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Versão Total ´Formato PDF - Ordem dos Revisores Oficiais de Contas

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28<br />

Auditoria<br />

que reflecte o que os responsáveis assumem<br />

como melhor expectativa do que se espera<br />

que aconteça, logo estamos perante informação<br />

financeira previsional. A informação<br />

<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> uso limitado é <strong>de</strong>stinada a<br />

ser usada pela própria entida<strong>de</strong> ou por terceiros<br />

que estejam directamente a negociar<br />

com ela, e <strong>de</strong>bruça-se sobre uma questão<br />

específica a resolver ou <strong>de</strong>cidir, em que os<br />

terceiros po<strong>de</strong>m questionar a entida<strong>de</strong> responsável<br />

e negociar termos directamente.<br />

Neste caso o a<strong>de</strong>quado po<strong>de</strong>ria ser uma informação<br />

previsional, uma projecção ou ainda<br />

uma apresentação parcial, limitada a <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong><br />

elementos, rúbricas ou contas<br />

relevantes para o problema em questão.<br />

Po<strong>de</strong>mos então concluir que o que distingue<br />

os tipos <strong>de</strong> informação prospectiva não<br />

é o número <strong>de</strong> utilizadores mas sim o tipo <strong>de</strong><br />

uso e <strong>de</strong> relação com a entida<strong>de</strong> que estes<br />

têm, o que nos leva a afirmar que o leque <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stinatários <strong>de</strong>sta informação é muito vasto<br />

e diversificado, po<strong>de</strong>ndo ser potenciais credores,<br />

clientes, fornecedores, investidores,<br />

qualquer agente que esteja a negociar algo<br />

específico directamente com a organização<br />

ou quaisquer entida<strong>de</strong>s interessadas em conhecer<br />

melhor a sua activida<strong>de</strong> e evolução.<br />

Face à inquestionável utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas<br />

informações na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões surge<br />

a problemática da obrigatorieda<strong>de</strong> ou não<br />

da sua divulgação. As críticas à divulgação<br />

argumentam que a previsão po<strong>de</strong> transmitir<br />

informações ao mercado que a concorrência<br />

aproveite, e que po<strong>de</strong>ria fazer incorrer<br />

o gerente em responsabilida<strong>de</strong>s por previsões<br />

ina<strong>de</strong>quadas. Por outro lado, os <strong>de</strong>fensores<br />

da sua divulgação contra argumentam<br />

que as <strong>de</strong>monstrações financeiras ficam<br />

com o seu conteúdo enriquecido, permitin-<br />

<strong>Revisores</strong> & Empresas > Julho/Setembro 2006<br />

do, assim, aferir-se mais facilmente a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> gestão da entida<strong>de</strong> e o grau <strong>de</strong> prossecução<br />

<strong>dos</strong> planos apresenta<strong>dos</strong>, para além<br />

<strong>de</strong> permitir a avaliação da própria capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> previsão da entida<strong>de</strong>, rebatem ainda<br />

os argumentos <strong>dos</strong> opositores afirmando<br />

que este tipo <strong>de</strong> informação tem sempre implícita<br />

uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização, e<br />

não uma certeza, pelo que, implica sempre<br />

um grau <strong>de</strong> tolerância.<br />

A posição <strong>dos</strong> organismos contabilísticos<br />

tem, relativamente a esta matéria, evoluído<br />

significativamente, duma forte adversida<strong>de</strong><br />

face à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> divulgação da informação<br />

prospectiva para uma posição intermédia <strong>de</strong><br />

verificação <strong>de</strong>ssa informação até à situação<br />

em, que se pronunciam correntemente sobre<br />

ela, comprovando as bases contabilísticas<br />

para a elaboração das projecções e os cálculos<br />

efectua<strong>dos</strong>.<br />

O ASOBAT (A Statement Of Basic<br />

Accounting Theory), publicado em 1966,<br />

pela American Accounting Association foi<br />

a primeira publicação a <strong>de</strong>bruçar-se sobre<br />

esta problemática concluindo que «as necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>dos</strong> utilizadores requerem não<br />

