contos lauro ferrao

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Meu coração ficou na curva do Rio Paranaíba
a execução, no entanto duas vítimas o reconheceram em
seus depoimentos, o que determinou a implacável condenação.
Enquanto esteve atrás das grades lutando contra a pena
máxima, ele estudou e escreveu muito, aumentando ainda
mais a admiração de uma legião de pessoas pelo mundo
afora. A obra biográfica “2455 – Cela da Morte” foi o livro
mais lido na década de 1960, vieram depois os livros: “A Lei
Quer Que Eu Morra”, “A Face Cruel da Justiça” e “O Garoto
Era Um Assassino”.
Foram realizados dez apelos e várias petições encaminhadas
à Suprema Corte dos EUA, conseguindo adiar sete
vezes a data marcada para a sua execução. A luta inglória,
que durara 11 anos e 10 meses, chegou ao fim.
A imprensa dava detalhes de como seria a execução, a
raspagem da cabeça, a última refeição, a confissão com um
pastor ou padre, o caminho para a câmara de gás, a forma
de imobilização em uma cadeira com cintos, a leitura da
sentença, o fechamento da câmara, a cortina aberta para
que as testemunhas assistissem à execução e o carrasco
acionando uma pequena alavanca que liberaria uma
cápsula de cianeto de hidrogênio que misturada em um
recipiente de água, logo abaixo da cadeira, exalaria o gás
mortal.
Ficamos ali atentos esperando qualquer desfecho.
Poderia ser que, a qualquer momento, chegasse uma carta
de clemência do governador da Califórnia, Par Brown,
suspendendo a execução ou apenas a narrativa do locutor
confirmando a morte de Caryl Chessman.
Foi chocante, quando às 10 horas, horário da
Califórnia, o locutor narrou: “Caryl Whittier Chessman está
morto!”
Questionamos a lei dos homens, imaginamos a vida
ordenada à margem da lei de Deus e ficamos confusos.
Naquele momento, acabava-se a esperança de manter
uma vida, mas continuava, ainda, a dúvida, Caryl seria
culpado ou inocente?