ONELIFE #33 – Brazilian Portuguese

N A V I G A T O R
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AVENTURA
P I O N E I R O S
DO CAIAQUE
Uma história de resistência, condições extremas e caiaquistas
místicos, pela mão do aventureiro e explorador Olly Hicks
A primeira vez que ouvi falar do mistério dos Finmen foi
quando o meu amigo e companheiro de aventuras Patrick
Winterton me indicou um livro que tinha lido, Searching for
the Finmen, de Norman Rogers. Na obra, Rogers explora a
incrível história dos caiaquistas inuítes, ou Finmen, que chegaram
às remotas ilhas escocesas por via marítima no início
do século XVIII. Até hoje, ninguém sabe exatamente de onde
aqueles bizarros visitantes vieram, mas os artefatos preservados
nos museus escoceses – incluindo equipamentos de
caça e vestígios de um antigo caiaque revestido de pele –
apontam para a possibilidade de os caiaquistas inuítes terem
vindo autonomamente pelo mar da Groenlândia, mais de
1000 milhas a nordeste.
Decidi descobrir se essa travessia era mesmo possível.
Para isso, tinha de reproduzir a viagem do litoral da Groenlândia
até o litoral norte da Escócia, acompanhado apenas pelo
meu parceiro de viagens George Bullard e por um caiaque
oceânico Inuk Duo 6.8 m ligeiramente modificado. Uma viagem
que ninguém tinha concluído na era moderna. Apesar disso,
eu queria esclarecer esse pequeno mistério pouco conhecido
– e provar a mim mesmo e ao mundo que era possível.
Quando começamos a planejar a viagem, ficou claro que
iríamos enfrentar um desafio realmente épico. As águas do
Ártico são sabidamente traiçoeiras e teríamos que percorrer
mais de 1200 milhas, por vezes isolados em altomar sem comunicação
e com provisões limitadas. Teríamos que remar
durante a noite, descansando apenas cinco minutos por hora.
O caiaque Inuk seria a nossa casa. E teríamos de enfrentar a
“Pista de Dança do Diabo”, como é conhecida a temida
travessia, de 280 mihas em mar aberto, entre a Islândia e as
ilhas Faroés, reconhecida por sua imprevisibilidade e pelas
condições inóspitas. Comecei a praticar caiaque quando tinha
sete anos e sempre me senti em casa no mar, mesmo em
Acima e à direita: George
Bullard e Olly Hicks. É preciso
ter uma determinação
especial para ser um Finman
dos dias de hoje
FOTOS: EMMA HALL
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