só informações sobre transacções passadas,<br />

geradas pelas <strong>de</strong>monstrações financeiras<br />

tradicionais, mas também informações relacionadas<br />

com os planos, expectativas<br />

futuras e orçamentos». É sobre as i<strong>de</strong>ias<br />

<strong>de</strong>senvolvidas no ASOBAT que se vão <strong>de</strong>senvolver<br />

os princípios e objectivos da mo<strong>de</strong>rna<br />

teoria contabilística que legitimam<br />

a informação financeira prospectiva.<br />

A problemática da continuida<strong>de</strong><br />

face à informação financeira<br />

A revisão às contas <strong>de</strong> uma empresa imprime<br />

uma credibilida<strong>de</strong> às <strong>de</strong>monstrações<br />

financeiras que os utilizadores muitas vezes<br />

enten<strong>de</strong>m como garantia <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong><br />

futura da empresa, pois enten<strong>de</strong>m que<br />

os auditores têm um acesso e relação privilegiada<br />

com a organização, <strong>de</strong> tal modo<br />

que po<strong>de</strong>m avaliar e alertar para perigos<br />

<strong>de</strong> eventual <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>. No entanto,<br />

não é, <strong>de</strong> modo algum, função do auditor<br />

procurar evidência sobre a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong><br />

ou não da organização da qual audita<br />

as contas, o mesmo não se po<strong>de</strong>rá dizer se<br />

no <strong>de</strong>senrolar <strong>dos</strong> seus procedimentos normais<br />

este se <strong>de</strong>parar com alguma evidência<br />

ou indício <strong>de</strong> que a continuida<strong>de</strong> da organização<br />

po<strong>de</strong>rá estar em risco. Neste caso,<br />

é obrigação do auditor fazer tudo o que estiver<br />

ao seu alcance para obter prova que<br />

elimine essa suspeita, ou que confirme uma<br />

dúvida razoável acerca da continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

operações, caso em que, <strong>de</strong> facto, é da sua<br />

competência inclui-lo na sua opinião. Esta<br />

problemática faz parte integrante <strong>de</strong> uma<br />

outra – o “expectation gap”, ou seja, a diferença<br />

entre as expectativas <strong>dos</strong> utilizadores<br />

da informação financeira relativamente<br />

ao trabalho do auditor e as reais e<br />

legítimas obrigações <strong>de</strong>ste.<br />

Os recentes escândalos financeiros retratam<br />

bem a impossibilida<strong>de</strong> da informação<br />

disponibilizada aos utilizadores fornecer<br />

da<strong>dos</strong> relevantes quanto aos riscos<br />

e incertezas enfrenta<strong>dos</strong> pelas organizações,<br />

o que leva a credibilida<strong>de</strong> da informação<br />

fornecida, do próprio trabalho do<br />

auditor e da sua in<strong>de</strong>pendência a saírem<br />

bastante afecta<strong>dos</strong>. Esta matéria é no entanto<br />

bastante sensível, pelo que se discute se<br />

o revelar da dúvida em si não precipitará<br />

os acontecimentos para uma realida<strong>de</strong>, que<br />

segundo alguns, po<strong>de</strong>ria ser evitada se mantida<br />

no espectro da organização.<br />

Sendo a informação financeira prospectiva<br />

qualquer informação financeira futura<br />

<strong>de</strong> um modo geral, esta torna-se uma ferramenta<br />

bastante útil, senão mesmo indispensável,<br />

para mitigar ou confirmar a<br />

incerteza relativa à continuida<strong>de</strong>, este é<br />

aliás o único factor que po<strong>de</strong> evitar uma<br />

reserva por incerteza.<br />

Técnicas <strong>de</strong> previsão<br />

A informação financeira prospectiva é<br />

elaborada recorrendo a técnicas <strong>de</strong> previsão,<br />

estas divi<strong>de</strong>m-se em qualitativas e<br />

quantitativas. As técnicas quantitativas requerem<br />

um elevado domínio das técnicas<br />

matemáticas, estatísticas e econométricas,<br />

e <strong>de</strong>bruçam-se essencialmente sobre a manipulação<br />

matemática <strong>dos</strong> números em si,<br />

através <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> extrapolação e técnicas<br />

<strong>de</strong> regressão, com o objectivo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lizar<br />

o mundo económico real. Estas

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