, o Faces do Subúrbio em Recife, o NUC e o Arautosdo Gueto, em Belo Horizonte, o Olodum, em Salvador – que foi oprimeiro grupo surgido ain<strong>da</strong> nos anos 80 e autoidentificado comoparte do movimento negro brasileiro. Na déca<strong>da</strong> de 90 esses grupos semultiplicaram, em geral em torno <strong>da</strong> cultura hip hop e na déca<strong>da</strong> atualé possível falar de milhares de agrupamentos mobilizados nas periferiasde São Paulo, nas vilas de Porto Alegre, nos aglomerados de BeloHorizonte, nas ci<strong>da</strong>des satélites de Brasília e em bairros pobres de SãoLuís, João Pessoa, Campina Grande, Florianópolis ou Fortaleza.São experiências díspares, que vão de pequenos grupos de rap, breakou grafite desarticulados em favelas por todo o Brasil urbano até gruposque hoje se encontram muito estruturados. Acompanho de perto atrajetória de três desses grupos, o AfroReggae, o Nós do Morro e a Cufae creio que algumas de suas principais características anteciparamaspectos que estão presentes em maior ou menor grau entre muitosdos grupos espalhados por favelas e bairros de periferias em centrosurbanos brasileiros.Esses grupos expressam, por meio de diferentes linguagens, como amúsica, o teatro, a <strong>da</strong>nça, a literatura e o cinema, ideias e perspectivasdos jovens <strong>da</strong>s favelas. Ao mesmo tempo, buscam produzir imagensalternativas aos estereótipos <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong>de e do fracasso associados aesse segmento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Alguns falam abertamente no compromissode produzir alternativas para os jovens fora <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>sfortes atrações materiais e sobretudo simbólicas ofereci<strong>da</strong>s pela redede tráfico de drogas, presentes na maioria desses territórios: dinheiro,“respeito” imposto pela ostentação <strong>da</strong>s armas, acesso às roupas <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>,enorme capaci<strong>da</strong>de de atração de garotas bonitas, ambiente onde circulamcarros e motos e em que a música rola pela madruga<strong>da</strong>, além, obviamente,do acesso às drogas. Outros grupos, como indicarei, recusam-se

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