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58<br />

Gestão<br />

Gestão <strong>de</strong> risco<br />

Da abordagem tradicional<br />

à gestão <strong>de</strong> risco empresarial (ERM)<br />

Nuno Castanheira– Mestrando em Contabilida<strong>de</strong> e Auditoria na<br />

Universida<strong>de</strong> do Minho<br />

Lúcia Lima Rodrigues – Professora Associada na Universida<strong>de</strong> do<br />

Minho<br />

No contexto actual em que a mudança é uma constante,<br />

os accionistas têm vindo a reclamar maior transparência<br />

sobre os riscos que as organizações enfrentam. Há um<br />

reconhecimento crescente <strong>de</strong> que coor<strong>de</strong>nar proactivamente<br />

e <strong>de</strong> forma integrada to<strong>dos</strong> os riscos é fundamental para<br />

alcançar o sucesso (Walker et al., 2003), pelo que as<br />

abordagens tradicionais <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> risco já não são<br />

suficientes.<br />

Tradicionalmente, assiste-se a uma gestão<br />

<strong>de</strong> riscos informal e <strong>de</strong>scentralizada,<br />

on<strong>de</strong> cada área da organização gere os seus<br />

próprios riscos. A <strong>de</strong>scentralização da gestão<br />

<strong>de</strong> riscos em cada uma das unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> negócio po<strong>de</strong> ajudar a criar uma consciência<br />

<strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> riscos na organização.<br />

Contudo, a longo prazo a centralização<br />

e formalização <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />

gestão <strong>de</strong> risco facilita uma visão global<br />

<strong>dos</strong> diferentes riscos e suas inter<strong>de</strong>pendências,<br />

pelo que o caminho natural do<br />

processo <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> risco é aquele que<br />

leva a uma maior centralização da função,<br />

até chegar à gestão integrada <strong>dos</strong> riscos.<br />

Uma abordagem integrada <strong>de</strong> gestão<br />

<strong>de</strong> risco representa, <strong>de</strong> acordo com<br />

Busman & Zui<strong>de</strong>n (1998), um processo<br />

dinâmico para optimizar o nível <strong>de</strong> risco<br />

que as organizações assumem em busca<br />

<strong>dos</strong> objectivos. Mais do que se concentrar<br />

em riscos ao acaso, a abordagem integrada<br />

procura implementar processos consistentes<br />

que consi<strong>de</strong>rem to<strong>dos</strong> os eventos<br />

que po<strong>de</strong>m afectar adversamente as<br />

empresas. É neste contexto que surgiu a<br />

Gestão <strong>de</strong> Risco Empresarial (ERM –<br />

<strong>Revisores</strong> & Empresas > Julho/Setembro 2006<br />

Enterprise Risk Management) como um<br />

novo paradigma na gestão do risco do<br />

negócio.<br />

Conceito <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Risco<br />

Empresarial (ERM)<br />

No contexto actual em que a natureza<br />

<strong>dos</strong> riscos que as organizações enfrentam<br />

muda rapidamente, os méto<strong>dos</strong> utiliza<strong>dos</strong><br />

para gerir os riscos também mudam, pelo<br />

que é previsível que as empresas sigam<br />

incorporando progressivamente a gestão<br />

<strong>de</strong> riscos na sua organização até chegar a<br />

uma gestão centralizada e integral. Desta<br />

forma, muitas das maiores organizações<br />

internacionais estão a instituir uma cultura<br />

<strong>de</strong> risco para a implementação com<br />

sucesso do processo <strong>de</strong> ERM, cujo conceito<br />

passamos a abordar.<br />

De acordo com Fuente & Vega (2003),<br />

o conceito <strong>de</strong> ERM vem representar um<br />

passo mais além da centralização da função<br />

<strong>de</strong> riscos, pois aquilo que se preten<strong>de</strong><br />

é integrar a gestão especializada <strong>dos</strong> distintos<br />

riscos numa única visão que abarque<br />

todas as inter<strong>de</strong>pendências ou seja, as<br />

correlações <strong>dos</strong> diferentes riscos, com o<br />

objectivo <strong>de</strong> resumir o risco total da organização<br />

num único número e construir a<br />

partir <strong>de</strong>sse número uma única estratégia<br />

<strong>de</strong> cobertura. Para Zárate (2001), esta nova<br />

abordagem constitui uma ferramenta <strong>de</strong><br />

gestão mo<strong>de</strong>rna, fundamental para a implementação<br />

<strong>de</strong> uma cultura orientada para<br />

a criação <strong>de</strong> valor para o accionista, que<br />

dinamiza a gestão e proporciona novos elementos<br />

para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões. Apesar<br />

<strong>de</strong> existirem diferentes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ERM,<br />

muitos concordam que se trata <strong>de</strong> uma<br />

abordagem que <strong>de</strong>verá estar alinhada com<br />

a gestão estratégica da organização, sua<br />

visão, missão e objectivos, com enfoque<br />

em novas metodologias <strong>de</strong> gestão e optimização<br />

<strong>dos</strong> riscos <strong>de</strong> maior importância,<br />

opinião partilhada por Sharman (2002) e<br />

Rucker (referido por Chapman, 2001).<br />

Desta forma, ERM assume relevância<br />

no contexto do futuro das organizações, e<br />

não apenas na sua posição actual.<br />

Para Funston (2003), ERM é fundamentalmente<br />

um processo <strong>de</strong> transformação<br />

que altera a forma como as organizações<br />

gerem o risco, permitindo às organizações<br />

avaliar os riscos <strong>de</strong> forma continuada<br />

e i<strong>de</strong>ntificar as medidas a tomar e os<br />

recursos a alocar na mitigação do risco.<br />

Deloach (referido por Chapman, 2001)<br />

salienta que ERM é um processo que<br />

eleva a gestão <strong>de</strong> risco organizacional <strong>de</strong><br />

forma a tornar-se numa arma estratégica,<br />

melhorando a capacida<strong>de</strong> da organização<br />

em construir a gestão <strong>de</strong> risco. De acordo<br />

com Matyjewicz & D´Arcangelo (2004),<br />

ERM é um processo estruturado, consistente<br />

e contínuo ao longo <strong>de</strong> toda a organização<br />

para i<strong>de</strong>ntificar, avaliar e reportar<br />

internamente as oportunida<strong>de</strong>s e ameaças<br />

que afectam a concretização <strong>dos</strong> objectivos<br />

da organização.<br />

Olhando <strong>de</strong> uma forma holística para<br />

to<strong>dos</strong> os riscos que a organização enfrenta<br />

e consi<strong>de</strong>rando a forma como os mesmos<br />

afectam a concretização <strong>dos</strong> objectivos,<br />

ERM surgiu como uma metodologia<br />

que permite os melhores ganhos a baixos<br />

custos, tal como salienta Chapman<br />

(2001).<br />

A principal diferença entre o processo<br />

<strong>de</strong> ERM e as outras formas tradicionais<br />

<strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> risco é que o processo <strong>de</strong> ERM<br />

adopta uma perspectiva que coor<strong>de</strong>na a gestão<br />

<strong>de</strong> risco ao longo <strong>de</strong> toda a organização,<br />

em vez <strong>de</strong> cada área da organização gerir<br />

os seus próprios riscos (Banham, 2004).<br />

O quadro da página seguinte apresenta as<br />

principais diferenças entre o processo <strong>de</strong><br />

ERM e a abordagem tradicional <strong>de</strong> gestão<br />

<strong>de</strong> risco.

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