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Download da publicação completa - Fundação Heinrich Böll

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A VISÃO JURIDICO-POLÍTICA PODERIASER INSUFICIENTEAs ações afirmativas são importantes, mas, para alguns, devem ser acompanha<strong>da</strong>sde ações de valorização cultural, e isso por razões de identi<strong>da</strong>de.Por exemplo, é preciso denunciar a discriminação religiosa a fimde impor o respeito pelas culturas de origem africana, pois isso é apenasrespeitar as origens culturais do povo historicamente discriminado, deforma que a maneira diferente de ser e de ver o mundo e o sagrado entrenumerosos afrodescendentes seja respeita<strong>da</strong>; do mesmo modo, deve-segarantir uma presença cultural forte nos lugares próprios <strong>da</strong> hegemoniacultural brasileira, por exemplo <strong>da</strong>s mídias, e disseminar a cultura e osvalores dos afrodescendentes. As reparações significam também <strong>da</strong>rvisibili<strong>da</strong>de; respeitar o outro é reconhecê-lo, <strong>da</strong>r espaço às pessoas ea suas expressões.As reparações também são uma questão de memória. Assim, EdnaRoland recorre à ideia de criar um memorial <strong>da</strong> escravidão no Brasil.Ela interroga o motivo <strong>da</strong> ausência de tal memorial: “Quatro milhõesde vítimas do tráfico, 40 milhões de vítimas que nasceram no Brasil,44 milhões de vítimas <strong>da</strong> escravidão e nenhum memorial? Como explicarisso enquanto existe um memorial para 475 mortos brasileiros na Segun<strong>da</strong>Guerra Mundial na Itália? Por que, então, na<strong>da</strong> para nós? 44 milhõesde vítimas ain<strong>da</strong> não é o bastante? Onde estão nossos mortos, onde estãonossos cemitérios?”Ain<strong>da</strong> segundo Edna Roland, as culturas afrodescendentes são culturas<strong>da</strong> sobrevivência e deveriam ser reconheci<strong>da</strong>s em termos de contribuiçãoao patrimônio <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.Reconhecer a quali<strong>da</strong>de, a especifici<strong>da</strong>de e a herança <strong>da</strong>s culturastradicionais e contemporâneas dos afrodescendentes é uma coisa, mas épreciso não esquecer que essas práticas são frequentemente associa<strong>da</strong>s alongos períodos de repressão. Lúcia Xavier (ONG Criola) recor<strong>da</strong> a história<strong>da</strong> capoeira 39 , que foi proibi<strong>da</strong> até 1930, e a compara ao funk doRio de Janeiro, considerado um dos melhores do mundo mas reprimidopela polícia porque associado ao crime, às favelas e à droga. Se é bom221DIREITOS, CIDADANIA E REPARAÇÕES PELOS ERROS DO PASSADO ESCRAVISTA: PERSPECTIVAS DO MOVIMENTO NEGRO NO BRASIL39 Arte <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça e do combate pratica<strong>da</strong> pelos escravos.

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